Capítulo V

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Feliz natal atrasado ksks e feliz ano novo adiantado.
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Katsuki

De forma impulsiva e desesperada, eu acabei por atacar os lábios de Eijirou e envolvê-los em um beijo apressado junto aos meus. Eu sei que essa foi uma decisão terrível e isso ficou mais evidente quando ele me afastou, ofegante e assustado, com lágrimas não derramadas em seus olhos.
– Merda. – Resmungo pensando no ato impulsivo que acabei de cometer – Kirishima... Eu... – Não consigo nem formular uma frase direito – Foi mal.
Ele continua me encarando assustado e eu continuo me desculpando repetidamente em minha mente enquanto escondo minha cara envergonhada com minhas mãos.
– Não queria te forçar a me beijar. – Digo sentindo a culpa me corroer.
E ele continuou em silêncio.
Um silêncio que foi quebrado subitamente pela presença da mãe de Eijirou.
–  Eiji? Eu ouvi gritos e- – Ela parou de falar quando chegou na porta do quarto e viu Kirishima lacrimejando mudo de frente para mim. – O que fez com meu filho... – Disse com um olhar de condenação em minha direção.
Quando ela se aproximou o suficiente, inesperadamente Kirishima respondeu.
– Calma, mãe! – Ele disse com uma voz alegre, muito provavelmente falsa. – Estávamos contando histórias e a dele me deixou com lágrimas nos olhos – Falou com uma aura divertida.
– Ah – A mulher de cabelos negros suspirou, aparentemente aliviada. – Entendo. Me perdoe pela minha reação ruim.
E ela saiu ainda meio desconfiada e apreensiva.

Quando ela se foi, Eijirou virou-se novamente para mim, mas agora já não usava mais sua máscara.
– Tudo bem, Bakugou. – Ele disse não me olhando diretamente. – Eu que me desculpo por ter te afastado.
Encarei-o com uma expressão incrédula. Eu praticamente beijei ele contra sua vontade e ele pede desculpa por não ter gostado? Puta que pariu, isso não faz sentido, mas vou deixar isto passar por hora.
– É demais pedir pra fingir que algo aconteceu, né? – pergunto arrependido. – Não queria que as coisas ficassem piores entre a gente, mas a decisão é sua.
– Não quero que nada piore – Ele diz apenas isso e depois fica em um silêncio, pensativo.

*

Desde que havia visto ele pela primeira vez, Kirishima me chamou atenção. Um garoto de cabeleira negra e um sorriso único, mas que muitas vezes não parecia ser totalmente sincero. Ele sempre me pareceu reservado e não parecia gostar de se aproximar tanto das pessoas mas sempre cumprimentava a todos com um sorriso e conversava de modo animado.
Não tenho ideia de como cheguei no ponto de me apaixonar pelo mesmo, mas nunca repudiei a ideia, apenas era algo estranho e novo, já que eu nunca havia me apaixonado antes. Tanto que até demorei bastante tempo para aceitar que eu realmente estava apaixonado por ele.
Como notei? O jeito que eu me sentia perto dele era único, tanto que passei naturalmente a tratá-lo com menos agressividade e a pertuba-lo na intenção de me aproximar. Esse último fator foi bem bosta da minha parte na realidade.

Mas aqui estou eu. Fiz merda com a única pessoa que já fui capaz de gostar e me arrependo terrivelmente disso. Se ao menos eu não tivesse sido tão ansioso e tivesse agido sob efeito da minha ansiedade as coisas poderiam ser diferentes.
Eu não deveria ter me apressado, ainda mais depois do evento de ontem, onde ele aparentou esconder um grande trauma. Confesso que quero que ele me conte o que houve, que ele confie em mim e que eu seja capaz de ajudá-lo a superar, se é que vai ser possível.

Passaram-se algumas horas e voltamos a jogar fingindo que nada havia acontecido. Foi bem difícil, pois toda vez que eu o encarava eu sentia um misto de vergonha e arrependimento, o que deixa a merda da minha cara toda vermelha com um expressão tristonha.
Ele por outro lado ficava apenas meio envergonhado, o que chegava a ser fofo para caralho, mas é claro que não vou nem ousar falar isso para ele.

Após isto, fui para minha casa e o Domingo passou rápido até demais, chegando até Segunda, onde entregamos o trabalho sem trocar muitas palavras, depois Terça e... Quando me dei conta estávamos no meio da semana e não havíamos conversado muito, mas eu continuei 'atormentando' ele, o que quer dizer que fiquei acompanhando aquele idiota depois de tudo.
Eu quero conversar com ele para caralho, mas não quero deixá-lo desconfortável nem forçar uma conversa com ele.
Tenho medo de piorar tudo. Merda.

*

– Kirishima, podemos conversar? – Finalmente eu junto coragem e pergunto para o garoto enquanto lanchamos na sala com poucas pessoas.
– Sim... – disse aparentando estar receoso.
– Vamos para o terraço. – afirmo e logo vejo que ele não gostou da ideia. – Precisamos de privacidade para conversar. 
– Não gosto de lugares isolados – Ele responde, e isto já não me surpreende. O problema era que realmente é necessário essa privacidade. Não queria envergonha-lo na frente de toda a sala com minha declaração sincera e oficial, que de fato teria a espera de uma resposta concreta ao invés de um beijo forçado.
– Atrás da escola então? Tem menos pessoas do que aqui na sala – sussurro e ele concorda ainda apreensivo.

Ao chegarmos no local, realmente tinham poucas pessoas. Fomos para um lugar um pouquinho mais afastado, mas nada totalmente isolado.
– Agora vou fazer essa porra direito –declaro. – Kirishima, desde quando eu te vi com essa merda de cabelo preto eu te achei diferente. – vejo que sua expressão mudou um pouco com a palavra 'diferente' – Mas é um diferente bom. Você foi o único filho da puta por qual eu me apaixonei. Eu sei que fiz merda, mas eu t-te amo  – gaguejei, merda – e peço desculpas pelas merdas que fiz ou que disse. Mas... Você aceita namorar comigo? – digo olhando para o chão com medo de sua reação.

Quando olho em sua direção, vejo que seus olhos estão marejados novamente, sou tão ruim assim ao ponto fazê-lo chorar ao me declarar? Porra.

– ...foi tão ruim a ponto de você chorar?
– Não.... Não foi.. – ele diz abrindo um pequeno sorriso, meio desanimado – Eu não mereço alguém tão incrível, esforçado e másculo como você, Bakugou.
– Porra Kirishima, é eu quem não mereço um cara fofo pra caralho e alegre como você.
– Minha alegria é uma mentira. – fiquei sem palavras por um segundo . Por mais que eu já houvesse notado isso, sei que ele não é feito apenas de falsa felicidade.
– Deixa eu torná-la verdade. Eu prometo que mesmo sendo o merda que sou, vou fazer de tudo para deixá-lo feliz. – digo, sentindo um rubor formar em minha face. – Isso se você quiser ficar comigo.
– Droga Bakugou... – ele resmunga – é claro que eu quero.

Porra, depois de ouvir isto não resisti e abracei ele com toda vontade reprimida que tinha.
– Como consegue gostar de mim? Não faz sentido – Ele questiona e fico sem entender. Como alguém não conseguiria gostar dele?
– Não faça perguntas idiotas, seu idiota!

Sei que é apenas o início deste relacionamento , mas vou me esforçar para dar certo. Para ajudá-lo.

[...]

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora