Capítulo I

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Edit: O trecho citado no capítulo é da música Take me away do Nico Collins.
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Eijirou

Andando pensativo pela calçada suja e extensa que se direcionava à uma estrutura conhecida como escola.
Lá estava eu. Cabelos negros, pele morena, olhos com íris avermelhadas, tão chamativas que traziam olhares curiosos à mim.
Meu nome? Me chamo Kirishima Eijirou e sou um estudante de 15 anos.
Continuei andando mergulhado nos pensamentos que preenchiam minha cabeça. Diversos deles eram provocados pelas músicas que eram transmitidas em meus fones de ouvido.

Take me away

Take me away

Who am i to try to save me from myself

Take me away

To better days

Tal música era extremamente significativa para mim. Demonstrando em uma melodia incrível, meus sentimentos reprimidos de uma experiência traumática do passado.
Prossegui meu caminho, enfim chegando ao meu destino.
Várias pessoas chegavam ao mesmo tempo que eu, a grande maioria estando em grupos e conversando entre si.
Já eu, estava acostumado a ficar sozinho e isolado junto as minhas músicas que me faziam a companhia que eu necessitava.
Continuei minha caminhada em direção ao edifício, apreciando a tamanha modernidade da construção. Era certamente um local de prestígio.
Adentrando o edifício, me direcionei agilmente para minha sala, que não ficava tão longe da entrada.
A porta do local se encontrava trancada. É, certamente havia chegado muito cedo. Mas isso não fez a menor diferença. Sentei-me ao lado da porta esperando algum funcionário abri-la, para começar logo a maldita aula.
Fiquei ali. Sentado. Apenas observando o tempo passar, apreciando o ambiente e o silêncio que tornava aquele lugar calmo.
Falei cedo demais.
A paz perfeita, a qual eu desfrutava calmamente, foi destruída pelos meus colegas de classe. Chegaram de forma escandalosa, como sempre.
Não só eles, uma pessoa específica também havia chegado. A única pessoa que considero alguém íntimo de mim. Ele se aproximou silenciosamente e sentou-se ao meu lado, mexendo em meus fones de ouvido. Certamente queria me provocar.
Eu tirei os fones e encarei sua face. Sua expressão era séria, possuia cabelos louros brilhantes. Uma pele clara, mais pálida que a minha, e por fim, olhos com a mesma cor que os meus próprios, porém dando uma sensação mais selvagem ao rapaz.
– Kirishima, bastardo. Por quê fica com essa cara de enterro sempre? – Iniciou sua fala, demonstrando um tom de aborrecimento e preocupação, respectivamente.
– Cara de enterro? Haha! Que maldade! Não tem motivo, é realmente minha cara. Estou bem! – Engoli em seco, formulando uma expressão animada para demonstrar meu bem-estar para o garoto.
– Tch.. – rangeu seus dentes – Não me interessa. Só é irritante ver sua cara assim. – Ele concluiu, se calando em seguida e permanecendo em silêncio.
Também voltei a ficar em silêncio, colocando novamente meu fone na espera do tempo passar.
Suas respostas eram sempre assim. Cheias de agressividade e ignorância, mas sinto como se no fundo não fosse isso. Talvez fosse intuição, talvez confusão, mas eu tinha uma certa vontade de fazê-lo feliz, de viver ao seu lado, mesmo ele sendo assim, agressivo, narcisista e ignorante.
Sinto que tem ele não é tão mau, mas não irei deixar meus sentimentos serem notados. Não posso me tornar muito próximo dele e nem confiar demais.
Mas enfim, acabei me acostumando com esse tipo de situação.
Longos minutos se passaram e finalmente um monitor chegou no local, abrindo a passagem para dentro da sala que rapidamente ficou preenchida.
Fui diretamente para minha carteira, e deitei minha cabeça sob a mesa. Pouco a pouco a sala ficava mais barulhenta, o que fez eu ter de tirar meus fones e guardá-los na mochila.
Ainda restava meu celular, mas tive que guardá-lo junto aos fones, pois o professor também já havia adentrado a sala.
Retirei alguns materiais de minha bolsa, colocando eles sob a mesa, fingindo ser organizado e estudioso. Coisa que eu não era jamais.
Abri o caderno, mantendo minha atuação de aluno exemplar e logo quando o professor começou a ditar sua aula eu apenas observei em silêncio, sem fazer qualquer anotação.
Fiquei assim por três horários, perdido em pensamentos. Raramente prestando atenção na aula.
O tempo voou, já era horário de intervalo, onde normalmente fico na sala. Pra que perder tempo me movendo pela escola? Não tenho ninguém para andar junto mesmo.
Permaneci ouvindo minhas músicas e incrivelmente Katsuki Bakugou, o garoto de antes, não veio me perturbar como sempre faz.
De certa forma me senti meio solitário, mas é sempre assim, então não dei tanta importância e prossegui desfrutando de meu lanche em silêncio.
Rápidos minutos depois, o intervalo havia chegado ao fim. Ambos alunos e professores retornavam as suas respectivas salas.
O restante das aulas foi basicamente o mesmo de antes, porém eu me prontifiquei à ser menos atoa, anotando raramente algumas palavras. Não que realmente adianta-se algo.
O tempo se passou, infelizmente como uma lesma. Me deixando entediado facilmente. Logo no final da última aula, o professor passou um trabalho. Que inferno.
Ainda pior foi quando ele anunciou que o trabalho era obrigatoriamente em duplas. Isso dificultava tudo para mim, já que eu não possuía amigos muito íntimos, com aquela única exceção, que provavelmente nunca me escolheria.
A sala inteira se tornou movimentada, todos animados para fazer um trabalho com seus amigos, ou amantes.
Já eu, fiquei quieto esperando que meu comportamento chamasse atenção de algum professor, o que infelizmente não funcionou muito bem. Minutos depois, onde já haviam diversas duplas formadas, todos foram ordenados à se sentar, e assim o fizeram.
Levantei minha mão para anunciar ao professor a falta de um parceiro, torcendo para que ele me deixasse sozinho.
Sem sucesso.
Alguém se manifestou. Logo ele. Mas por quê? Foi dó? Realmente curioso.
O garoto de cabelos amarelados propôs ser meu parceiro no trabalho e eu apenas aceitei pacificamente.
Assim, terminaram-se as aulas.
Arrumei meus materiais que estavam todos espalhados na mesa e depois fui logo para o lado de fora do edifício, indo em direção à minha casa.
No caminho, fui repentinamente parado por Bakugou, que simplesmente entrou na minha frente sem dizer uma única palavra.
Ele olhou em meus olhos e levantou sua mão até seu ouvido, apontando para ele como sinal de "Tire os fones".
Assim o fiz. Em seguida, o loiro começou com sua fala.
– Vamos começar esse trabalho de merda logo, assim terminamos mais rápido. - afirmou o garoto - Vamos para minha casa. – afirmou novamente, enquanto estendia sua mão até meu braço para me puxar até sua casa.
Inconscientemente, eu acabei recuando. Me afastei rapidamente do garoto, como se algum instinto estivesse me dizendo "Não se deixe levar".
Meu coração estava desesperado. Sentia o terror estampado em minha face.
Bakugou pareceu surpreso com minha reação, pude ver sua expressão diferente.
Por rápidos minutos, um silêncio constrangedor se manifestou entre nós. Tal silêncio foi quebrado quando eu mesmo me manifestei, tentando desculpar minha reação.
– F-foi mal... É que não gosto de ir pra casa de ninguém... – Manifestei minha desculpa de forma atrapalhada.
– Tch. - rosnou irritado - Vamos para a sua então. – propôs, mantendo seu tom de irritação.
Ainda com a ideia de hesitação em minha mente, eu acenei positivamente, deixando o garoto me seguir até minha moradia.

[...]

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora