Capítulo Treze

170 16 0
                                    

ALICIA

Acordei com meu celular tocando feito louco. Ninguém merecia isso num sábado de manhã. Nem meu despertador havia tocado ainda. Olhei no visor e havia uma chamada perdida de Henrique e três mensagens de Jonathan. Li as mensagens primeiro.

"Bom dia. Como você está"

"Desculpe estar mandando mensagem tão cedo, mas estou indo para Mogi das Cruzes jogar tênis com uns amigos."

"Quer jantar comigo hoje?"

Quando estou digitando a resposta o meu celular começa a tocar novamente. O nome de Henrique aparece na tela. Ele até me ligou depois do meu pequeno acidente de trabalho e me desejou melhoras, além de estar agindo diferente ultimamente, mas sei que não posso confiar nele.

- Oi Henrique.

- Chegamos no Brasil ontem a noite, Miguel e eu. Depois que você sair da fábrica hoje poderíamos fazer aquele primeiro contato que falamos.

Sinto meu coração acelerar. Não pode ser verdade, depois de oito anos. Oito malditos anos sem poder ver meu filho. Sinto uma grande felicidade crescer em meu peito, mas rapidamente esse sentimento é substituído por um medo avassalador. E se Henrique estiver mentindo? E se Miguel não gostar de mim? 

- Alicia? Estas aí?

- Estou... Claro Henrique, seria ótimo.

- Perfeito, lhe buscamos às três. 

Respondo a mensagem de Jonathan com um "sim" e em seguida mando mensagem para Evelyn contando tudo. Marcamos de almoçar juntas e eu saio para a fábrica. Tudo segue normalmente até às 10 horas, quando Patrick aparece na fábrica.

- Sabe, esperei por muito tempo por uma ligação.

- Me desculpe, minha vida tem estado uma loucura.

- Te perdoarei com uma condição - larguei a prancheta para dar atenção ao que ele ia falar -, Você tem que ir na minha cerimônia de casamento na semana que vem.

- Ah meu Deus, é claro que eu vou - eu o abraço para parabenizá-lo.

Converso por mais um tempo com ele e depois vou para o almoço com Evelyn, onde eu exponho todos meus medos com relação ao encontro com Henrique, mas ela consegue me tranquilizar. Se Henrique realmente quisesse me fazer mal não marcaria em um local público.

Em casa, opto por um vestido branco com flores amarelas de comprimento abaixo do joelho. Eu me sentia bonita e aquele vestido me dava um ar de delicadeza, era perfeito para a ocasião. Não consegui ficar parada enquanto esperava. Sorte que meu vizinho debaixo ficava fora o dia todo porque se estivesse aqui a essa hora já tinha ligado para o sindico fazer uma reclamação.

Henrique mandou uma mensagem e eu desci. No elevador sequei o suor das mãos na saia do vestido. Henrique estava bem arrumado como sempre, mas hoje não usava um terno. Abaixe o olhar e encontrei os olhinhos curiosos de Miguel, que era a cópia perfeita de Henrique, tirando os olhos verdes do meu lado da família. Para a minha surpresa e veio da minha direção e me abraçou.

Acabei me ajoelhando para ficar na sua altura e o abracei apertado. Havia sido privada por tanto tempo desse toque que precisei me esforçar para não derramar rios de lágrimas. Tentei decorar tudo: a textura da pele e do cabelo, o cheiro dele. Era o meu menino, eu finalmente estava com meu menino nos braços.

- Você é a minha mamãe? - ele perguntou e eu olhei para Henrique, pois não sabia o quanto ele havia dito.

Ele fez um sinal positivo com a cabeça.

Corações ErradosOnde histórias criam vida. Descubra agora