A Cobrança

45 4 2
                                    


Ao longo do tempo que ficamos a sós na sala a nossa conversa fluía tão bem, até mudar de um gosto doce para o amargo com a ajuda do Bran.

- E os seus amigos noruegueses? - Perguntou Bran me encarando com os braços cruzados sobre o tórax.

- Que amigos? - Perguntei de volta. Eu estava confuso por não saber do que ele estava perguntando e só então, ao olhar para ele que continuava a me encarar com uma sobrancelha erguida que eu me toco ao entender a pergunta dele. - Primos e colegas contam? - Perguntei. Eu queria poder me esconder nesse momento.

- Tá falando sério Theo? - Disse Bran - Você não conseguiu fazer nenhum amigo durante todo esse tempo na Noruega?

Eu fiz que não com a cabeça. Para ser sincero eu realmente não consegui fazer amigo algum. Ok! Tudo bem, eu confesso que algumas pessoas já tentaram fazer amizades comigo mas nunca dei a elas essas chances por eu negar isso a mim também. Se me entende, eu sou antissocial e Deus sabe lá os meus motivos por ser assim.

- Você conseguiu pelo menos namorar alguém? - Perguntou Bran com uma cara de quem ainda tinha uma esperança.

Eu fui obrigado a revirar os olhos.

- Bran, vejamos bem, se eu não consegui fazer amigos, quem me dera eu consegui namorar alguém. - Expliquei rindo.

- Theo isso não tem graça nenhuma. - Disse Bran, ele estava bem sério pro meu gosto. Ok. O assunto agora é sério mesmo. - Você prometeu para os nossos pais que iria se socializar. Será que você não ver que eles se preocupam com você, por ser antissocial?

Eu nunca devia ter feito aquela promessa.

- Ei Bran! Você não acha que está pegando pesado demais comigo? - Perguntei. Eu já estava ficando chateado com aquela cobrança dele. - Para que tanto sermão?

- É mais que merecido você levar um sermão por não ter feito o que prometeu. - Disse ele. Percebi que ele se segurava para não me dá mais sermões. - Você se esqueceu do que aprendemos sobre cumprir o que promete?

- Não, eu não me esqueci. - Respondi bufando. Ele continuava a me encarar bem sério esperando que eu dissesse algo mais. - Tá, o que você quer que eu faça para reverter essa situação?

Mesmo que eu não quisesse fazer o que tiver que ser feito, esse é o único jeito de tirá-lo do meu pé antes que seja tarde demais para isso.

Ele revirou os olhos.

- Você ainda pergunta. - Debochou ele. Acho que ele percebeu que eu não iria responder. - Que você cumpra o que prometeu. Ou quer ver os nossos pais magoados quando eles descobrirem por terceiros que você não cumpriu a promessa? - Revirei os olhos. - Nessa escola que você vai estudar agora este ano é um bom lugar para fazer amigos, e eu vou te dá um mês para fazer amigos...

- Por que está me dando um prazo? - Perguntei interrompendo-o.

- Porque você vai apresentá-los aos nossos pais para eles verem que você tem amigos. - Disse ele sério. - Inclusive para mim.

Mas isso é totalmente injusto, já estou me sentido como se eu estivesse trabalhando para uma máfia italiana.

- Eu não vou fazer isso. - Falei negando com a cabeça.

Ele continuava me olhando sério.

- Você tem certeza? - Perguntou ele com uma voz firme.

Ok. Eu me rendo.

- Tá bom! - Falei engolindo em seco. - Eu vou fazer o que você está me pedido.

O Bran é capaz de qualquer coisa até fazer um escândalo na rua se assim for preciso, como ele fez uma vez na rua de Miami ao brigar com um turista estrangeiro, acho que era um egípcio.

- Ei Theo. - Disse Bran esfregando a sua mão na minha costa. - Você sabe que estou fazendo isso porque eu me preocupo com você, certo? Não pense demais, ok?

Assentisem olhar para ele.

Prazer, Eu Sou Theo... Theodoro.Onde histórias criam vida. Descubra agora