Capítulo Cinco

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Foto de Ian Somerhalder - Jonathan Ferraz

Música = NF - If You Want Love

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***

LEON

Quando cheguei em casa já se passavam das dez da manhã. Tudo estava silencioso, até eu abrir a porta do meu quarto. Ana Beatriz estava sentada na cama mexendo em seu Ipad, assim que nota minha presença ela tira o olhar do aparelho e me olha com cara de poucos amigos. Vou até nosso banheiro e coloco a banheira para encher. 

Quando volto para o quarto ela encara todo e qualquer movimento meu, enquanto retiro minha roupa - com cheiro de hospital - e coloco no cesto. Começo a fuçar nas gavetas dela a procura de uma touca de banho, afinal eu estou com um curativo enorme na cabeça.

- Até quando vai me ignorar? - ela pergunta com voz irritadiça.

Eu encontro a touca e com ela em mão a encaro. Minha vontade é de lhe falar tanta coisa, mas sei que isso a magoaria e não farei isso. Eu não sou assim.

- Não estou ignorando ninguém, apenas quero tomar um banho e descansar. Posso?

- Minha mãe tem razão... - a interrompo.

- Chega! Eu sou casado com você e não com ela. Ela nunca me suportou e você sabe, mas continua dando ouvidos as bobagens que ela te fala. Eu sou seu marido, você deveria conversar e resolver os problemas da nossa relação comigo, mas ao invés disso fica se prendendo as suposições da sua mãe. - Ana Beatriz ouve tudo calada - Se prefere dar ouvidos a ela, me diz, por que continuamos casados?

Não a deixo responder e entro no banheiro. A banheira já estava cheia, desliguei a torneira e ponderei se entrava no meu tão aguardado banho ou voltava e me desculpava. Sei que estou certo, mas eu não precisava ter soltado aquela enxurrada de palavras nela. Por fim, descido entrar na banheira.

Quando volto ao quarto Ana não está. Troco de roupa e desço as escadas, ouço vozes quando estou próximo da cozinha. Ao entrar noto minha mãe e Ana Beatriz sentadas a mesa com vários papéis espalhados. Assim que me vê minha mãe corre e me abraça, e minha mente é atormentada por uma par de perguntas. 

- Mãe - a repreendo. - Estou bem, não foi nada.

- Agora vamos ter que tratar desse ferimento. Você deve estar lindo no grande dia, não é mesmo Ana?

Ana da um sorriso amarelo.

- Vou deixar vocês conversarem - digo indo em direção a porta.

- Você não vai dar sua opinião?

- Confio em vocês - dou um último olhar em minha mulher e saio.

E mais uma vez saio sem rumo. Toda essa situação com Ana Beatriz está me fazendo perder a sanidade. Não sei por quanto tempo vou conseguir nos segurar juntos.

***

ALÍCIA

Cansada de ficar sozinha, logo após o almoço eu ligo para Evelyn. Minha amizade e a de Evelyn começou há anos, do jeito mais forçado possível. Estudamos na mesma classe na faculdade e o meu romancezinho na época era o melhor amigo dela, e como ele gostava de nós duas, vivia fazendo a gente se encontrar para "nos conhecermos melhor", mas a gente não se dava muito bem, ela me achava uma biscate basicamente, não que sua ideia sobre mim tenha mudado muito, a única diferença é que agora ela gosta de mim.

Só fomos nos dar bem no aniversário de um dos caras da nossa faculdade, onde ela me pegou chorando no banheiro, como eramos obrigadas a nos aturar ela se sentiu no dever de me perguntar o que havia acontecido. E quando eu contei que o melhor amigo dela tinha me dado um tapa por eu não concordar em dar para ele naquela noite, algo mudou dentro dela. Ela saiu do banheiro, foi até o quarto que ele estava - com outra - e deu um soco no nariz dele. Voltou para o banheiro, onde me pegou pela mão e me levou até em casa. Desde então, somos inseparáveis. Tenho muita sorte por tê-la em minha vida.

- Oi amiga - ela atende no terceiro toque.

- Me tire do tédio, por favor - implorei.

Ela riu.

- Estou indo até o clube, Jonathan vai me ensinar a jogar tênis. Vamos?

Jonathan? Tento me lembrar de onde conheço este nome. De ontem a noite. É o amigo de Evelyn. Não sei muito sobre os dois, mas não quero ser empata foda, pois pra mim um homem não ensinaria tênis para uma mulher que não quer levar para a cama.

- Não amiga, não quero atrapalhar vocês.

- Não atrapalha em nada. Talvez até seja bom, pois sou horrível e assim ele terá alguém com quem jogar.

Por fim acabo concordado, pois realmente preciso sair do tédio. Nunca fui uma pessoa que conseguiu se acomodar em um lugar, sempre procuro estar me mexendo. Coloco uma roupa apropriada e saio. No carro coloco uma música qualquer e vou até o endereço que Evelyn me passou, que é de um dos maiores clubes de São Paulo. Quando chego parece que ela estava me esperando e vem ao meu encontro. Jonathan vem logo atrás.

Nos cumprimentamos e vamos para a quadra reservada para nós, Jonathan e Evelyn de um lado e eu do outro. Confesso que nós mais rimos do que jogamos, pois graças a minha amiga eu ganhei de lavada. Por mais que ele tentasse com todas as forças dele, ela não conseguia acertar uma bola sequer. Algumas pessoas até pararam para nos observar e rir com a situação.

- Eu desisto - Evelyn diz indo em direção aos bancos. - Joguem vocês dois, não vou mais atrapalhar.

- Pare de drama - Jonathan respondeu rindo. - Mas talvez seja uma boa ideia, quero ver se ela consegue vencer em um jogo de verdade.

Ele estava me desafiando. Pobre mortal, acaba de cutucar onça com vara curta. Eu aceito o desafio e quando ele me chama para o par ou impar, para saber quem começa eu digo que ele pode começar. Afinal eu me garanto e não preciso de sorte.

Começamos uma batalha entre a vida e a morte ao invés de um jogo. Uma disputa acirradíssima, é óbvio que nós somos muito competitivos. Mas isso não adianta muito da parte dele, pois eu acabo vencendo, por pouco, mas ainda assim vencendo. Vamos até a rede e damos as mãos.

- Vou querer revanche - ele diz olhando nos meus olhos.

É outro desafio.

- Considere marcado, camarada - Acho que esse é o inicio de uma bela amizade.

Corações ErradosOnde histórias criam vida. Descubra agora