XXIX

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Draco estava atento aos sons ao redor e Madroc só tentava identificar qual era o som que estava deixando ele instável. As histórias tinham se invertido e agora era Draco que parecia estar sempre mais nervoso. Os sons ao redor eram bem claros para Madroc e ele sabia que era uma garota que estava deixando Draco tenso. Só não sabia dizer se era raiva ou atração, mas definitivamente era algo.

Ajudou Draco com os pássaros e Aisha ajudou eles a carregarem para perto do fogo. Agna estava analisando Vivi e fazia isso todos os dias desde que ela chegou. Seus ferimentos já estavam melhores e ela tinha apenas cicatrizes espalhadas pelo corpo. Aos olhos dele ela parecia um esquecido só que mais fraco. Vivi não gostava que outras pessoas além de Aisha, Hellen e Agna a tocassem e ele compreendia o porquê. Não era o mesmo motivo que ele tinha para detestar toques. Ele sabia que ela tinha motivos profundos e sombrios.

- Vou levar Aisha ao lago. Pode fazer o almoço? - não era bem uma pergunta que ele queria fazer, mas prefiriu pedir a ordenar. Agna somente assentiu. Aisha estava sentada ao lado de Leandro e conversavam distraidamente e ele detestava a proximidade dos dois. Fez o favor de se abaixar na frente dela e olhar para o lado com o olhar mais mortífero possível. Leandro não parecia querer confusão.

- Não gosto quando faz isso com os outros... - a voz de Aisha era repreensiva. Se tinha uma coisa que ela não conseguiria era mudar seu temperamento, mas deixaria que ela descobrisse por si mesma. Encarou Aisha tentando controlar a vontade de mostrar a Leandro um pouco de sua raiva.

- E eu não gosto dele. - a frase saiu mais alta do que queria. Aisha engoliu seco. Ela não podia negar que ele tinha um temperamento descontrolado e imprevisível. Algumas vezes era difícil manter um pouco da sanidade perto dele e ela nem estava falando de controle sexual e sim emocional. Ele parecia não ter muito controle sobre o dele e isso fazia ela querer sair do controle dela.

- Não grite comigo! - exclamou com autoridade. Ele não devia fazer isso nunca e se achava que ela ia permitir que ele a dominasse do jeito que ele achava que podia estava enganado. Ela podia não ser como as mulheres criadas ali do lado de fora, mas tinha tanta personalidade quanto elas. O que faltava de força ela compensava de coragem e força de vontade. Madroc fechou os olhos e apertou o maxilar. Se ele ia tratá-la mal era melhor sair dali, mas ele não fez. Ela queria ordenar que fosse esfriar a cabeça em outro lugar, mas também não pediria isso. Ele tinha conciencia que não podia tocar em Leandro e nem resolver as coisas como resolvia com Draco e Leo. Era cometer homicídio. Ele estava de pé no segundo seguinte que abriu os olhos e ela estava sendo puxada em direção às escadas sem nem se dar conta da situação. Sentiu um solavanco no outro braço e a dor que veio em seguida por ser usada como cabo de guerra não era pouca. Leandro estava agarrado a sua mão e segurava ela.

- Solte ela. Ninguém sai puxando ela dessa forma depois de gritar com ela. - Leandro sabia que nada bom poderia vir de sua atitude impulsiva, mas não ia permitir que Madroc fosse um neanderthal com Aisha. Por outro lado, Madroc não podia acreditar no que seus ouvidos escutavam. Ele parou de puxá-la e soltou seu braço com cuidado para não descontar sua raiva nela. A raiva nunca seria direcionada a ela e se algum dia ele a tratasse do jeito que Leandro estava insinuando ele seria lixado por seus amigos. Uma coisa que não podia existir ali era desrespeito. Assim que soltou Aisha se arrependeu. Leandro a puxou para perto dele com tanta força que ela se desequilibrou e ele a abraçou para que não caísse. Algo dentro dele estava queimando naquele momento e ver aquele fracote com Aisha nos braços era inadmissível. Ele não permitia que Draco sequer aproximasse o rosto perto demais de Aisha então não ia permitir que a pele de sua mulher fosse tocada assim com tanta liberdade. Aisha sabia que as coisas estavam ficando tensas no momento que sentiu os braços de Leandro ao seu redor. Ela estava agradecida por ele não permitir que ela caísse, mas sabia que Madroc perderia a paciência. Já tinha discutido com ele várias vezes por suas atitudes possessivas, mas de alguma forma ela via a irracionalidade de seus atos quando ele estava cego e agindo como se ela fosse exclusivamente dele. Ela era, mas abraços não eram proibidos e ela abraçava todos sem ter alguma preocupação adicional. Ele por outro lado não parecia gostar de ser tocado por ninguém. Já tinha visto ele se esquivar dos toques de várias pessoas e as vezes agarrar o braço de alguém para tirar de cima dele.

Madroc - Série Esquecidos - Onde histórias criam vida. Descubra agora