17. Voodoo Doll

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- Que porra é essa? - Perguntei para Leo, indo até Michael ajudá-lo a levantar.

- É com ele que você está saindo, né? Está pela internet inteira - Leo me olhava com raiva.

Esqueci que ele vive de internet. Literalmente.

- Leo. Não é da sua conta. O que você tá fazendo aqui, caralho?

- Vim pegar o que é meu! - Ele veio na minha direção.

Michael se levantou rapidamente e se colocou entre eu e Leo, o encarando. Eles tinham praticamente a mesma altura, talvez Michael fosse um pouco mais alto. E um pouco mais forte também, tendo em vista que Leo é magrela. Vi ele colocar um dedo no peito de Leo e falar com a voz firme:

- Escuta aqui. Olivia não é nada sua. Você é um imbecil irresponsável. É melhor você cair fora daqui antes que eu quebre a sua cara.

Meu Deus. O que está acontecendo.

Michael não bateria no meu ex.

Pelo amor de Deus.

Eu espero que não.

- Você não vai roubar a Olivia de mim desse jeito - Leo respondeu, dando um passo à frente.

- Você que me deu um pé na bunda, Leo! Em janeiro! Estamos em agosto, pelo amor de Deus! Vai embora logo, não sei o que você está fazendo aqui - falei, tentando me colocar entre eles.

- A Olivia não é uma propriedade sua pra eu roubar ela de você. Você é um babaca - Michael falou, me afastando com o braço.

- E você é um merda! Eu duvido você ter coragem de bater em mim. Fica fazendo gracinha num palco pra um bando de adolescente, cantando musiquinha ruim e se acha foda. Eu teria vergonha de ser você - Leo falou entredentes.

Eu estava prestes a intervir novamente, mas Michael acertou um soco no nariz de Leo com tanta força que eu ouvi o barulho da cartilagem se quebrar. Arfei e levei as mãos à boca. Não sabia se ficava parada ou se ajudava Leo, ou se ajudava Michael, ou se chamava o segurança. Leo se levantou com o nariz sangrando e tentou acertar um soco na boca do estômago de Michael, que conseguiu se esquivar. Ele pegou uma bola de sinuca da mesa e acertou o rosto de Leo com ela. Meu ex chutou a perna de Michael e ele revidou dando outro soco. Leo correu para a parede de tacos e quebrou um deles nas costas de Michael. Ele fez uma expressão de dor e senti minhas pernas ficarem fracas. Vi as pessoas formarem uma roda ao redor dos dois e eu gritei desesperadamente pra eles pararem de se matar na minha frente.

Não é possível que eu atraia tanta desgraça em dois dias.

O bar era tão escuro que não dava pra ver direito o que estava acontecendo entre eles. Tinha poucos relances de clareza apenas quando eles se aproximavam da mesa de sinuca. O rosto de Leo estava completamente vermelho por causa do sangue do nariz, e um dos socos dele havia acertado o supercilio direito de Michael, que tinha um filete de sangue escorrendo do corte. Ele estava exalando todo o ódio humanamente possível. Quando Leo caiu no chão arfando de dor, Michael acertou mais dois chutes nele, me pegou pela mão e rumou à saída do bar. Largou duas notas de cem dólares no caixa e saiu porta afora, me puxando. Me levou em direção ao carro.

- Entra. - Ele falou, irritado.

Não protestei. Entrei pela porta do carona e fiquei em silêncio. Senti lágrimas escorrendo de meus olhos e mordi meu lábio inferior. Não sabia se chorava porque estava nervosa com a situação, se estava triste por Leo ou mal por Michael. Eu me importava demais com Leo pra simplesmente fingir que nada havia acontecido, mas Michael agiu querendo me defender. Ninguém nunca fez isso por mim antes. Olhei para ele e para o corte no seu rosto. Ele deu um soco no volante.

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