prólogo

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Cada vez que o loirinho entrava no salão da cafeteria meu coração disparava mais ainda, todos os dias ele sempre vinha no mesmo horário, parecia esperar alguém que nunca aparecia e isso foi o que me chamou atenção. Ele pedia um cappuccino e uma rosquinha de doce de leite e sempre trazia o mesmo livro, o dono dos olhos verdes lia atentamente enquanto esperava seu pedido. Algumas vezes ele levava o notebook, onde ficava algumas horas apenas olhando para a tela em busca de algo que não vinha.

No início eu o atendia, mas conforme o tempo foi passando, me vi ficando nervosa quando ele entrava, ou até mesmo ficava ansiosa para dar o horário que ele apareceria.

- Seu amado chegou. - Sami, minha colega de trabalho, disse rindo baixinho do quão nervosa eu já me encontrava.

- Calada. - Revirei os olhos em negação. - Você atende ele, eu não tenho condições psicológicas para isso.

- Tudo bem... - Ela sorriu dando de ombros, pegou o caderninho em cima do balcão junto com a caneta azul e saiu cantarolando alguma coisa.

Continuei onde eu estava, ou melhor, arrumando alguns sachês de açúcar, ketchup e mostarda nos lugares certos, meu intervalo só seria dali há meia hora e meu estômago já emitia alguns sons, só não sabia dizer se era por conta da fome ou do nervosismo. Arrisco dizer que seja a opção dois.

Sam retornou mordendo o lábio inferior, meu corpo inteiro congelou com a possibilidade dele querer que eu o atendesse, e bom, eu tinha que aprender a ouvir mais minha intuição.

- O loirinho dos olhos de anjo perguntou por que você não foi atendê-lo. - Sami sussurrou, se debruçando no balcão.

- Mentira? - Arregalei os olhos sussurrando de volta. Desviei o olhar por cima do ombro de Sami e meus olhos encontraram os dele.

Jesus amado!

Ao que ele ia esboçar um sorriso, mesmo que mínimo, fiquei nervosa e acabei desviando o olhar para os sachês à minha frente o mais rápido que consegui. Malek ria do meu nervosismo como se fosse a piada do século e eu quis socar aquela cara egípcia maldita.

- Não estou brincando, acho que ele está interessado em você. - Seu sorriso aumentou.

Quase, mas foi quase mesmo que eu me joguei embaixo do balcão e fiquei ali até o horário de fechar a cafeteria.

- Ele fez o pedido, pelo menos? - Perguntei como quem não quisesse nada. Ela assentiu e me entregou o papel. - Vou pedir para o Gwilym preparar o cappuccino.

Ela assentiu e voltou para o salão, enquanto eu aparecia na porta da cozinha, queria não ter que mostrar o quanto estava eufórica com aquela "notícia", mas era impossível, então quer dizer que ele realmente sabia quem eu era.

Deuses, eu vou explodir!

- Que cara de felicidade é essa? - Lee perguntou, pegando a xícara específica da bebida pedida.

- Ele perguntou por mim! - Não precisei dizer quem era, todos ali já sabiam da minha "obsessão" com o tal dos olhos verdes.

- Não brinca, sério? - Afirmei freneticamente e Lee veio ao meu encontro para me abraçar.

- Você tem ideia? O crush me notou, como diria Sami, que Osíris tenha piedade da minha alma. - Ri alto, ainda abraçada ao seu pescoço. - Eu só queria saber o que ele tanto vem fazer aqui, não é por minha causa, tenho certeza.

- Vá entregar o pedido e você saberá.- Gwilym deixou um beijo rápido em minha bochecha e voltou a preparar o pedido do loiro, enquanto eu pegava o prato para pôr a rosquinha de doce de leite.

- E eu tenho essa coragem? Óbvio que não, você me conhece mais do que ninguém nessa cafeteria, Lee. - Revirei os olhos sem nenhum pudor, Gwilym era meu melhor amigo desde que entrei na faculdade e mesmo depois de tê-la finalizado, nós continuamos amigos.

- Tome coragem pelo menos uma vez na vida, se você não se arriscar, nunca saberá. - Ele disse calmo e sereno, odiava quando Gwil agia como meu irmão mais velho e dizia exatamente o que eu precisava ouvir.

Terminamos de preparar o pedido do loiro, praticamente juntos, ele me entregou o cappuccino e o coloquei na bandeja junto com a rosquinha, não coloquei sachê de açúcar ou adoçante, pois meu "amado", como diria Malek, não gostava de nenhum dos dois.

Respirei fundo, peguei a bandeja e caminhei até a mesa do loiro, não sei como tudo não caiu, parece que todos os treinamentos que eu fiz e os anos de trabalho aqui evaporaram quando ele levantou os olhos e sorriu ao notar quem estava indo deixar seu pedido.

Calma, não pense me nada, aja naturalmente, você já fez isso diversas vezes...

Eu repetia mais uma vez aquele mantra que inventei um pouco antes de sair do balcão, sorri, mostrando a simpatia de sempre enquanto colocava a xícara e o prato com a rosquinha na frente dele.

- Senta aqui um pouco, me faz companhia? - Ele perguntou com a voz rouca e um sotaque britânico tão forte, que as minhas pernas fraquejaram forte na mesma hora.

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