13. Hey Everybody!

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Não me manifestei.

Só queria sair correndo pra chegar logo no carro de Ashton.

- Olivia, você vai aceitar a proposta do ICP de New York para ter uma parede de exposição permanente lá? Vai levar seu projeto sobre depressão? - Perguntou outro fotógrafo.

- Hã, eu ainda não sei, quer dizer, como vocês sabem disso? - Falei incrédula, olhando ao redor.

- Nós temos a mesma profissão, não é mesmo? - Um deles falou.

Fiquei possessa. Queria berrar na cara dele que eu não ganhava dinheiro invadindo a privacidade alheia, mas já havíamos chegado no carro de Ashton. Destranquei ele e Mikey me ajudou a entrar. Esperei por ele entrar em seu próprio carro e sair na frente para segui-lo. Uma horda de fotógrafos se atirou por cima do carro dele para conseguir mais fotos.

Bom, pelo menos Michael contou a todos que eu não estou grávida. Grávida do espírito santo, só se fosse. Eles não fazem ideia de que Lauren está lá, então é só avisar a Luke para ter cuidado. Meu Deus, logo hoje o Johnny Depp resolveu ter uma overdose também? Não podia esperar pra amanhã?

Quer dizer, não podia parar de usar drogas? Se isso não tivesse acontecido, não haveriam fotos minhas com Michael dois dias seguidos. Quer dizer, eu estou horrível. Me olhei no retrovisor do carro e apoiei a testa no volante. Não quero acreditar que vou aparecer no Just Jared Jr. com o cabelo desse jeito. E de chinelo. Meu Deus.

Eu imaginei que, caso um dia paparazzi me perseguissem na rua, eu seria um ícone de estilo.

No momento eu era um ícone do aterro sanitário, no máximo.

Michael saiu do estacionamento e eu o segui. O sangue no carro de Ashton estava seco e eu realmente esperava que eles dessem um jeito nisso. O lava à jato não era muito longe da minha casa, e mais tarde vim a descobrir que também não era longe da casa de Ashton. Expliquei para os funcionários que eu havia pego o carro dele emprestado e toda a ladainha de ter machucado meus joelhos, e eles falaram que conseguiriam limpar. Michael já havia avisado Ashton para buscar o carro lá, e eu soube que Luke havia contado a ele e Calum sobre tudo que tinha rolado. Os dois quiseram visitar Lauren, mas acharam melhor vê-la quando já estivesse em casa.

Entrei na Range Rover de Michael e ele respirou fundo.

- Acho que finalmente você pode respirar aliviada.

- É. Na verdade, só vou estar bem quando ela estiver em casa. Aliás, preciso arrumar aquela bagunça.

- Posso ajudar você.

- Não, tudo bem. Preciso ficar um pouco sozinha. E ligar para minha irmã. Vamos sair hoje mesmo?

- Claro que vamos. Passo para pegar você às oito. Mas tem certeza de que não quer minha ajuda? - ele tamborilava os dedos no volante.

- Tenho. Certo. Oito horas - olhei no meu celular para ver que horas eram. Duas horas.

- Não está tão ruim assim, está? Digo, o quintal.

- Está bem pior do que você imagina. Depois mostro uma foto. Você mora sozinho?

- Não, no momento eu estou morando com Luke e Ashton. Eu morava com a minha ex, quando terminamos fui morar com eles. Calum mora com a irmã, mas está considerando a hipótese de morar conosco, ou de eu e ele dividirmos uma casa, já que Luke e Ashton compraram a casa primeiro. Mas ela é grande, teria lugar pra todo mundo caso Calum resolvesse se juntar a nós. Às vezes fico meio louco da cabeça com eles, mas nada grave. Desde que eu consiga streamar e jogar meus jogos em paz, tá valendo.

- Morei sozinha por um ano e não consegui me acostumar. Ficava o tempo todo sentada, não tinha disposição para fotografar, me sentia mal. Aí Lauren me perguntou se eu não queria comprar uma casa junto com ela, já que ela também não gostava de morar sozinha - falei.

- Que história é essa do ICP que o cara falou?

- Ah. ICP é o International Center of Photography, é o maior museu de fotografia do mundo. Eles querem que eu tenha uma exposição permanente lá. Posso trocar o projeto de tempos em tempos, eles me deixaram livre para escolher. Estou pensando à respeito.

- Como assim, pensando? Por que você não aceitou na hora? - Michael perguntou incrédulo.

- Porque eu tenho medo de não conseguir fazer projetos à altura do meu projeto sobre a depressão, Mikey. Um projeto inferior à esse não seria digno do ICP - falei com toda a sinceridade.

- Certo, mas você vai conseguir. Você é incrível. Eu pesquisei seu nome no Google enquanto esperava por você no hospital, e seu trabalho é o mais tocante que eu já vi. Por isso Andy enalteceu tanto você ontem. Eu me vi em cada foto que você fez para sua série sobre a depressão. Amei o projeto dos cães. O de Coney Island. O do Rio de Janeiro.

- Eu queria muito fazer um projeto sobre o dia-a-dia do vício em heroína. Mas não tenho coragem - fitei minhas mãos, que seguravam meu celular com força.

Michael parou o carro na frente da minha casa.

- Você vai fazer. Eu confio em você e estou aqui para dar todo o apoio. Será incrível.

Sorri em agradecimento. Ele me deu um selinho e nos despedimos.

Ao entrar em casa, senti um cheiro horrível de cocô.

Bacon havia feito cocô no meio da sala.

Como se já não bastasse a bosta gigante que havia virado meu quintal.

Respirei fundo quando passei por ele, que estava sentado ao lado do sofá e me olhava de esguelho. Ele sabia que havia feito coisa errada, mas estava se fazendo de louco.

Meu cachorro é dissimulado.

Peguei papel e limpei o cocô do chão. Rumei até o quintal e me deparei com mais esquilos. Aparentemente eles estavam comendo os restos de pizza. Eu sinceramente não sabia por onde começar a arrumar aquela desgraça.

Quando estava prestes à ligar para minha irmã para ela me fazer companhia via ligação, a campainha tocou.

Certo, aparentemente o universo não quer que eu arrume esse quintal.

Fui atender a porta e dei de cara com Calum.

- Oi. Vim buscar meu carro. Me perguntei se você estava em casa, e resolvi checar.

- Oi Cal. Bom, estou em casa - sorri sem graça.

- Certo. Acho que deixamos as coisas um pouco bagunçadas ontem. Quer minha ajuda para arrumar?

Estava prestes à recusar quando parei pra pensar no estado que o quintal estava. Um pouco de ajuda não faria mal, no fim das contas. E eu ainda poderia fazer algumas perguntas à ele. Saí do caminho da porta para dar passagem e rumamos até os fundos.

- Minha nossa senhora - ele disse.

Cruzei os braços e assenti.

- Pois é. Não sei como isso aconteceu. Nem sei por onde começar - respondi.

Vi ele sacar o celular.

- Esse é o resultado de uma festa com a 5 Seconds of Summer - ele dizia enquanto filmava meu quintal. - Aquilo ali são esquilos?

- São.

- Eles estão comendo pizza.

- Eu sei.

- Talvez devêssemos começar tirando os restos de pizza - ele disse, guardando o celular no bolso.

- Certo. Talvez devêssemos tirar o guarda-sol de dentro da piscina.

- Pode ser uma boa.

- Ou recolhendo as garrafas - sugeri.

- Vamos começar pela pizza.

- Vamos - concordei.


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