⫷ OLIVIA ⫸
Eu havia esperado por horas. Depois de muito debater, convenci Joey a me deixar dormir no chão, sem amarrar minhas mãos. Prometi, pelo bem de Michael, que eu não faria nada. Até porque ele estava deitado por cima da arma e das chaves. Não tinha nada que eu pudesse exatamente fazer.
Ele finalmente adormecera. A noite já estava quase caindo novamente, e eu estava enlouquecendo. Se passasse mais algumas horas ali, era capaz de pegar a arma dele e me matar mesmo.
Me coloquei em pé. Eu precisava dar um jeito de sair dali. Antes que escurecesse completamente, porque eu não tinha como me jogar nessa estrada que eu não conheço direito à noite. Andei de um lado a outro do cômodo. A faca vagabunda que eu usei pra cortar o pão nem serra tinha, parecia mais uma talher de patê. Eu poderia tentar pegar um pé da mesa de centro e bater na cabeça dele com isso. E rezar pra dar certo e ele desacordar de primeira.
E se eu não conseguisse? Ele atiraria em mim.
Eu poderia pegar a televisão e jogar na cabeça dele. Essa ideia me parecia mais interessante. E mais passível de funcionar. Corri para o aparelho de tubo e o desliguei da tomada. Quando fui erguê-lo, ouvi um tilintar. Gelei.
Me virei.
Ele havia se mexido no sofá. Ainda estava deitado em cima da arma, mas a chave do quarto havia caído no chão.
Olhei para cima e agradeci à Deus mentalmente.
Andei devagar, sem fazer barulho, em direção à chave. Me abaixei e a peguei. Rumei para a porta. Antes de colocá-la na fechadura, hesitei.
Não seria melhor desacordá-lo de qualquer jeito?
Mas e se eu matasse ele?
Vou fazer o menor barulho possível. Vou conseguir fugir.
Coloquei a chave no trinco e girei ela lentamente. Estava trancada com duas voltas e consegui destrancar sem fazer barulho, apoiando meu corpo contra a porta para tirar qualquer pressão que ela pudesse ter pego. Girei a maçaneta e me esgueirei para fora do cômodo.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Emoção por finalmente estar me vendo livre daquele homem e daquele lugar.
Corri silenciosamente pelo longo corredor até encontrar uma escadaria. Ela era de cimento cru e não tinha corrimão. Desci um lance.
Dois.
Três.
Ouvi um barulho de sirene.
Puta merda.
Acelerei o passo para descer mais rápido, quando escutei um disparo.
- OLIVIA!
Ouvi Joey gritar, com a voz claramente mais próxima de mim do que eu imaginava.
Eu não tinha como continuar descendo, ou ele atiraria em mim. Virei no terceiro andar e procurei qualquer canto para poder me esconder. Entrei numa sala cheia de restos de embalagens.
Ele não sabia que eu estava no terceiro andar. Provavelmente pensou que eu estava um andar acima - no quarto. Ouvi vozes vindas do primeiro andar ecoando pelo prédio. Provavelmente era a polícia e eles haviam encontrado o prédio. Bastava eu ficar quieta e eles me encontrariam ali.
Mas e se eles desistissem de me procurar por eu não dar nenhum sinal de vida?
Me desesperei ao pensar nessa hipótese. Prendi a respiração e saí da sala em que eu estava. Dando passo ante passo, voltei para a escada. Quando estava quase no segundo andar, ouvi novamente a voz de Joey.

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Chuveiro
FanfictionOlivia Beckford é uma renomada fotógrafa que divide a casa com sua melhor amiga Lauren, uma instagrammer (e groupie) famosa. A vida de Olivia vira de cabeça para baixo no dia em que o melhor amigo do novo namorado de Lauren invade a casa pela janela...