A Ressaca

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Já era dia quando Jisoo estacionou na frente do galpão.

Não havia sido fácil convencer Chaeyoung de ir embora com ela. A professora estava agitada e insistiu em ir de táxi até o último segundo, mas, quando percebeu, já estava sendo conduzida para dentro do carro de Jennie.

Mais um desafio foi obter o endereço da mulher. Jisoo não sabia exatamente onde Rosé morava, mas após muita paciência e concentração, conseguiu entender o endereço que a professora balbuciava.

Para Chaeyoung, a presença de Jisoo a deixava levemente perturbada. Só de olhar para a cara da escritora estava lhe causando irritação. Por este motivo ignorou a figura da mulher durante a festa inteira, escapando de conversas que a outra participava e se afogando cada vez mais em bebidas geladas.

Rosé havia adquirido aquele gosto por bebidas ainda no colegial, quando seus sentimentos começaram a ficar confusos e a necessidade de neutralizá-los surgiu. O álcool era uma espécie de amigo que lhe dava coragem para seguir encarando as merdas que aconteciam em sua vida. Geralmente seus problemas vinham sempre acompanhados com as lembranças de Jisoo, mas nem todo álcool que havia ingerido naquela noite conseguia neutralizar a presença física da púrpura, que sempre lhe olhava com aqueles malditos olhos negros transbordando preocupação.

A professora dormia no banco do carona, mas Jisoo tinha certeza de ter acertado o endereço quando avistou a rosa pintada nas portas do galpão.

- Chaeyoung-ah. – A balançou pelo braço, conseguindo fazê-la abrir os olhos. – Chegamos.

Rosé se espreguiçou em meio a um suspiro e correu as mãos pelo rosto. Um enjoo revirava seu estômago, ainda sentia o mundo a sua volta girar. Após alguns segundos olhando para além do para-brisa, tentou soltar o cinto de segurança que lhe prendia no banco. Sem obter sucesso naquela tarefa, observou Jisoo ir em seu auxílio e soltar a trava com facilidade.

Aquilo fez com que sua irritação surgisse novamente. Não queria estar na presença de Jisoo, não queria que Jisoo a levasse para casa e não queria que Jisoo cuidasse dela.

Entretanto, seu metabolismo ia totalmente na contramão de seus sentimentos atribulados.

A escritora observou a mulher se livrar da fivela com certa urgência e correr as mãos pela porta em busca da maçaneta interna. Rosé até que conseguiu abrí-la, mas ao invés de sair do carro, se inclinou apenas o suficiente para vomitar na calçada.

- Então é assim que vai ser. – Jisoo suspirou ao puxar a chave da ignição. – Não se mexa.

A púrpura abriu a porta e deu a volta no carro. Seu colete já estava desabotoado e os cabelos soltos. Observou a mulher já quase adormecida no banco do passageiro e sorriu fraquinho. Parecia que o tempo não havia passado.

Com certa dificuldade, conseguiu fazer com que Rosé se colocasse de pé e se apoiasse em seu corpo. Colocando um pé na frente do outro, conseguiu guiar a mais nova até estarem dentro do galpão.

Jisoo se permitiu admirar o espaço por alguns segundos. Embora o chão estivesse coberto por jornal e alguns objetos se aglomerassem nos cantos das paredes, o flat era a cara da australiana.

- You can go now (você já pode ir). – Rosé tentou se afastar, mas sentiu mãos segurarem sua cintura quando suas pernas vacilaram.

- Onde fica o banheiro? – Jisoo procurava por alguma porta a cada passo que davam.

Ignorando os comandos de expulsão vindos da professora, conseguiu encontrar o banheiro e arrastar a mulher para dentro do box. Um grito fino ecoou por entre os ladrilhos quando a escritora abriu o registro do chuveiro e a água gelada caiu em cima de uma Chaeyoung ainda vestida.

[EM REVISÃO] Angel - Jenlisa | ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora