Capítulo 26

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Capítulo: Katherine.

' M A Y A '
|[ Filha de quem não pôde dar a luz ]|


Ainda estava no meio da floresta, com a criança recém nascida nos braços, sua expressão era tão calma e serena. Katherine dormia tão tranquila, nem parecia aquele bebê que achei desesperada no meio de um arbusto rente a um tronco.
Fiquei tão encantada por ver aquela pequena criaturinha resmungar, ressonando baixinho e esticando-se para receber o meu toque.
Meu corpo tremeu por estar nua no meio da floresta fria, o tempo não ajudava. Então fiz o meu melhor para passar o meu calor para a minha pequena. Sombras estava agitada dentro de mim, podia sentir o calor emanar dela, até porque, o meu próprio calor estava acabando por conta do clima.

"Melhor eu sair"

Sorri pela preocupação que saiu pela voz grave e suave da Somie. Era tão fofo vê-la daquele jeito. De princípio, pensei que ela iria negar a minha escolha de acolher Katherine, mas Somie aceitou, até se preocupou com a minha bebê. Posso até dizer que ela criou um tipo de relação maternal com Katherine, como se ela fosse seu filhote. E de fato ela era sim sua filhote, a nossa filhote.

Faça o que achar melhor, Somie... – sussurrei acariciando o rostinho corado da criança.

Sombras esperou eu ajeitar a filhote nos pedaços de panos que em algum momento foram as minhas roupas. Afastei-me com medo de machuca-la no momento em que transformasse.

Senti uma queimação apossar do meu ser e logo os barulhos de ossos quebrando e aumentando foram ouvidos, fiquei até surpresa por Katherine não ter acordado. Ela tinha um sono pesado.
Sorri pensando antes de me transformar completamente. Caminhei silenciosamente me pondo ao redor dos panos, deitando cobrindo seu corpinho com minhas patas, não ao ponto machucar meu bebê, meu rabo cumprido passou por cima dela, e ela se aconchegou mais ainda, abrindo levemente seus olhos azuis para me encarar, achei que ela ia chorar de medo por ver um lobo enorme perto de si. Mas ela fechou os olhos e voltou a dormir. "Ah, normal acordar e ver um lobo enorme e assustador perto, quer saber, vou voltar a dormir".

Soltei um rosnadinho que soou mais como uma risadinha e me aconcheguei melhor, transmitindo meu calor para ela.

Quando tive certeza que seu sono era pesado o suficiente para ficar calma com movimentos bruscos me afastei, não o suficiente, apenas alguns centímetros e comecei a pensar.

Não tinha como eu voltar, mesmo porque não queria. Não tinha a mínima vontade de encarar Dimitri. Podia ser capaz de mata-lo com minhas mãos.
Agora tinha Katherine, e não, eu não iria deixar ela como os monstros que foram capazes de deixá-la para a morte no meio de uma floresta.
Mas, para onde eu iria?

Casarão nem pensar.
O barraco não.
Voltar para a cidade estava fora de cogitação.
Alcateia? Com certeza não.

Não, não, não. Jamais colocarei os meus pés naquele chão.

Ouvi Sombras bufar na minha consciência, rolei os olhos.
— Nem pense nisso, Sombras. – resmunguei em pensamento, eu não iria voltar para lá, nem a pau.
Seria humilhante demais, rejeitar a própria família e a alcateia e voltar com a cara lambida. Jamais.

Foi minha última decisão.
A alcateia seria a última das minhas opções.

"Mas precisamos achar um lugar para ficar com a filhote, não podemos ficar aqui a vida inteira, alguém pode nos encontrar e não temos chance de lutar com o filhote sob os nossos olhos"

A Guerreira da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora