Corações Errados

Capítulo Extra

ANA BEATRIZ 

Um ano depois...

Meu celular começou a tocar enquanto eu atravesso a rua em frente a BAU em direção a Nomad Roaster's Home, onde servem o melhor café que bebi em Barcelona. Na tela o nome da Maria Eduarda aparece. 

- Ei - ela diz assim que eu atendo. - Tomaz não vai conseguir me buscar no aeroporto amanhã. Você pode fazer isso?

- Claro, me manda o horário e eu estarei lá.

- Estou tão animada - ouço o barulho de Maria se jogando na cama.

- Eu também - eu sorrio. - A mamãe não disse nada?

- Não, ela ainda se recusa a falar comigo, mas alguma hora ela vai perceber que não pode simplesmente ignorar as duas filhas dela.

- E o papai? - pergunto enquanto aceno para o meu pessoal na mesa.

- Ele está feliz por mim, por nós duas na verdade.

- Eu tenho que ir. A gente se fala mais tarde?

- Claro, beijos.

Faz uns meses que eu me inscrevi para a Bau Design College of Barcelona e me mudei para cá no começo do semestre. Minha mãe, obviamente, odiou a ideia e passou a me ignorar desde então. Minha decisão fez Maria Eduarda também se rebelar contra as regras da minha mãe e ela decidiu morar com Tomaz em Barcelona antes de se casarem, o que vai acontecer no próximo ano.

Eu me sento entre Camila e Martin para começarmos a discutir sobre o trabalho que temos que entregar essa semana. Eles foram as primeiras pessoas que eu automaticamente me senti conectadas, pois também são de outros países. Camila é argentina e Martin é francês e confesso que se eu não estivesse namorando no momento eu cairia facilmente em seus encantos.

- Eu tenho que melhorar muito nessa matéria - Camila reclama enquanto toma um gole de seu café.

- O seu traço é ótimo, eu que não tenho criatividade para fazer algo revolucionário - Martin retruca.

- Vocês são dois bebezões - reviro os olhos e vou até o balcão pedir o meu café.

Pedi o café de sempre e esperei enquanto os grãos eram triturados e o aroma viajava até meu nariz. Senti mãos taparem meus olhos e um arrepio percorrer minha espinha com isso. Demorei um instante para separar o cheiro do café e reconhecer o perfume que vinha com o dono das mãos.

- Adivinhe quem é - um sussurro no meu ouvido.

Eu retiro as mãos e giro nos calcanhares para encarar Joaquim. Seus olhos castanhos me olham com diversão. Ele é mais um motivo pelo qual minha mãe não falar mais comigo, para ela é inaceitável que eu esteja com um homem mais novo que não venha de uma família tradicional. Ela chegou a dizer que me preferia de volta com Leon.

- Um arrogante qualquer - ele ri com escárnio.

- O qual você cai de amores.

Realmente eu estava caindo de amores por ele. Joaquim azucrinou tanto a minha vida que eu passei a gostar das mensagens. Eu sentia falta quando ele não mandava. Admito que estar me apaixonando por ele a distância me ajudou a escolher meu destino para fazer meu doutorado. Assim que aterrissei em Barcelona quatro meses atrás, Maria fofocou para Joaquim que veio atrás de mim e eu não consegui mais resistir.

- Se toca - dou um empurrão em seu ombro antes de selar seus lábios com um beijo rápido.

- Prefiro que você me toque - minhas bochechas ruborizam.

- Seu café - a atendente nos tira de nossa bolha.

Eu pego meu café e Joaquim se senta conosco. Camila e Martin ainda discutem sobre o que sabem ou não, mas sua atenção é rapidamente transferida para Joaquim. Os três se deram bem até demais quando os apresentei.

- Para quando é? - Joaquim pergunta analisando algumas anotações minhas.

- Sexta - Matin responde.

- Então, vocês não se importam se eu roubar a minha linda namorada hoje, não é?

Eles se entreolham.

- É claro que não, ela é toda sua - Camila diz com um sorrisinho.

Joaquim se levanta quase imediatamente e me puxa pelo braço, mal me dando tempo de pegar minha bolsa. Praticamente corremos para fora do café e do lado de fora ele me leva até a Ducati. Jonathan sorri maliciosamente enquanto coloca um dos capacetes na minha cabeça.

- Para onde nós vamos?

- Você confia em mim? - seu sorriso se alarga.

- Sim - respondo retribuindo o sorriso. 

Eu iria com ele para onde quer que fosse.