Capítulo 37

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Capítulo: Acertos do passado

.sem revisão.


| N A R R A D O R A |


Em frente à distorção temporal, Canadá.

09:50, dez minutos para a abertura completa do vórtice.


O silêncio tomou espaço no Bosque dos Anjos, a clareira em frente à distorção recebeu um leve filete de luz que escapou do Sol entre as nuvens. Aquela claridade repentina iluminou o chão sujo.

Ainda incrédulo sobre a cena que decorria diante dos seus olhos, Pedro permaneceu sentando, pouco se importando com suas vestes limpas, o homem não aguentaria ficar em pé de qualquer jeito, suas pernas trêmulas deixavam claro o seu pânico e descrença para todos ali.

M-Maíra — sussurrou novamente passando as mãos pelo rosto desesperadamente, como se fosse alguma peça pregada pela sua mente instável e imprevisível. Percebendo que não adiantaria de nada fechar os olhos, abri-los novamente e ver então que era sua imaginação. Porque não era, não importava quantas vezes, uma, duas, vinte vezes. Maíra ainda estaria ali em sua frente.

Pedro ficou espantado com a aparência da mulher, sua esposa.

Essa mulher realmente é a minha esposa?

Indagou-se em pensamentos, assustando-se ainda mais quando a voz da mulher ecoou como um rugido em seus ouvidos, com um movimento rápido o corpo pequeno de Maíra se aproximou perigosamente de Pedro.

O homem engasgou quando as mãos da mulher seguraram seu pescoço em um aperto forte. Caiu deitado para trás sem reação, a pressão era forte demais, a força que a mulher usava era sobre-humana e mataria Pedro em questão de segundos. Se não fosse a situação em si, expressaria nojo ao sentir algo pingar em seu rosto e roupas, quando enfim percebeu o que era aquela gosma, grunhiu seu desgosto ao ver sangue escorrer da face inexpressiva de Maíra.

Tomando coragem, Pedro empurrou o corpo da mulher para longe, ficando incomodado com a temperatura baixa de sua esposa.

Levantou-se em um pulo, com medo de que talvez, Maíra o atacasse de novo. Viajou suas orbes para o sobrenatural atrás do corpo magro da mulher. Dimitri sorria largamente, apoiando seu queixo na parte sem fio de sua foice, aquela cena era tão divertida e de certa forma, o sentimento de alívio preenchia seu coração.

Anos atrás, no tempo em que Maíra ainda não tinha passado pelo plano espiritual, naquela sala de cirurgia. O anjo da morte assistia sem expressão o corpo da mulher sobre a maca, afastado no canto, escorado na parede daquele cômodo.

O frio não lhe afetava, tampouco era incômodo, mas a cena amargou sua boca, de tal forma que queria apenas sair daquele hospital. A dor era incessante, tanto para os que iam, quanto para os que ficavam.

Mesmo sendo planejado e criado para não sentir, o anjo da Morte observava, imaginando seus sentimentos. Assistia os sorrisos, as lágrimas, os gritos, o descontrole, a tristeza, o luto.

Aquela era a sua rotina, tinha se acostumado com aquilo.

No entanto, naquele dia foi diferente.

Observou a humana frágil desde o início, a sua entrada na sala, como ouviu atentamente as palavras dos médicos e mesmo dizendo sobre os prováveis resultados, a mulher sorriu concordando com os doutores.

A Guerreira da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora