20. Long Way Home

138 15 1
                                    

Rapidamente Michael saiu do caminho entre eu e Lars, mas eu só enxergava a silhueta do pai de Lauren.

- Digamos que as coisas saíram um pouquinho do controle, mas a massa já está descansando na geladeira - respondi, movimentando os braços para diminuir a névoa.

- Vocês estavam brincando de guerra de farinha? - Lars olhava ao redor.

- Talvez - Michael respondeu, sorrindo de canto.

- Minha nossa. Bom, eu queria trocar umas palavras com você, Olivia - Lars deu uma olhada de relance para Michael.

- Mikey, pode ficar um pouco com Luke e Lauren? Eu vou conversar com Lars e quando terminarmos você volta aqui para fazermos o molho e montarmos a lasanha.

Michael assentiu e saiu da cozinha. Agora eu podia ver o estrago que havíamos feito e quase ri de nervoso. Tinha farinha para todos os lados, no chão, na bancada, no fogão, na mesa, nas minhas roupas, no meu cabelo. Se eu já não fosse da cor da farinha, eu estaria ainda mais branca. Quer dizer, acho que eu estava. Ofereci para Lars se sentar na cadeira e ele negou educadamente.

Michael teria que passar aspirador em tudo antes de continuarmos com nossa receita.

E chega de guerrinha de comida. Só de travesseiros.

Enquanto Lars falava, fui batendo minhas roupas para tirar a farinha delas.

- Bom, eu estou realmente muito preocupado com Lauren. Sinto que minha ausência que fez com que ela entrasse para esse mundo terrível - ele falava.

- Lars, você é uma pessoa ocupada. Mesmo ausente, é mais presente do que meu pai.

- Mas você e sua mãe são grudadas. Lauren não tem mãe - ele argumentou.

- Certo, pode ser. Mas acho que isso não tem muito a ver. Acredito que tenha sido um momento de fraqueza de Lauren onde ela não estava acompanhada de mim nem de Luke e que uma péssima influência a convenceu de fazer algo que nem ela queria fazer direito.

- Luke é um bom garoto. Eu fico realmente feliz que ela esteja tão apaixonada e disposta a ficar com ele. É o primeiro namorado de Lauren que eu realmente gosto. Aquele Jesse era estranho.

- Coitado do Jesse. Desde quando conheci Lauren eu vi ele algumas vezes, em todas ele falou comigo para convencer Lauren de voltar com ele. Ele é legal - falei, enquanto jogava farinha da cadeira no chão para poder me sentar.

- Bom, mas o ponto é que Luke Hemmings me parece o rapaz ideal para Lauren. Não deixe eles terminarem. E o fato de você estar com o amigo dele só ajuda.

- Lars, eu não mando na vida da Lauren, muito menos na do Luke. Eu vou torcer pra que eles tenham um relacionamento incrível, mas não posso obrigar eles a fazer nada - cruzei os braços.

- Mas você é a melhor amiga dela.

- Eu sei que eu sou. Mas eles são adultos. Eles vão saber o que é melhor um para o outro. Mas não estou entendendo exatamente o ponto da conversa - falei.

- Estou pensando em trazer Lauren para morar comigo novamente. Sei que vocês compraram a casa juntas, e eu gostaria de dá-la de presente à você a parte de Lauren por ter salvo minha filha da morte.

Não reagi. Apenas senti um nó na garganta. Lars continuou:

- Seria bom pra ela ter a minha companhia. Não fico muito em casa, mas o pouco que eu fico, estaria com ela. A minha casa é bem grande e ela poderia receber quem quisesse, quando quisesse. Isso nunca atrapalharia o namoro dela, nem as amizades, nem o trabalho. Se bem que ela trabalha muito mais com o Instagram do que com a arquitetura.

- Não sei se Lauren vai querer voltar a morar com você, Lars. Ela tem 25 anos.

- Talvez não queira. Talvez queira passar apenas um tempo comigo. Mas caso ela aceite voltar para casa, gostaria que aceitasse ficar com a parte dela dessa casa aqui. A menos que você não tenha planos de ficar aqui, claro. Agora que está namorando, talvez pense em morar com ele.

- Eu não estou namorando Michael - apoiei os cotovelos na mesa e baixei a cabeça nas mãos. - Vou me sentir mal de aceitar ficar com a casa sem pagar a parte de Lauren. Quer dizer, caso ela aceite, vai ser muito estranho viver aqui sem ela.

- Eu vou falar com ela hoje. Só queria que você fosse avisada antes, por tudo que já fez por ela. E não fique brava comigo, por favor. Apenas acho que ela está precisando de mais contato familiar.

- Eu entendo o que você quer fazer por ela - respondi. - Não vou ficar brava com você, Lars. Apenas não sei ainda como lidar com isso caso ela vá, porque os dois últimos anos com ela aqui foram maravilhosos.

- Não é como se a amizade de vocês fosse acabar, você poderia ir sempre lá em casa, ela poderia vir pra cá visitar você e seu cachorro. Até porque minha casa é aqui perto.

- Certo. Mas estamos falando como se ela já tivesse aceitado - falei.

- Eu já ofereci pra ela voltar enquanto ela estava no hospital. Ela está considerando a possibilidade. Mais tarde eu vou falar com ela apenas para confirmar se ela vai ou fica.

Fitei o chão e respirei fundo. Sabia que isso seria bom para Lauren. E eu só queria o bem dela. A parte de ter a outra metade da casa pra mim ou não, pouco importava. Me levantei e fui até Lars. O abracei forte, como abraço meu pai quando o vejo. Ele se hesitou, mas logo retribuiu o abraço e me deu um beijo no topo da cabeça.

- Você é uma grande garota, Olivia. Lauren tem sorte de ter encontrado uma amiga assim. Queria ter tido a mesma sorte na minha juventude - ele sorriu, me olhando nos olhos com sinceridade. - Bom, vou voltar lá para fora. E vou chamar seu não-namorado de volta. Ele tem cara de ser meio fora da casinha.

- Lars! - Falei, batendo no braço dele com o pano de prato.

O pai de Lauren riu, e foi até o quintal. Pouco tempo depois, Michael apareceu já limpo da nossa brincadeira.

- Wow. Talvez a farinha não tenha sido uma boa ideia - riu.

- Eu sei. Foi uma péssima ideia. Pega o aspirador enquanto eu pico as coisas pro molho - dei um selinho nele.

Michael demorou quase 20 minutos pra aspirar toda a farinha da cozinha. Nesse tempo eu consegui picar todos os condimentos e separar a carne pra fazer o molho da lasanha. Comecei a preparar numa panela, até que Michael me abraçou por trás e me beijou no pescoço. Quis saber o que eu havia conversado com Lars, caso eu pudesse contar.

- Lauren provavelmente vai voltar a morar com ele pra ter um maior apoio familiar - respondi.

- Mas essa casa não é de vocês duas?

- É. Mas Lauren é podre de rica, Michael. Não é como se fizesse muita diferença. O pai dela queria passar pra mim a parte dela, inclusive. Ele mora numa mansão perto daqui.

- Podemos dar festas maneiras lá - ele riu, mas logo ficou sério. - Você vai ficar sozinha aqui?

- É. Se ela for mesmo, eu vou. Talvez eu procure alguém pra ficar no outro quarto, ou curta minha solidão de uma forma diferente da outra vez que eu morei sozinha e odiei.

- Bom, eu posso fazer companhia pra você quando quiser - ele falou, encostando a bochecha no alto da minha cabeça.

- Em uma semana você vai encher o saco de olhar pra minha cara desse jeito, Michael - falei, mexendo a carne na panela.

- Jamais. Você é interessante demais para eu cansar de você.

Me virei pra ele e sorri. Não lembro qual foi a última vez que alguém havia me chamado de interessante, mas esse é o melhor elogio do mundo. Pedi pra ele pegar a massa na geladeira e começar a esticar na mesa enquanto eu terminava o molho. 


------

Próximo cap vai rolar uma virada de mesa heheheh. Leiam minha outra fanfic, Bad Blood <3

ChuveiroOnde histórias criam vida. Descubra agora