Cap. 23 - Toda Ouvidos

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     Meus pais e os de Sasuke tinham uma versão diferente da história, e apesar de não ter dito nada a Sasuke, eu acreditava nos meus, óbvio.

    Eu não tinha ido com a cara do pai de Sasuke de maneira alguma, a mãe dele eu até engoli, mas Fugaku tinha algo que eu não conseguia digerir.

    Estava esperando algum táxi passar, não podia nem chamar um Uber, meu celular estava sem bateria desde que saí do trabalho. Não estava sendo difícil ensinar aos estagiários como funcionava, mas olhar para Hanabi me fazia lembrar de Neji, e consequentemente, da conversa que ele queria ter comigo.

    Eu não estava traumatizada, por assim dizer. Claro que vê-lo naquela festa que Sasuke me levou foi um choque, e eu tinha receio de que se eu o visse, tudo o que senti quando ele me humilhou poderia vir a tona e eu ficaria desolada novamente.

     Eu era generosa o sufiente para aceitar vê-lo, devia sentir ódio e repulsa contra ele a ponto de não querer chegar nem perto. Havia contado a Sasuke parte do que aconteceu, não queria que ele se preocupasse com o meu passado.

— Olhem só se não é minha cunhada tolinha! — Me tirando de meus pensamentos, Itachi apareceu em seu carro.

    Ele sempre aparecia nos momentos mais aleatórios.

— Está indo para casa? Eu posso te levar.

   Neguei com a cabeça, eu não queria assuntos com outro Uchiha por enquanto.

— Obrigada, estou esperando um táxi.

— Venha, não seja tímida. — Abriu a porta para mim, mas quando viu que eu não aceitaria, disse algo que chamou minha atenção. — Eu quero esclarecer algo sobre meu pai.

— Sou toda ouvidos.

    Acabei entrando e colocando o cinto, o encarei vendo dar partida como se soubesse onde fica minha casa.

— Coloque a localização ali. — Apontou para o GPS.

     Depois de feito, ficamos em silêncio, mas eu estava inquieta  propositalmente, esperava que ele dissesse logo, ansiosa.

— Eu soube o que aconteceu entre você e o meu pai.

— É, não foi um jantar muito agradável.

— Olha, eu não quero que você fique com uma impressão errada dele, ele geralmente não é assim. Agiu daquela forma porque nutre raiva por algumas pessoas, e uma delas infelizmente é o seu pai.

     Ele limpou a garganta, estava entrando em uma parte amarga da conversa.

     Se Fugaku odiava tantas pessoas e as tratava da mesma maneira que me tratou, sentia pena delas, não foi muito educado.

— Foi algo que aconteceu há anos, você pode não saber, mas nossas famílias iriam abrir um negócio juntas. Meus avós queriam abrir uma empresa de cosméticos, mas os seus achavam que não daria em nada e acabaram se separando. Só que os filhos deles, nossos pais, continuaram com a ideia.

     Meu pai não me disse nada sobre nossos avós, disse que a ideia dos cosméticos era dele e o senhor Uchiha a roubou na cara dura.

— Bom, você deve conhecer a Cosméticos Uchiha atualmente. — Ele torceu o nariz como se tivesse nojo. — Toda a raiva dele pelo senhor Haruno é porque ele supostamente roubou dinheiro da empresa quando ela começou a dar certo e deixou meu pai à beira da falência. — Ele viu meu olhar surpreso. — Não é como se eu acreditasse nisso, mas também não tenho motivos para desacreditar.

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