Suspirei soltando as mãos de Anahí e digerindo tudo aquilo. Eu havia ficado calado enquanto ela me contava tudo, ouvindo e absorvendo tudo. Nunca achei que Henrique Portillo havia sido vítima de uma vingança contra Anahí.
- Deve estar com nojo de mim agora não é? - ela me encarou, os olhos ainda marejados.
- É claro que não, meu amor.
- Mas foi tudo culpa minha Poncho... Eu me calei por culpa, mas também por medo, em algum momento achei que eles podiam me prender, que Felipe pudesse dar um jeito de me colocar no meio de tudo.
- Isso era impossível... O que eu não entendo é como nunca ninguém cogitou algum tipo de relação entre vocês, ainda mais depois da briga que a escola inteira viu.
- Pois é a escola toda viu, mas ninguém se importa Poncho... Ainda mais quando a pessoa que está sendo zoada não é muito querida... A polícia nem conversou com os inspetores, professores nada, só pegaram o histórico escolar dele... Ele era um bandido, meu pai um policial e isso bastou pra polícia... E a minha mentira e a omissão deles facilitou tudo. - ela suspirou. - Mas se eu soubesse que aquilo aconteceria eu nunca teria irritado o Felipe... Ele queria acabar comigo, acabar com meu mundinho perfeito e conseguiu... E ainda deixou eu me safar pra que eu tivesse que me entender com a minha consciência todos esses anos... Obedeci minha mãe por culpa, me isolei do mundo por culpa, me tornei essa pessoa por culpa... A única vantagem foi que eu amadureci e deixei de ser aquela garota mimada e egocêntrica. - ela suspirou com amargura ao terminar de falar.
- Mas a que preço Any... Ele não tinha o direito de fazer o que fez... Eu sei que algumas palavras machucam, que as vezes a gente é cruel, mas você era quase uma criança, isso não justifica o que ele fez... Meu amor, o assassino ainda é ele e a vítima você. - enxuguei o rosto dela. - Ele sempre foi um monstro, não você.
Anahí me abraçou soluçando e acariciei os cabelos dela.
- Tem uma coisa que eu não te contei. - ela se afastou enxugando o rosto. - Lembra quando fomos pra Juarez na primeira vez?
- Lembro. - assentiu.
- Christian foi comigo sem você saber e ele foi na cadeia falar com o Pablo e o João.
- O que eles disseram?
- Nada, mas deram a entender que viram você e te deixaram viva de propósito... Agora entendi por que.
- Me perdoa por não ter te contado... Eu não queria que você sentisse nojo de mim.
- Eu nunca sentiria nojo de você... Não pensa besteiras ok? - acariciei seu rosto.
Anahí se aproximou e me abraçou me beijando. A peguei no colo e levei nós dois pro quarto. Quando deitamos na cama, Anahí envolveu minha cintura e encostou a cabeça no meu peito. Eu a mantive ali bem perto de mim e só consegui relaxar quando vi que ela tinha pegado no sono. Fechei os olhos, mas não consegui dormir.
Fiquei parado encarando o teto, meus dedos brincando com os cabelos dela. Qual linha tênue separa vingança de obsessão? Felipe ainda estava querendo se vingar pela humilhação ou pelos anos na cadeia? Ou será que queria se vingar das duas coisas? Precisava descobrir até que ponto ele iria e o que seria capaz de fazer pra se vingar.
Não consegui dormir à noite e acordei com a impressão de estar mais cansado. Anahí também estava exausta, pois, não acordou quando me levantei e nem com o barulho do chuveiro.
A ducha serviu pra me despertar. Quando voltei pro quarto me troquei, deixei um bilhete pra Any pedindo que aproveitasse a folga que ainda tinha e usasse pra descansar. Em seguida peguei o carro e sai.
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Irresistível - O Caso Portillo ✔
RomanceSinopse: Alfonso viu sua mãe ser assassinada diante dos seus olhos quando tinha 18 anos. 09 anos depois ele se tornou um importante CEO dono de uma empresa de segurança. Um dos homens mais sexy, rico e cobiçado do país. Marichello viu seu mundo e o...