Capítulo XXXIII

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Katsuki

Na quinta-feira tentei novamente - e falhei - falar com Eijirou sobre aquele assunto. Eu sei caralho, eu tenho que falar para aquele cabelo de merda que fiz uma bosta terrível e basicamente revelei seu segredo para alguém que ele insiste em evitar, mas é simplesmente muito difícil, ainda mais quando a nossa apresentação se aproxima e ele parece ficar cada vez mais ansioso. Não gosto de vê-lo tão ansioso e isso me deixa realmente preocupado, talvez seja melhor não falar por enquanto, pois só vai deixar ele pior e sem condições de falar lá na frente ou provavelmente de ficar ao meu lado.

Droga, acho que essa é melhor coisa a se fazer.
Como dizem por aí: se os olhos não veem o coração não sente.
Bem bosta, mas é bem preciso nessa situação.

***

Hoje é sexta-feira, finalmente. Essa semana foi um inferno, principalmente por causa da merda do trabalho e pela merda que eu fiz na terça, mas estamos aqui e é só apresentar essa porcaria logo para respirar e eu finalmente poder contar para Kirishima sobre aquilo.

Cheguei mais cedo no colégio, então fiquei sentado na carteira, esperando pela chegada do ruivo enquanto ouço música, entediado.

Noto que entram três pessoas ao mesmo tempo na sala, sendo ela os dois Seros lá e aquele cara com cabelo platinado, Tetsutetsu, eu acho?

Estranho, eles chegaram juntos ontem também...

E enquanto eu pensava nessa estranheza, o loiro falsificado olhou para mim, sorriu e acenou como se nos conhecêssemos há anos e veio na minha direção. Eles também vão me atormentar, ótimo...

— Bom dia Bakugou! — Ele diz, o platinado veio ao seu lado e estava estranhamente silencioso, só percebi que mal ouvi a voz dele nesses últimos dois dias agora.

— Dia. — só digo isso e desvio o olhar, aumentando o volume da música para não ouvir o idiota.

— Vai mesmo nos ignorar cara? — Sim, eu vou. Vão se foder. — Que maldade... — O cacete, tem umas vinte pessoas nessa porra e vocês vêm logo em mim!

— Ele só tem olhos pro Eijirou... — o garoto de cabelo preto diz e eu começo a ferver de ódio à medida que ele prossegue — Tinham que ver, Bakugou é tão carinhoso e grudento com ele...

Acabo rangendo os dentes irritado. Sou carinhoso mesmo, porra, e não me envergonho disso de forma alguma. Eu gosto dele e isso é simplesmente um fato, todo mundo aqui sabe disso e não é para haver dúvidas mesmo. Porém, o fato dele ficar comentando isso me deixa meio... incomodado? Sei lá cacete, eu flertei com o Kirishima na frente dele então meio que não deveria me incomodar com isso.

Mas além disso, quem ele pensa que é para chamar o ruivo pelo primeiro nome?

— Olha, ele ficou bravo — Denki fala, zombando da minha cara contraída em irritação e toda vermelha nesse momento.

— Vão se foder. — Digo sem controle algum e meu olhar desvia para a entrada da sala, onde Eijirou chega parecendo um pouco cansado. Trato de me levantar, ignorando o grupo que me pedia desculpas, com exceção do Tetsutetsu, que parece bem aéreo e isso é irritante, mas vou pensar em coisas mais importantes por hora.

— Bom dia, Suki. — Kirishima me diz, desviando um pouco o olhar, o que me deixa meio confuso. Ele está me evitando? Ele vai em direção à sua carteira e eu o sigo inconformado.

— Bom dia... — Falo baixo e minha voz se perde em meio ao barulho da sala — Tá tudo bem? — Pergunto ao ruivo que agora se encontra sentado, arrumando seus materiais na mesa.

— Ah... sim. — Ele diz de forma tão lenta e contida que está óbvio que mente.

— Certeza? — Indago mais uma vez, inclinando meu corpo e debruçado sob sua mesa para fitar seus orbes.

— Tá sim, sério. — Sorri. Um sorriso fraco, certamente algo aconteceu.

— Achei que tivéssemos combinado de dizer a verdade um pro outro, Kirishima... — digo, não tirando meus olhos de seus orbes carmesins, esperando que ele ao menos me dissesse algo. Eu sei o quão hipócrita foi o que eu disse, mas me preocupo com o que pode estar acontecendo com ele.

O ruivo me encara seriamente, o sorriso forçado desmancha, sua boca abre e fecha para dizer alguma coisa até que finalmente consegue.

— Eu também.

***

Depois daquela resposta fiquei aturdido, não soube o que dizer. As palavras entalaram na minha garganta e o sinal de que as aulas começariam soou, piorando a situação. Kirishima me olhou por mais um tempo, depois desviou o olhar e deitou a cabeça na mesa, ignorando minha presença. Ele descobriu? Merda, então ele realmente ouviu minha conversa com o Sero...

Volto para minha carteira e fico em silêncio e sequer presto atenção nas aulas. O tempo passa de uma forma rápida para cacete e eu quase não escuto o sinal, tanto que a dupla de irmãos e o platinado tiveram que vir me acordar de meus devaneios. Fico xingando eles, mas no fundo fico agradecido, pois além de terem vindo ver se eu estava bem me avisaram que Eijirou havia saído da sala bem rápido e não foram capazes de o seguir.

Merda, onde ele foi?

No próximo horário, nós vamos apresentar e ele com certeza não se sente nada bem sobre isso.

Começo a andar pelos corredores do colégio, vou nas quadras, nas salas, nos banheiros, mas nada. O intervalo está quase acabando e eu não acho ele... merda, eu fui muito idiota. Já estou sem fôlego de tanto correr pela escola, recebo alguns olhares irônicos e vejo que se trata do grupo do merda do Mineta. Fico perturbado, indo na direção deles.

— Vocês fizeram alguma merda com ele? — Seguro o baixinho roxo, rosnando cheio de ódio e vendo-o tremendo com minha agressividade. Eles sabiam exatamente a quem eu me referia.

— Não vimos sua puta — um daqueles garotos desgraçados fala e eu penso em quebrar a cara dele aqui mesmo, porém, me lembro brevemente que se eu fizer isso Eijirou só vai se sentir mais culpado e eu não tenho muito tempo sobrando para arranjar uma briga.

Largo o filho da puta no chão e saio a passos largos novamente a procura do ruivo. Bom, tem um lugar que eu não procurei ainda, pois ele disse que odeia lugares isolados, mas não tenho muitas outras opções.

Vou até o terraço e abro a porta com brusquidão, fazendo com que ela bata na parede e logo eu sinto o vento contra minha face, procurando rapidamente pelo ruivo que logo avisto um pouco longe, encostado no parapeito do lugar. Me dá um calafrio enorme vê-lo tão perto de um lugar alto, então trato de me aproximar de forma consideravelmente rápida e sou capaz de ouvir soluços.

Ele está... chorando?

[...] 

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora