Cap. 11 - Conversa Feminina

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   No outro dia, de manhã, resolvi sair e andar um pouco, já que na noite passada quase não dormi pensando no meu passado e, nas consequências dele. Pensei em como rejeitei Sasuke quando estávamos nos entregando um ao outro. Foi uma atitude idiota, mas eu tenho motivos, e eles levam à Neji, primeiro namorado que brincou com os meus sentimentos e o meu psicológico.

Eu confio em Sasuke, sei que ele não é assim. Porém algo em meu interior não me permite, me afasta, me deixando como estou agora.

Nem percebi quando esbarrei com alguém, para variar, ouvi um estardalhaço de vidro quebrando no chão. Levei os olhos ao objeto recém quebrado e claramente havia sido um copo. Vi unhas pintadas de rosa bebê apanharem os cacos no chão, e percebi que era a loira garçonete.

— Ino..? — Pronunciei seu nome, que se não me engano, era esse.

   Ela olhou para cima, mais especificamente para mim, e seus olhos pareceram me analisar.

— Estamos fadadas a nós esbarrarmos sempre. — Ela riu.

Realmente nossos encontros são assim, não que eu tenha encontrado ela tantas vezes.

Ela levantou com os cacos de vidro em cima de uma bandeja e os jogou numa lata de lixo ali perto.

— Desculpa pelo copo. — Coloquei as mãos no bolso da calça moleton que usava.

— Não se preocupe, nem irão sentir falta. — Ela disse e mais uma vez me analisou.

   Dessa forma ela não parecia a pessoa maluquinha e de certa forma divertida, que eu encontrara poucas vezes.

— Você está bem? — Ela perguntou parecendo preocupada e eu me surpreendi pega de surpresa com a pergunta inusitada.

— Por que pergunta?

— Você parece diferente das outras vezes que conversamos, parece distante.

    Absorvi aquelas palavras e pensei no quão realmente eu estava em outro lugar.

— Você nem imagina o iceberg que meu navio bateu. — Resolvi ser sincera, não custava nada dizer para ela. Se me arrependesse depois, resolveria também depois.

— Por que não entra e toma um café comigo? — Ela apontou para a porta da lanchonete, parecendo realmente gentil.

   Aceitei sem pensar muito, já que não costumo negar uma boa conversa e desabafo.
   Nós entramos no estabelecimento e ela me indicou uma das mesas, e disse que já voltava. A vi se atrapalhar toda para abrir a porta da cozinha, com a bandeja na mão.

   Ainda era a Ino maluquinha.

  Não se passou muito tempo quando ela voltou com duas xícaras em cima da bandeja, onde colocou uma a minha frente, e outra a frente dela.

— Obrigada. — Agradeci, depois procuraria algo em meus bolsos para pagar.

  Ela sorriu e colocou a franja solta do rabo de cavalo atrás da orelha, me esperando falar.

— Eu estou com um nó na vida, que não me deixa ir para frente.

— Um nó?

— É uma expressão.

— Hm.. — Ela fingiu entender e eu repensei se realmente fora uma boa ideia desabafar com ela.

  Mas o que eu mais queria era desabafar ali, justamente com ela; uma estranha. Então contei a ela partes do meu passado, omiti a parte em que fui presa, mas contei como fui humilhada, contei em como reencontrei meu ex -que também omiti seu nome-, e em como meu passado não me deixou conhecer novos caras, tirando Naruto, que me conquistou e me traiu.

— Uau. — Ela já havia tomado todo seu café, assim como eu.

— E agora esse outro cara... Ah, ele parece um sonho, sabe? — Eu sentia falta desse tipo de conversa com outra garota.

— Como ele é? — Ela pareceu animada em saber mais.

— Ele é atencioso, beija bem... — Quando eu disse isso, ela pareceu mais animada ainda. — Me derrete toda, e é lindo.

— Parece ser um sonho mesmo. Você o conhece a muito tempo?

— Não. Acho que é por isso que mesmo que uma parte de mim confie, outra não confia.

— Está certa.

   Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas ouvimos o chefe dela a chamar e ela acenar com a mão e levantar-se.

— Tenho que ir.

— Desculpe tomar seu tempo. — Levantei também, colocando as mãos no bolso procurando por um trocado para pagar o café e ela pareceu perceber.

— Não se preocupe com meu tempo, também não se preocupe com o café. — Ela sorriu.

— Obrigada, pelos dois.

Agradeci mentalmente pois não carregava nenhum dinheiro comigo.

— Será que podemos conversar mais vezes, assim? — Perguntei sinceramente ansiosa. Eu precisava de mais conversas femininas, conversar com Naruto sobre caras não era muito produtivo, já que ele não dizia "olha que gato aquele ali".

— Claro que sim! — Ela pareceu animada.

— Você tem celular..? — Ela a pareceu entender minha mensagem e colocou a mão no bolso.

Porém não entendeu, me ofereceu o próprio celular, parecendo hesitante.

— Seu número. — Eu ri divertida com suas desconfianças.

— Ah! É... — Ia começar a falar, mas como eu não estava com meu celular ali, nem nada que pudesse anotar o número dela, a interrompi.

— Não tem uma caneta aí? — Eu fiz um sinal, escrevendo na minha própria palma.

  Ela levou a mão ao bolso e mostrou uma caneta, que eu peguei, assim como peguei um guardanapo ali.

— Pode dizer.

  Ela me ditou seu número, enquanto eu anotava, contente de que teria uma nova companhia de conversas.

— Até. — Me despedi dela, enquanto via ela correr e se desculpar pela demora ao chefe.

Saí do estabelecimento me sentindo melhor, decidida a tomar uma atitude com Sasuke. Nós de alguma forma estamos juntos, não sei como isso começou, e muito menos como vai terminar, mas Sasuke desperta coisas em mim, me faz bem, eu confio nele e estou pronta para saber se ele sente o mesmo. Mas acho que já sei a resposta, afinal, ele sempre foi tão sincero.

"Estou interessado em você."

  Típica frase dita por jovens japoneses quando querem expressar um "estou gostando de você", ou um "você desperta meu interesse, talvez eu chegue a gostar de você".

Eu, de fato, estava interessada nele. E ao refletir nossa "relação", me pego admitindo que já comecei a gostar dele. Só falta expressar, ou somente começar a tomar atitudes, talvez ele perceba meus sentimentos. Claro que, se ele não perceber, tenho que expressar em palavras, já que ele não é obrigado a ler as estrelinhas.

 
  Primeiro, vou começar com atitudes.


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