Capítulo XXV

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Denki

Depois da conclusão que eu e Tetsutetsu chegamos, ou melhor, que ele chegou, fiquei mais um pouco em sua casa até que ficasse tarde e eu finalmente voltasse para a minha própria.

Contei para o Hanta a conclusão que foi tirada e ele não perdeu a chance de dizer o quão irônico logo alguém como ele – que parecia não conhecer Eijirou tão bem – foi chegar àquela conclusão.
Depois ficamos pensando no que poderíamos fazer, se talvez devêssemos ser um pouco mais insistentes com Kirishima e faze-lo alguma companhia durante os intervalos mesmo que ele não queira nossa presença. Quero dizer, ele parecia bem solitário, não gosto de ver alguém assim, ainda mais quando é alguém com quem quero fazer, ou re-fazer, amizade.
Em dado momento, Hanta pareceu se lembrar de algo importante, começando a contar.

— Ah, verdade! No primeiro dia de aula Eijirou estava tremendo enquanto tentava me contar que Dabi fez mais do que ser babaca com ele...

— Droga, o que poderia ser? — analisei a situação, juntando as informações sobre quando a Jirou ligou para a Toga, o fato de Kirishima não gostar de toques e o fato dele estar tremendo... — Porra e se o Dabi tiver batido nele? Espancado?

— Faz sentido ter sido isso — vejo-o concordar comigo — Mas por quê? O que deixaria Dabi puto a ponto de bater em alguém como Kirishima?

— Não sei — Não me passa pela mente nenhum motivo para aquele raio de sol ter sido tratado tão mal a ponto de não querer contato com mais ninguém — Talvez a Jirou tenha uma ideia?

— Pode ser que sim, vamos falar com ela.

***

Falamos com Kyoka o resto do dia e acabamos sabendo que naquele dia Toga havia terminado com Dabi, mas que nunca mais tiveram informações dele a não ser a notícia de que ele foi preso por um crime não revelado. Certo, acho que posso afirmar com quase 99% de certeza que o motivo de prisão de Dabi foi algo que ele tenha feito com Eijirou, mas como o bom detetive que eu não sou, sei que não se pode acreditar 100% em algo sem ter provas concretas, então eu e meu irmão decidimos que iremos no aproximar de Kirishima aos poucos. Não queremos pressiona-lo e sim ajuda-lo, mas se é algo tão sério ao ponto dele tremer e não conseguir revelar, força-lo a falar vai apenas o deixar chateado, tenho certeza.

Dois dias se passaram nós andamos vigiando Kirishima para ter certeza de que ninguém tentaria ataca-lo novamente — soubemos do que aconteceu pelo Tetsu — e tudo correu bem, felizmente, mas Eijirou, que agora tinha mexas ruivas espetadas, que eu achei muito maneiro, aparentava estar bem solitário. As vezes ele sorria olhando para o celular, mas logo seu semblante desaparecia e me deixava mais ansioso querendo me aproximar dele.

Na Quinta-feira eu acabei não suportando e me aproximei de sua mesa no intervalo, puxando uma cadeira para sentar ao lado dele junto com o Hanta.

— O que querem? — ele perguntou meio desinteressado, afastando sua cadeira enquanto comia.

— Te ver sozinho me deixa triste — respondi sincero.

Ele arregalou os olhos, mas não falou nada e continuou comendo.

— Sabe, depois daquela dia eu realmente tentei falar com você — contei, me lembrando das inúmeras mensagens que mandei a ele, mas que nunca foram visualizadas. — Tentamos saber o que aconteceu, mas só descobrimos que Dabi foi preso por algum motivo junto com os outros... — No momento que eu mencionei aquele cara, Kirishima estremeceu, a expressão desgostosa que fazia deixava muito evidente que nutria total desprezo por ele. 

Parei de falar nesse momento, vendo que a hipótese de que o outro fez algo com ele realmente poderia estar correta. Não fiz isso de propósito, mas ao menos obtive uma quase confirmação da minha suspeita, então ao ver que ele começou a ficar desconfortável, mudei de assunto.

— Muito coisa aconteceu depois e eu flagrei meu pai beijando o senhor Akira no sofá da sala quando voltei de uma festa mais cedo — soltei um riso com a lembrança.

— E eu ainda tava com ele! Na hora que o idiota do Denki parou na porta eu empurrei ele sem querer, então ele caiu no chão e chamou atenção deles — Sero me complementou — Foi uma bagunça.

— Senhor Akira é o pai do Hanta, não é? — Finalmente Kirishima disse algo e se interessou em nos responder.

— Sim — respondo deixando um sorriso escapar — Foi assim que nos tornamos irmãos.

— Vocês parecem ter aceitado bem... — ouço-o murmurar, arregalando os olhos ao ver que o murmúrio saiu muito alto — Foi mal.

— Tudo bem cara — Hanta disse despreocupado — Pra falar a verdade, nós nunca pensamos nada de ruim de você Kiri...shima — olho para ele no momento em que ele quase chama o ruivo pelo antigo apelido. Que perigo, Hanta.

Eijirou nos olha com certa descrença, mas dá de ombros e diz que não se importa. Se não importa, por que continua nos odiando? Eu não entendo. Vou tentar conter ao máximo a droga da minha curiosidade para não chatear o ruivo que já está começando a nos responder.

Continuamos conversando por mais alguns minutos, onde eu sempre arranjava alguma história desastrosa para contar e felizmente Kirishima ria de algumas delas, então suponho que eu não seja tão ruim em contar histórias assim. O sinal de aula toca e temos que voltar para nossos lugares, mas como era o último intervalo do dia, significando que depois dessas aulas poderemos ir embora, nós não nos falamos mais naquele dia.

Então na sexta eu espero conseguir mais progresso com Kirishima, quero realmente ser seu amigo, quero estar lá para ele também.

[...]

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora