Capítulo XV

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Katsuki

Desconfio muito do Sero, mas ao mesmo tempo não tenho ideia do que pensar.
Não sei se ele pode estar mentindo ou não, afinal, nem conheço esse desgraçado direito.
Mas quero acreditar nele.

Enfim, voltamos para a aula e durante ela fiquei encarando Eijirou do outro lado da sala.
Merda, queria me sentar mais perto dele.

Mas, ao menos, ele não estava mais sendo perturbado com aquelas porras de bolinhas de papel.
Bando de desgraçados que não tem porra nenhuma da vida pra fazer.

Juro que se eles ousarem tocar no Kirishima novamente, vou foder eles. E não é do jeito bom.

*

Passou-se mais um intervalo, onde vi Kirishima devorando seu lanche como se estivesse morrendo de fome.
Não havia comido no primeiro intervalo?
Ah verdade.
Aquele bando de filhos da puta...

Quando as aulas acabaram, suspirei exausto com aquela merda toda.
Organizei minhas coisas e esperei Eijirou para enfim podermos sair.
As encaradas já haviam diminuído bastante, mas enquanto passávamos pelo corredor algumas pessoas ainda encaravam com desgosto.

Esse povo realmente não tem nada melhor para se preocupar?

Fitei Kirishima de canto e ele andava de cabeça baixa ao meu lado, suas mãos estavam no bolso, o que denunciava sua insegurança.

Certo, essas pessoas tem sorte que eu não tenho uma arma em mãos.

Levei minha mão ao ombro de Kirishima, fazendo-o me fitar assustado.

– Quer...segurar minha mão? – pergunto, fazendo o máximo de esforço possível para não parecer envergonhado, mas a queimação em minhas bochechas provavelmente me denunciava.

Ele arqueou suas sombracelhas em surpresa, mas logo retirou sua mão do bolso e entrelaçou à minha.

– Tudo bem... – Afirmou, segurando minha mão mais firmemente e escondendo o rubor em sua face.
Merda, ele é extremamente adorável. Como posso suportar isso?

Continuamos andando no corredor, agora de mãos dadas, a fim de sair logo da escola.
E os atoas continuavam encarando.

– Olha lá gente! – Um garoto de cabelos castanhos que estava em um grupo apontou em nossa direção – Eles são viadinhos mesmo, meu deus! Que nojento! – E começou a rir, arrancando risadas do restante do grupo.
Com exceção de um deles.

Era um garoto de cabelos platinados com sombracelhas dessa mesma coloração. Nunca havia visito ele.
O platinado não ousou rir, e ficou com o semblante confuso, aparentando estar desconfortável com a situação.

– Qual é a graça? Filhos da puta! – xingo o grupo, já indo na direção deles enfurecido.

– Bakugou, não vai, por favor – Paro ao ouvir a voz de Eijirou e sentir sua mão apertar a minha. Me fitou preocupado – Não vale a pena.

Porra.
Como eu resisto a esse anjo?

– Tch – resmungo envergonhado, voltando a andar pelo corredor.

Ouço o mesmo garoto mais uma vez

– Viram isso? A bixa ficou putinha e a outra ficou toda medrosa quando ele ia tentar bancar o machão – E riu novamente. Que puta risada irritante.

– Mas gente, qual é a graça disso? – Ouvi outra voz questiona-los, mas não pude ouvir o resto. Já estávamos longe demais.

Enfim, chegamos na calçada e decidi que iria acompanhar Eijirou até sua casa.
Lembrei daquele dia onde ele havia me contado tudo e acabei tocando no assunto.

– Kirishima – olhou para mim – Olha, não quero te deixar desconfortável nem nada, mas... – hesito antes de perguntar – Tem certeza que não quer ir a um psicólogo?

Um pequeno silêncio agonizante instaurou-se entre nós.

– Não. Eu até gostaria de ir – respondeu – Mas não quero dar mais trabalho pra minha mãe.

– Ela disse isso?

– Não – sua expressão começou a contrair-se em tristeza – Mas acho que é isso que ela pensa. Ela sempre foi tão atenciosa comigo, sempre me mimou e me tratou tão carinhosamente. E eu decepcionei ela, tenho certeza.

– Você quer dizer...? – Indaguei, recebendo uma afirmação silenciosa – Kirishima, é claro que você não decepcionou ela! Você não tem merda de culpa nenhuma pelo que aconteceu.

– Será que não tenho?

– Não. – neguei aturdido. Por que ele insistia em se culpar tanto?
Não era sua culpa se sua alma era tão inocente a ponto de acreditar nas palavras ensaiadas do desgraçado do Dabi. –  Ninguém tem a merda de culpa de ser estuprado.

E senti ele apertar minha mão novamente, como se tivesse segurá-la, se não iria se perder.

– Desculpa – sussurrou e era perceptível seu remorso.

– Não precisa se desculpar, idiota. – respondi, levando uma mão a cabeleira negra dele. – Mas pensa nisso, tá? Eu posso ir com você se quiser.

Sua face adquiriu um leve tom avermelhado, depois me encarou, abrindo um pequeno sorriso em seus lábios.

– Vou pensar.

*

Chego em casa depois do final de semana todo fora. Eu avisei, é claro, mas a velha ainda veio toda preocupada me perguntando aonde eu estava mesmo que eu já tivesse respondido no telefone, no sábado.
A mãe do Eijirou, Naomi, tinha insistido para eu ficar e o próprio também, só havia vindo aqui rapidamente buscar meu uniforme pro dia seguinte.

– Onde esteve, Katsuki?

– Já disse, estava na casa de alguém.

– De quem? – Porra, eu tô tentando fazer o assunto morrer, mas ela não ajuda.

– Do meu namorado, velha. – Não tenho ideia do que ela pensa sobre isso, mas que se foda também.

– N-namorado? – Ela me direcionou uma expressão confusa, como se não tivesse ouvido direito.

– Sim, namorado.

[...]
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Capítulo curtinho, foi mal

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora