Madroc - Série Esquecidos -

XX

Ele sabia que o cheiro dele estava nela e isso o deixava um pouco mais tranquilo. Queria dizer a Leo que era grato por deixá-la dormir com ele. "A quem estou tentando enganar?" Dormir nem sequer passou pela cabeça dele, mas prefiria fingir que sim, aliás tinha tentado. Pouco. Quase nada, mas valia como tentativa. Leo não suportaria ficar longe de Agna. Ele tinha certeza e isso só garantiram uma diminuição na bronca que levaria no dia seguinte. Um homem crescido levando brinca do melhor amigo por ceder aos encantos de uma mulher. Realmente ele tinha mudado.

- Vou passar uma solução desinfectante e vou fazer um novo curativo ai. - Agna parecia brava, mas ele sabia que podia contar com ela. Se sentou com cuidado e ela começou a limpar o local e conferir se não estava aberto demais. Enquanto Agna especionava o ferimento ele olhava fixamente para Aisha. Caramba. Ele estava realmente rendido a ela e por uma sorte absurda ela ainda não tinha notado. Ele praticamente tinha implorado para ela ficar com ele e sequer tinha sido notado enquanto pedia. Ela era péssima em perceber algumas coisas. Estava inocentemente sentada ao lado dele encolhida e ele sabia que ela devia estar morrendo de frio. Ela bocejou pela quarta vez, pelo menos era até onde ele tinha notado.

- Assim que ela terminar a nós subimos e você descansa. - disse em voz baixa. Ela assentiu e passou as mãos em torno do braço dele como se quisesse se fundir a ele. Ela estava descobrindo uma parte extremamente dependente e carente que não sabia que existia até aquele momento. Assim que Agna terminou de assegurar que o ferimento estava bem ele se levantou e ela o seguiu. Subiram e ele parecia cansado. Ela estava mais e se perguntava como conseguia parar em pé. Seu corpo ainda tremia um pouco e suas pernas estavam meio sem controle e ela tinha que se vigiar a cada passo que dava para não cair como um saco de batatas. Ele se deitou primeiro e ela se deitou em seguida colocando a cabeça sobre seu peitoral.

-Queria morar nesses braços... - disse enquanto aproveitava a presença dele.

- Basta querer e eles são seus. - a voz de Madroc era tão grave e sedutora. Ela podia passar a noite inteira escutando ele falar que não se importaria em morrer de exaustão e sono. Ele adormeceu logo e em seguida ela já estava pegando no sono.

O sono estava maravilhoso até ser interrompido.

- Madroc! - a voz de Leo soava bem mais desagradável naquela manhã. Ele poderia fingir estar dormindo e ignorar o amigo, mas isso acordaria Aisha. Tinha certeza que Leo faria ele acordar naquele momento nem que fosse jogando um balde de água fria em seu rosto. Abriu os olhos a contra gosto.

- Deixe-me dormir um pouco mais... Preciso de descanso lembra? - a cara de Leo era a pior possível naquele momento e definitivamente não tinha escolhido as palavras certas.

- Descansar! - ele gritou tão alto que Aisha pulou de susto e acordou ofegante. "Infeliz" ele tinha acordado Aisha dawuela forma rude e ele queria quebrar a cara de Leo.

- Fale baixo Porra! - aproveitou que Aisha tinha acordado e esbravejava sua raiva. Leo parecia querer voar em seu pescoço.

- Não sabe a vontade que estou de te deixar impossibilitado de levantar ou transar ou fazer qualquer movimento. - Aisha sentou-se assustada e ele queria realmente bater em Leo. O rosto de Aisha estava em expressões amedrontadas e ela parecia querer sumir. Leo apontou para ela.

- Agradeça a minha cabeça inocente que esqueceu de te avisar que era para evitar tocar ele. - Aisha parecia perdida. Leo estava bravo com ela? Ela sabia que não deveria, mas ele que tinha sido desobediente.

- Desculpe... - pediu com a voz sonolenta e culpada. Ela sempre cometia algum deslize quando se tratava de Madroc. Realmente sua vida se resumia em pedir desculpas. Madroc estava irado por ver Leo tratando Aisha daquela forma. Levantou-se tão depressa que ignorou qualquer cuidado que deveria ter com o ferimento. Em cerca de segundos estava com um joelho curvado e as mãos abertas ao lado pronto para pular em Leo. A raiva que seu olhar expressava deveria ser o suficiente para mostrar que ele havia passado dos limites.