Tetsutetsu
Neste momento estou sendo arrastado pelo Denki até sua casa. Eu resisti muito, porque não quero incomodar ele nem sua família com meus problemas.
E falando nesses problemas... Meu deus, o que eu estava pensando quando beijei o loiro? Eu não aguentei vê-lo todo triste e acabei beijando ele para anima-lo, mas eu deveria prever que as consequências seriam graves caso eu fizesse e meu pai visse. Fui um idiota e talvez eu tenha merecido?
Porém, a sensação foi tão boa... eu nunca vi nada de errado nisso e agora que provei, descobri que realmente gosto, talvez eu goste dele também? Ah, não sei o que pensar.
Estou tentando focar em outras coisas enquanto seguro a vontade enorme de chorar por causa do que aconteceu, droga, não acho que seria muito másculo chorar por causa disso.
***
Chegamos em silêncio na sua casa, mas um silêncio mais confortável. Ele está segurando minha mão e apertando bem forte, como se temesse que eu fosse fugir ou algo do tipo. É uma casa bem bonita, até mesmo mais que a minha própria, seu ambiente é bem acolhedor.
Olho ao redor e vejo um homem com cabelos negros, se assemelhando muito àquele garoto chamado Hanta – que pelo que Denki havia me contado, é seu irmão – seus fios são longos e escorridos, ele usa óculos e sua expressão está surpresa enquanto me encara.
— Voltou bem cedo, Denki. — ele comenta — E você seria um amigo dele?
— Ah, é... sim. Sou Tetsutetsu. — as lembranças do beijo me deixam meio sem jeito para responder, mas acho que é melhor dizer isso, já que não sei como o loiro pretende fazer com que seus pais aceitem minha estadia aqui.
— Meu pai está? — vejo-o perguntar e o moreno assentir, indicando para segui-lo e nos levando até a sala, onde vejo um homem com uma cabeleira loira como a do Denki sentado no sofá e vendo televisão tranquilamente. — Pai...
— Sim? — ele inclina a cabeça na nossa direção, disposto a ouvir o loiro ao meu lado, que parecia com medo de pedir aquilo.
Droga, acho que seria melhor se eu tomasse vergonha na cara e recusasse isso a força, não quero ser folgado de ficar na casa de alguém que nem conheço direito por conta de meus próprios erros.
— Eu tenho que pedir algo aos dois. — ele apertou minha mão mais ainda e tenho quase certeza que os dois homens mais velhos olharam para nossas mãos entrelaçadas.
— Tudo bem, pode pedir. — o loiro disse, já parecendo não entender mais nada — Mas sentem-se primeiro — ele indicou e nós dois sentamos lado a lado no sofá.
Estou envergonhado de estar aqui, fazendo com que Denki tivesse que pedir para eu ficar. Com certeza vai ser um incomodo enorme para ele fazer esse pedido.
— É que... — ele está hesitante. Merda... imagino que nem ele me queira aqui e só está pedindo por dó. Não quero ninguém tendo dó de mim ou algo assim e não posso abusar de suas boas intenções.
— Bro, você não precisa pedir isso, já disse que posso me virar... — digo, mas ele me ignora. O olhar confuso dos dois adultos cai sob mim e fico ainda mais envergonhado.
— Aconteceu algo? — o homem de óculos pergunta me olhando confuso.
— Sim. — o loiro ao meu lado afirma e demora um pouco para continuar — Olha, coisas aconteceram e o pai do Tetsu expulsou ele de casa. — ele diz bem rápido e vejo a expressão de choque nos outros dois.
— Isso é terrível. — o loiro mais velho comenta e me fita com pesar. Droga, não gosto destes olhares.
— E, bom... eu quero perguntar se ele pode ficar...
Vejo os mais velhos se entreolharem e falarem em conjunto:
— É claro.
— Hã? — fico surpreso com a aceitação — Vocês tem certeza? Eu não quero incomodar...
— Você não vai incomodar, não se preocupe. — o moreno sorri.
***
Um tempinho se passou desde que fiquei aqui e nele continuei confuso e envergonhado, não queria incomodar ninguém e agora estou aqui conversando com os pais do Denki. Eles me perguntaram se eu gostaria da ajuda deles para denunciar meu pai ou algo do tipo – não questionaram o porquê de eu ter sido expulso –, mas realmente não quero dar todo esse trabalho, além do fato de que por mais que ele tenha me expulsado eu poderia dar problemas a ele caso o denunciasse e ele já tem problemas demais para resolver. Talvez isso tenha sido apenas um surto de raiva e ele precise pensar um pouco para que eu possa voltar...
Já está de noite e eu ainda me pergunto se realmente devo aceitar ficar, não acho que seja algo muito legal de se fazer quando você nem conhece a pessoa direito, ainda mais quando você beija ela do nada apenas por vontade de não vê-la triste. Onde fui me meter?
— Desculpe, nós não temos futons muito confortáveis, mas espero que tenha uma boa noite de sono mesmo assim. — o pai de Denki, que descobri chamar-se Takashi, diz me direcionando à um quarto com duas camas em cada lateral e um futon próximo da direita.
Vejo o irmão do Denki em uma das camas, deitado enquanto mexia no celular, já tínhamos nos falado antes e ele ficou surpreso com minha estadia, mas pareceu aceitar numa boa.
— Não precisa se desculpar, já é mais que o suficiente vocês estarem deixando eu dormir aqui. — repondo ao loiro e ele sorri e leva uma de suas mãos ao meu ombro.
— Não precisa se envergonhar nem pensar que está incomodando, pode ficar quanto tempo achar necessário. Não está atrapalhando, de verdade. — ele diz, como se estivesse lendo minha mente — Sinto muito por ter sido expulso de casa por seu pai e por mais que esteja recusando ajuda, estou disposto a ajudar, beleza? — ele sorri mostrando os dentes, lembrando um pouco do loiro mais novo e sou incapaz de não compara-los.
— Obrigado, senhor Sero. — digo e ele sorri novamente, saindo do quarto.
Em seguida, Denki entra no quarto e eu fico meio sem graça de fita-lo, quer dizer, eu beijei ele e agora estamos fingindo que nada aconteceu...
***
Depois de tomar um banho rápido eu volto para o quarto e deito no futon ao lado da cama do loiro, que já está deitado e parece dormir calmamente. O Hanta está igual na cama do outro lado. Fico em silêncio esperando não estar tirando a privacidade dos dois irmãos ou algo assim.
Porém, tem algo me remoendo por dentro, me sinto realmente culpado por aquele beijo. Tudo bem que o cara não recusou nem nada, nem tentou se afastar, mas sinto que eu fiz merda ao beija-lo daquela forma sem aviso prévio, então suspiro antes de abrir a boca para falar.
— Tá dormindo? — sussurro com a intenção de que apenas o loiro ouvisse.
— Não, pode falar.
— Ah... — respiro fundo — Olha, foi mal — as palavras, por um momento, ficam presas na minha garganta — por te beijar, sabe.
Ele fica em silêncio por algum tempo.
— De boas.
— Vocês se beijaram? — estremeço ao ouvir a voz do Hanta.
— Vai dormir, intrometido. — o loiro diz parecendo irritado.
— Intrometido? Meu irmão teve seu primeiro beijo e eu quase não sei, é justo eu estar me intrometendo agora.
— Cala boca... — sua voz fica mais baixa e tenho a impressão de que ele está ficando mais envergonhado.
— Foi seu primeiro beijo? — acabo deixando escapar por curiosidade.
— Não importa.
Acabo soltando um riso com sua vergonha. O clima de repente ficou mais ameno e não me sinto tão tenso assim, apesar de que ainda há muitas dúvidas voltando na minha cabeça, tipo o que pode possivelmente ter acontecido com Kirishima, que era o que discutíamos antes de eu ser imprudente... Bom, tem muitas chances de ser o que eu disse, mas será que é realmente bom ficar tentando descobrir ao invés de esperar que o ruivo nos revele?
Provavelmente não, então se for isso mesmo, vou evitar ficar falando sobre esse assunto.
[...]
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You are my light [Concluído]
FanficKirishima Eijirou é um jovem com experiências passadas traumáticas, agora ele se encontra solitário em sua própria turma. Evitou confiar ou se apegar as pessoas. Mesmo estando apaixonado pelo loiro, Katsuki Bakugou, ele sente medo de se aproximar. ...