O Anjo Da Guarda?

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POV Jennie Kim

Eu estava sentada sobre o carpete, tamborilando meus dedos sobre a mesa baixa oriental de madeira seca enquanto Chaeyoung nos preparava um chá na cozinha.

O local não era tão grande por dentro quanto parecia por fora. Por ter sido transformado em um flat, as mobílias acabaram com qualquer ilusão de amplitude do espaço.

O que antes era ocupado por um carro de bombeiro e alguns equipamentos, agora era ocupado por puffs, cavaletes e uma cozinha básica. Uma grande estante colada na parede de tijolo maciço era preenchida de cima a baixo por livros e discos de vinil. Seu quarto ficava no espaço aberto do segundo andar, onde conseguíamos subir pela escada lateral de ferro e descer escorregando pelo preservado poste de bombeiro.

Não era essa a intenção de Chaeyoung quando veio bater em meu escritório em busca de um empréstimo para arrematar aquele galpão em um leilão. A sua ideia inicial era de transformar o espaço em uma escola de artes, mas o máximo que havia conseguido até o momento era dar algumas aulas particulares fora do colégio tradicional o qual lecionava.

Não que seu objetivo houvesse ficado para trás, Park Chaeyoung raramente desistia de algo, o que acontecia era que não fazia um ano que havia conseguido obter a escritura do local, então ainda faltava um longo caminho de reforma e documentação para finalmente inaugurar seu projeto.

- Aqui está. – Chaeyoung se aproximou me oferecendo uma xícara com chá de alecrim e então sentou do outro lado da mesa baixa, com sua própria xícara em mãos. – Quando quiser, é só falar.

Eu estava no segundo ano do colegial quando Park Chaeyoung entrou na sala de aula com seu cabelo ruivo ondulado e a gravata do uniforme frouxa ao redor do pescoço. Na época, Chaeng ainda atendia por Roseanne Park, nascida e criada na Austrália, com um coreano raso e um pastor protestante como pai que havia voltado para o país a fim de abrir uma filial de sua igreja sede que ficava em Sidney.

Por ter passado um tempo no exterior e ser fluente no inglês, me senti responsável por fazer sua experiência de estudar em um colégio tradicional ser a melhor que pudesse e desde então permanecemos juntas.

Diferentemente de Jisoo, Chaeng era a parte conselheira da minha vida. Enquanto eu e Jisoo agíamos antes de pensar, Chaeng pensava cinco vezes antes de agir, o que a fazia ser naturalmente um porto seguro no meio das tempestades, embora eu tenha precisado ser o seu em determinados momentos.

Contei tudo o que havia acontecido desde sexta-feira à noite até aquele domingo de manhã. Os olhos de Chaeyoung não me abandonavam ou tremelicavam por sequer uma vez e a única coisa que a mulher fazia era levar a xícara até os lábios para beber do liquido suave. Vez ou outra seus olhos se estreitavam e sua cabeça acenava em positivo.

- Eu sei que você deve estar me achando completamente louca nesse momento, mas..

- Eu não estou. – Chaeyoung me cortou com seriedade, colocando sua xícara vazia sobre a mesa. – Eu acredito em você, Unnie. Em nenhum momento me passou pela cabeça que estava mentindo. Na verdade, você nem sabe mentir.

Ela me deu um sorriso ladino e eu abaixei a cabeça, colocando meus cabelos para trás das orelhas. Chaeng estava certa, eu não tinha o dom para inventar coisas. Eu era sincera até demais.

- Ela está no seu apartamento então? – Chaeyoung indagou simplista, como se não houvesse nada de sobrenatural no que eu acabara de dizer.

- Sim, ela está.. – Minha resposta foi arrastada, enquanto brincava com a asa de minha xícara vazia. – E Jisoo também. - Foi breve, mas pude ver sua garganta engolindo em seco e seus olhos vacilarem por meio segundo. – Se você quiser, eu posso pedir pra ela sair antes de chegarmos.

[EM REVISÃO] Angel - Jenlisa | ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora