Revirei os olhos e me joguei no sofá, minha mãe sempre fazia um drama quando me ligava. Se ela algum dia precisasse trabalhar e não estivesse mais casada com o milionário Juan Von Uckermann eu a aconselharia a se tornar atriz ou dar aulas de teatro dramático.
- Sim mãe, todo dia eu olho pra ver se tem uma pessoa estranha na rua antes de entrar no prédio, não importa se é de dia ou de noite... Mas não esqueça que eu estou morando no centro da cidade, o que eu mais vejo são pessoas diferentes.
- Mas ai que você tem que tomar o dobro de cuidado, se deixasse seu padrasto colocar o rastreador no seu celular...
- Mãe, por favor, não começa... Mesmo que pudesse me rastrear, de Juárez até aqui leva algumas horas, você não poderia fazer muita coisa se algo me acontecesse.
- Eu sei, mas você sabe porque eu faço isso. - ela murchou do outro lado da linha.Ah não de novo não!, pensei contendo um suspiro e revirando os olhos.
Dona Marichello sempre voltava no mesmo ponto, quando via que eu me sentia sufocada ela dizia que fazia isso pelo que houve com meu pai. Era a arma dela pra me convencer das coisas, mas ultimamente eu andava resistente.
Nós duas brigamos feio quando arrumei meu emprego na capital e ela tentou me convencer a ficar em Juárez, onde tudo lembrava meu pai e minha adolescência antes e depois dele. Por fim Juan a convenceu e pude me mudar. E sinceramente esse foi o melhor mês dos últimos anos.
- Sim mãe eu sei, mas fica tranquila eu sei me cuidar ok? Agora tenho que desligar, amo você, beijos.
- Também te amo filha. - minha mãe respondeu chorosa, mas desligou.
- Poxa sua mãe é super protetora né? - Maite sorriu pra mim quando desliguei.
Sorri pra minha colega de apartamento e fui pra cozinha pegar meu café.
- Ela tem medo de cidade muito grande... Acha que eu vou me perder, essas coisas...
- Meus pais também, mas faz um mês que você ta aqui, ela devia ficar mais tranquila, você já se habituou... Acho que ela tem medo da violência da cidade grande. - Maite deu de ombros.
- Pode ser, mas Juárez é considerada a cidade mais violenta do país, disso ela não lembra quando tenta me convencer a voltar, não é à toa que foi lá que... - emudeci mordendo os lábios.
- Lá o que Any? - Maite estreitou os olhos me estudando.
- Nada! - respondi me virando pra pia.
Me senti gelar por dentro ao lembrar do meu pai e da violência que presenciei ele sofrer. Eu só tinha 14 anos e de dentro do carro vi meu pai ser morto a tiros friamente. Levei a mão na boca, como fiz aquele dia pra conter meu grito de horror e desespero.
Maite era legal, havíamos nos conhecido quando me mudei e ela não conhecia a história. Na verdade eu não falava disso com ninguém, por mim que preferia me preservar de olhares de pena e pela minha mãe que morria de medo da história cair em mãos erradas.
Eu ainda sofria pela falta que meu pai fazia e como tinha sido tirado de mim. Por conta do que houve eu passei por um período de 02 anos de rebeldia com os hormônios à flor da pele. Depois disso me tornei uma pessoa muito sozinha e reservada. Nunca havia namorado sério, não tinha muitos amigos e sofri calada a maior parte dos anos. Pra mim não parece que faziam 10 anos.
- Any...
A voz da minha amiga me trouxe de volta e forcei um sorriso a encarando.
- Oi?!
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Irresistível - O Caso Portillo ✔
Любовные романыSinopse: Alfonso viu sua mãe ser assassinada diante dos seus olhos quando tinha 18 anos. 09 anos depois ele se tornou um importante CEO dono de uma empresa de segurança. Um dos homens mais sexy, rico e cobiçado do país. Marichello viu seu mundo e o...