Mel

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Quando o sinal tocou depois de alguns longos minutos esperando em pé no lado de fora, esperei que a maioria dos alunos entra-se primeiro pois eu estava com receio de chamar atenção no meio deles, depois do que aconteceu na calçada hoje cedo, antes de entrar eu bem sabia que não deveria esperar por muita coisa de uma escola pública estadual, mas para a minha surpresa se pararmos para observar a fachada da escola, veremos que ela aparenta ser antiga e monumental da década de 80, muito contrariado pelo interior que é bem moderno e contemporâneo.
Eu caminhava distraído pelos corredores à procura da secretaria para obter o meu horário, os corredores que por sinal eram largos e bastantes iluminados pelas lâmpadas florescentes, estavam vazios indicando que os alunos já se encontravam em salas de aulas, e o meu atraso significaria chamar atenção outra vez. Esbarro bruscamente em alguém e ouço um "baque" no chão, uma garota de cabelos cacheados escuros murmura um "droga" e se agacha para juntar seus materiais, me apressei em ajudá-la ela parecia bastante aborrecida o que é bem compreensível.
- Você não olha para onde anda não?! - Vociferou ela. - Ou esses seus dois olhos estão aí pra efeite?!
Engolir em seco me sentindo culpado.
- Peço desculpa pelo transtorno. -Digo entregando o livro e um caderno, ela tomou da minha mão de uma forma ríspida.
- Obrigado. - Disse ela se levantando e ajeitando seus óculos lunar.
Me levantei em seguida ajeitando a alça da minha mochila sobre o ombro. Ela ainda parecia estar aborrecida.
- Você está bem? - Perguntei preocupado.
- Não! Eu tô te esperando pra poder ficar.
Revirei os olhos com a arrogância dela. "Então não fique " pensei.
Ela me olhou de baixo pra cima e ergueu uma sobrancelha.
- Você é novato? - Perguntou. - Eu nunca te vi por aqui antes.
- Sim, eu sou novo por aqui. - Falei. - E essa é a razão por eu estar perdido pelos corredores à procura da secretaria para obter o meu horário.
Ela anuiu. E de maneira brusca puxou o meu braço e levantou a manga da minha camisa, para conferir às horas no meu relógio de pulso.
- Aí droga! A essa hora eu não entro na sala de aula. - Ela soltou o meu braço bruscamente e ficou pensativa. - Mas quem sabe, eu não consiga uma desculpa pelo atraso te levando até a secretaria. - Completou.
Eu ia dizer dá a minha opinião sobre a sua ideia, mas assim que eu abrir a boca ela levantou o dedo indicador em sinal de silencio.
- Não fale nada. - Disse ela. - Apenas me siga que eu te mostro o caminho até a secretaria.

- Esta escola é bastante grande você não acha? - Perguntei tentando puxar assunto para quebrar o silêncio entre nós, enquanto eu tentava acompanhar os seus passos acelerados.
- Qual é o seu nome? - Ela perguntou como se eu não tivesse dito nada.
- É Theo... Meu nome é Theo. - Falei sem muito ânimo, ninguém nunca tinha me tratado assim antes com ignorância.
- Então Theo, meu nome é Melissa mas gosto que me chame de Mel. - Disse ela por cima do ombro. - Que Melissa é só quando estou com raiva!
Não sei se foi impressão minha, mas pude notar pelo seu tom de voz que ela estava com raiva.
Anuí em resposta. Depois de alguns minutos caminhando pela escola, dobramos um corredor e paramos em frente a uma porta com uma placa amarelo velho: Secretária.
Mel abriu a porta e respirou fundo como se a sua vida dependesse disso, eu a acompanhei logo atrás segurando firme a minha mochila por cima do ombro, a secretaria não tinha muito do que impressionar, apenas um grande armário de alumínio cinza, uma fileira de quatro cadeiras encostadas na janela, um bebedouro com o litrão pela metade, uma grande mesa de madeira com vários papéis empilhados sobre ela e um computador moderno. Ah! Tem um retrato do atual governador do Estado da Califórnia, pendurado na parede da grande mesa bem próximo do teto de forro. Não havia ninguém na secretaria exceto nós.
- Acho que ela deve estar na sala do diretor falando com ele. - Sugeriu Mel se sentando numa das cadeiras. - Veja, a bolsa dela estar aí em cima da mesa.
Anuí em concordância.
- Atrasada senhorita Mel?
Uma mulher branca e alta, de cabelos grisalhos preso em um coque adentrou a sala com os passos decididos, segurando uma pasta laranja, simultaneamente Mel se levantou surpresa.
- Tenho uma razão para isso! - Disse ela em sua defesa, e apontou para mim o que me fez revirar os olhos. - Eu tive que dá uma de samaritana, e trazer este novato até aqui.
A senhora me observou por trás de seus óculos com uma expressão séria, e com a mão na cintura, então me dei conta de que ela esperava que eu dissesse alguma coisa.
- Meu nome é Theodoro Schumacher hoje é o meu primeiro dia de aula. - Falei dando alguns passos à frente. - Eu preciso da folha de horário para saber qual é a minha sala.
Os olhos dela se arregalaram.
- Oh meu Deus! - Exclamou ela. - Eu não acredito que deixei você aqui esperando, aliás o meu nome é Ruth.
Ela me estendeu a mão.
- Prazer. - Digo apertando a sua mão.
- Eu também fiquei aqui esperando! - Protestou Mel atrás de mim.
A Sra. Ruth pareceu não se importar com o seu protesto, a sua atenção estava voltada para uma pilha de dossiês.
- Achei! - Disse ela ao pegar um dossiê dentre vários outros, ela tirou de dentro dele vários papéis e os colocou sobre a mesa. - Essa é a sua folha de horário, e esses papéis aqui, você entrega para os seus professores e os trás de volta para mim, e por último, como você ainda não teve a chance de conhecer a escola, o diretor preparou um registro de autorização para você conhecer a escola...
- Espera aí, um registro de autorização? - Interrompeu Mel. - Eu nunca ouvir falar desse registro antes.
A Sra. Ruth a fulminou com um olhar penetrante.
- Desculpa. Pode continuar. - Disse Mel encolhendo os ombros.  - Então como eu estava dizendo. - Continuou a Sra. Ruth. - O diretor preparou este registro de autorização para que você possa conhecer a escola, você só tem de entregar este registro ao um professor que estiver em sala de aula, e só lembrando que este registro tem validade de um dia. Ah! Eu ia me esquecendo, leve este mapa com você, ele irá lhe servir de auxílio no passeio.
- Obrigado. - Digo pegando todos os papéis.
Quando me viro para saí, vejo a Mel atrás de mim de braços cruzados sobre o tórax fitando os próprios pés, então me dou conta de que devo uma ajuda a ela por me ajudar a chegar até a secretaria, acho que não só devo como também tenho a obrigação de ajudá-la, afinal o seu atraso e a perda do conteúdo é a minha culpa. Me volto para a Sra. Ruth que agora estava ocupada com as pilhas de papéis.
- Com licença Sra. Ruth. - Ela levanta a cabeça para me olhar. - Você poderia fazer algo pela Mel? Eu sei que ela está mais do que atrasada, mas isso é culpa minha por insistir que ela me ajuda-se a chegar até aqui.
Ela fitou a Mel por alguns segundos e anuiu como resposta.
- Aguarde alguns minutos.
Mel avançou para cima de mim me abraçando eufórica, ela no ato pareceu notar que algo estava errado.
- Obrigada. - Disse ela envergonhada se afastando de mim. - E me desculpe pela minha ignorância.
Assentir.
- Tudo bem.
- Posso vê o seu horário? - Ela perguntou.
Entreguei a ela a folha de horário.
- A gente vai ficar juntos em algumas matérias. - Disse ela olhando para a folha. - Inclusive nos dois de biologia de hoje.
- Aqui está senhorita Mel. - A Sra. Ruth entregou a ela um papel. - Agora não percam tempo e vão para a sala de aula.
Agradecemos e corremos para a nossa sala. Quando entramos todos voltaram a sua atenção para nós, a professora uma mulher negra na casa dos 40 anos, estava de costa para a turma e ao nos vê se virou para nós com uma expressão bastante séria.
- A onde vocês estavam? Esta aula começou faz tempo.
- Acho que isso lhe dará a resposta. - Mel entregou o papel que a Sra. Ruth deu a ela. E foi se sentar ao lado de uma garota.
- E quanto à você? - A professora perguntou.
Eu simplesmente não sei porque, mas com todos da sala me olhando com curiosidade me deixou nervoso, então eu só pude entregar a ela o papel que recebi da secretária.
A professora ao lê ergueu uma sobrancelha.
- Theodoro Schumacher?
- Sim.
- Seja bem-vindo.
Anuí.
- Por favor sente-se para que eu possa da continuidade a aula.
Assentir. Notei que as carteiras eram grande e davam para duas pessoas, cada aluno estava sentados em duplas, caminhei até a única carteira vazia, provavelmente eu iria ficar sozinho e sem dupla por um longo período. Num piscar de olhos uma bola de papel caiu na minha frente como se fosse mágica, olhei em volta procurando por quem a jogou ali, e arregalo os olhos ao vê James no outro lado da sala e mais ao fundo a Brenda, James de um modo discreto para quê a professora não o vi-se apontou para a bola de papel em cima da minha mesa. E entendi.
Olhei de soslaio para a professora antes de pegar a bola de papel, e abri-la debaixo da carteira.
"É bom ter você aqui primo - James."
Sorri e olhei para ele. Ele ergueu um polegar ao vê a minha reação. Isso me deixa muito feliz.

Prazer, Eu Sou Theo... Theodoro.Onde histórias criam vida. Descubra agora