Antes do Theo

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Eu não faço a menor ideia de quem seja os meus pais biológicos e muito menos sei como cheguei no orfanato, mas nunca se quer passou pela minha cabeça procurar por eles... quer dizer não agora, saí do orfanato em que foi a minha primeira casa adotado por um casal jovem na época, eles me adotaram quando eu tinha cinco anos de idade, a Julie chegou três meses depois com dois anos, não sei lá muito bem a história de como ela foi deixada no orfanato, os nossos pais nunca nos deram todos os detalhes pois isso é algo que a Julie terá de saber por si mesma e quando quiser.

Embora nós dois tivemos todo o amor dos nossos pais, dos nossos tios e dos nossos avós, infelizmente nunca fomos amados pela nossa avó paterna senhora Margaret Schumacher, por sermos adotados como ela mesma nos dizia na cara dura, às vezes eu não entendo como o vovô senhor Lutero Schumacher ficou com essa mulher amarga por toda a vida, ele era bem mais amoroso e carinhoso com a gente, mas não é só a gente que é desprezado por essa mulher, a mamãe também, a senhora Margaret sempre a culpou por Theo ter nascido soropositivo, aliás para ela além do meu primo Kléber o Theo é o seu neto preferido, por ser um legítimo Schumacher.

Para ser sincero, quando Theo nasceu três anos depois da Julie e eu sermos adotados a nossa vida mudou completamente, eu estava ciente de que os nossos pais nos adotaram porque a mamãe não conseguia engravidar, e a gestação que por um milagre foi bem sucedida depois de várias tentativas, lhe custou um preço mas não vou entrar nesses detalhes. Nos primeiros meses após o nascimento do Theo, as coisas em nossa volta estavam ficando cada vez mais difícil para todos nós, a mamãe andava constantemente preocupada com o Theo com medo de que ele pudesse adoecer, já que após ele ter completado os oito meses foi possível confirmar que ele foi infectado, Hellou vivia se culpando por ter dado a luz no carro tarde da noite longe de casa e do hospital, onde o parto seria cesariano por conta da gravidez de risco e para evitar passar o vírus para o Theo.

Papai às vezes brigava com ela por ficar se preocupando na maioria das vezes desnecessariamente, se culpando sempre pelo que aconteceu e por esquecer da gente, mas com passar do tempo sobre um acompanhamento de um psicólogo, a mamãe foi diminuindo sua preocupação, se culpando menos, se cuidando mais e nos dando mais atenção.

Às vezes penso que o exagero da Hellou culminou para que o Theo se torna-se introvertido, antisocial, inseguro e depende fazendo ele viver dentro de uma bolha absurda, a Julie, eu e o papai já fizemos algumas coisas ao nosso alcance para reverter isso, e tudo que conseguimos foi fazer ele se apegar aos nossos primos, que são os únicos além da Julie e eu que consegue tirar ele da zona de conforto.

Prazer, Eu Sou Theo... Theodoro.Onde histórias criam vida. Descubra agora