XXXI

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Abriu os olhos vendo o chão e pernas desconhecidas. "Onde estou?" não sabia em que momento tinha desmaiado, mas sabia que tinha ficado inconsciente. Sentía uma dor constante no pé, mas era suportável ainda. Não estava mais com o arco e flecha. Os passos do homem eram rápidos e ela ouvia barulhos de diversos tambores a cerca distância. Queria estar sonhando, mas lembrou da dor que sentiu quando o homem tirou seu pé do lugar. Ele havia segurado sua cabeça em seguida e arremessado contra o chão.

Começou a pensar em uma maneira de se livrar das mãos dele. Se ela fosse levada até onde os tambores faziam barulho seria terrível. Algo bom não sairia daquela experiência traumática. Não via como escapar do homem, pois seu pé estava doendo e se estava fora do lugar bastaria ela pisar no chão para a dor se intensificar. Assim que estavam mais próximos do barulho de tambor pôde ouvir pessoas cantando e gritando. A cada passo do homem sentia que ia morrer. Morrer de tanto medo.

Se perguntava se aquele homem falava a língua dela como os esquecidos, mas não ia perguntar isso. Preferia fingir estar desmaiada.

Momentos depois estava vendo vários pés ao seu redor. Eles falavam a língua dela e teve a certeza quando o homem parou de caminhar.

- Quem é essa? - uma voz masculina soou.

- Do mesmo grupo das mulheres que capturamos primeiro. - ela pensou em demostrar que estava acordada, mas prefiriu fingir que estava desmaiada. Queria saber se elas estavam vivas.

- Leve ela junto com as outras. - minutos depois não teve como fingir que estava desmaiada mais. O homem lançou Aisha no chão e ela acabou reprimindo um grito com um gemido alto de dor. Olhou para o homem expressando todo o ódio que podia.

- Achei que estava morta... Não despertava. - a voz do homem era nojenta. Aisha olhou para o lado e viu que Helena e Flora estavam ali desacordada e extremamente feridas. A raiva direcionada aquele homem só aumentou. Voltou a olhar para ele e cuspiu aos pés dele. Olhou para a cara suja e pintada do indivíduo e viu uma dissimulação e loucura indescritível ali. - Você vai pagar por isso mais tarde. - a afirmação dele foi cercada de uma maldade que ela não entendia. Ele se virou e saiu. O lugar era literalmente uma gaiola. Ela estava presa junto com Flora e Helena. Suspirou tentando ignorar a dor e tentou engatinhar até elas sem tocar o pé no chão. Doía só de pensar. Assim que estava bem perto delas tocou o braço de Helena.

- Ei... - Balançou Helena e nada. Será que ela estava morta?! Sua visão ficou turva ao imaginar tal coisa. - Helena... - chamou sem muita alegria. Ver elas naquela situação definitivamente não era bom. Tocou o braço de Flora e nada. Estava começando a se desesperar. - Flora! - dessa vez chamou alto o suficiente para que ela não ignorasse seu chamado desesperado. Flora abriu os olhos lentamente e se sentiu no chão com dificuldade. Ela parecia horrorizada em ver Aisha.

- Por que está aqui? - a voz trêmula expressava toda a angústia que lhe cercou.

- Fui raptada. - respondeu se sentindo aliviada por ver que não estava morta. Flora a puxou para um abraço e começou a soluçar sem parar.

- Estou feliz em ver alguém além de Helena... - disse entre lágrimas - mas sinto tanto por saber que está aqui... - ela parecia saber exatamente como Flora se sentia. As condições que estava vendo não precisavam ser sentidas para ter um sentido doloroso.

- Eu sinto muito não vir antes... - Aisha não podia imaginar o terror que estavam passando apesar de saber a dimensão da dor que havia ali. Aos poucos Helena foi abrindo os olhos e a pessoa que viu ali dentro com ela fez ela desejar estar sonhando. Se fosse um sonho ela saberia que Aisha não seria ferida, mas era muito real para ser apenas um sonho. - Estava treinando para buscar vocês, mas agora vejo que foi inútil. - Flora franziu o cenho abismada. Estava treinando?! Como ela sabia que elas estavam ali?

Madroc - Série Esquecidos - Onde histórias criam vida. Descubra agora