Eu Pago O Seu Almoço

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Ao entrar no Pet Shop, Bambu escapou da minha mão enquanto eu fechava a porta.

- Ei Bambu finalmente você apareceu, eu sentir a tua falta garoto.

Assim que eu ouvir a voz de alguém falando com o meu cachorro, olhei de relance para o sujeito e imediatamente congelei bastante surpreso, Zack estava agachado bem ao lado do balcão acariciando o Bambu, que não parava de balançar o rabo, quando ele ergueu a cabeça e os seus olhos encontraram os meus, acho que ele ficou também surpreso ao me ver ali, obriguei as minhas pernas a me obedecerem e caminhei até eles, Zack se levantou no mesmo instante, notei que a íris azuis de seus olhos estavam dilatadas.

- Então, você trouxe o Bambu?

Assentir.

- Sim. Ele está precisando de um dia de cachorro vip.
- Beleza, eu vou cuidar dele. - Ele pegou a colera do Bambu e se virou para levá-lo.

"Como assim cuidar dele? Você?" Pensei.

- Pera! É você mesmo que vai cuidar dele? - Perguntei receoso.

Ele si virou com uma cara indiferente.

- Sim, sou eu quem vai cuidar dele. - Ele respondeu. - Você tem algum problema com isso?
- Não, não é isso. - Engolir em seco. - É que eu não imaginava que você cuidasse de animais.
- Normal, algumas pessoas também dizem isso quando vêem aqui. - Disse ele me fazendo suspirar de alívio por não se sentir ofendido. - E eu não imaginava que você cuidava do Bambu.
- Bem, ele é o meu cachorro então eu tenho que cuidar dele.
- É... e este é o meu trabalho. - Ele apontou para o avental verde escuro que vestia, havia o nome do Pet Shop em branco nela. - Já que você não tem nenhum problema, então eu posso ir cuidar do seu cachorro?
- Sim por favor.

Ele assentiu. E se virou puxando o Bambu consigo, e desapareceu por trás das portas duplas verde escuras.

Eu tava sentado em uma das cadeiras disponíveis na recepção lendo uma revista qualquer, quando uma mulher aparentemente morena entrou na loja com as mãos por dentro do jaleco verde escuro, ela caminhou tranquila até o balcão onde ficou atrás do mesmo, continuei quieto no meu lugar folheando a revista enquanto a observava de soslaio por curiosidade. Ela arrumava umas papeladas sobre o balcão, quando me viu por trás de seus óculos caídos sobre o nariz.

- A quanto tempo você estar aqui? - Ela perguntou parando o que estava fazendo.

Olhei para o meu relógio de pulso antes responder.

- Acho que mais ou menos uns quarenta minutos.

Ela arregalou os olhos.

- Esse é o tempo da minha pausa para o almoço. - Disse ela. - Você tem alguma hora marcada para o seu pet?
- Não. Quer dizer, eu vim trazer meu cachorro para receber alguns cuidados. - Expliquei fechando a revista e a colocando de volta no lugar.
- E onde está o seu cachorro? - Ela perguntou varrendo o local com os olhos.
- Lá dentro sendo atendido. - Apontei para onde o Zack desapareceu com o meu cachorro.

Ela arqueou as sobrancelhas.
- E quem é que tá atendendo o seu cachorro?

- É o... Zack. - Respondi.

- Ah! O Zack é excelente no que faz. - Disse ela ajeitando o óculos. - Então, eu posso lhe garantir que o seu cachorro estar em boas mãos.

Acho que ela esperou que eu dissesse algo mas continuei calado.

- Mas nesses dias anteriores sabe, ele tem andado bastante chateado com os problemas da escola. - Continuou ela. Isso despertou uma curiosidade em mim, o que me fez levantar e ir para perto do balcão pra ouvi-la com mais clareza. - E o motivo é que ele foi afastado do time de basquete da escola, só por tirar notas baixas nas disciplinas de Química, Física e Biologia ver se pode. Mas para ser franca eu não entendo a dificuldade do Zack, e agora pra voltar pro time ele precisa de notas altas nessas disciplinas, você entende... Qual é o seu nome?

Eu estava com o cotovelo apoiado no balcão sustentando a minha cabeça, enquanto ouvia ela fofocar a vida alheia do Zack, psique duas vezes quando ela perguntou o meu nome.

- É Theo, meu nome é Theo.
- Então Theo, você entende a situação dele?
- É, eu acho que sim. - Digo assentindo.
- Pronto. Aqui está ele. - Zack surgiu de trás das portas com o Bambu bem arrumado. - Ele já tá bem mais melhor do que antes.
- O assunto morreu por aqui. - A recepcionista sussurrou apenas para que eu ouvisse, achei engraçado.

Ele me entregou a colera do Bambu.

- Obrigado. - Falei.
- Rebecca, é o pacote completo e incluindo a vacina. - Disse ele.
- Você o vacinou? - Perguntei surpreso. Eu tinha me esquecido desse detalhe.
- Sim. - Respondeu ele. - Eu verifiquei no sistema governamental vacinapet.com, usei o código que tá no verso do pingente da colera dele para ter o acesso ao cadastro, e a última vacina que ele recebeu foi no ano passado.
- Obrigado. - Falei envergonhado. "Mãe você não pode ser tão irresponsável assim pode?" Pensei.

Ele assentiu.

- Você fará o pagamento em dinheiro, cartão de crédito, débito ou em cheque? - Rebecca, a recepcionista perguntou.
- Em cartão de crédito. - Digo tirando a carteira do bolso, e passei para ela o cartão.
- Oh Rebecca, eu vou saí agora para a minha pausa do almoço. - Disse ele tirando o avental. - Mas já já eu tô de volta.
- Eu pago o seu almoço! - Falei automaticamente. Não sei o que deu em mim, ao ponto de pagar um almoço pra um cara que conheço a tão pouco tempo, culpa do impulso.

Ele me olhou confuso cruzando os braços sobre o tórax.

- E por que você pagaria o meu almoço?

Pelo rabo de olho vi que a Rebecca me olhava curiosa, com a máquina de passa cartão na mão.

- Eu não sei, quer dizer... acho que o Bambu ficaria contente se você aceitá-se. - Gaguejei.

Usei o meu cachorro como minha única alternativa para convencê-lo, espero que o Bambu não se importe em ser meu álibi, Zack estreitou os olhos e sorriu antes de me dá a sua resposta, o que me custou alguns segundos apreensivo.

- Tudo bem, eu aceito.

Suspirei aliviado.

Digitei a senha do cartão na máquina em que a Rebecca estendeu para mim, assim que efetuei o pagamento olhei um pouco envergonhado para o Zack, ele ainda estava imóvel no mesmo lugar com as mãos nos bolsos da calça jeans me observando.

- Obrigado. - Agradeci a Rebecca.
- Então, já podemos ir? - Ele perguntou apontando para a porta. - Estou morto de fome.
- Sim, claro. - Digo tentando ser o mais natural o possível. - Você escolhe o lugar.

Prazer, Eu Sou Theo... Theodoro.Onde histórias criam vida. Descubra agora