Capítulo XXVIII

1.7K 250 72
                                    

Hanta

Fiquei feliz pelo Bakugou ter entrado no nosso grupo, imagino que isso vá deixar o Kirishima mais confortável ao meu lado, mesmo que tenhamos mais trabalho, não é algo que realmente me deixe bravo, afinal, eu gosto de estudar.

O restante da Segunda passou bem rápido e nada extraordinário aconteceu, mas Eijirou me avisou que iríamos nos reunir na casa dele na Terça para fazer o trabalho. Imagino que ele se sinta mais seguro lá, então aceitei tranquilamente.

Neste momento estou andando ao lado do casal em silêncio para finalmente fazer o trabalho, e olha que temos bastante coisa para fazer.

***

Chegamos em sua casa, que é bem bonita ao meu ver, não sendo tão extravagante ou coisa do tipo. É parecida com a casa dele na nossa antiga cidade. Quando entramos, vejo uma mulher com cabelo preto e me lembro que se trata da mãe do ruivo.

— O-olá senhora Kirishima — cumprimento a mulher, que apenas prestou atenção em mim quando falei com ela. Sua expressão mudou para uma surpresa, imagino que ela não estivesse esperando por mim.

— Oh, Sero? Quanto tempo... — ela diz, mas parece estranhamente desconfortável — Como vai seu pai?

— Ah, ele vai bem... se casou de novo — comento e vejo ela sorrir parecendo um pouco mais despreocupada.

— Que bom!

Conversamos um pouco mais e enfim andamos até o quarto do ruivo, onde tem uma mesa para estudos que com certeza vai deixar as coisa mais fáceis, então sentamos nas cadeiras, começando a pesquisar informações sobre o tema e dividir o que cada um vai fazer.
Não conversamos muito depois e isso me deixou meio desconfortável, então acabo por abrir a boca para puxar algum assunto.

— Então... há quanto tempo estão juntos? — questiono curioso, fitando ambos que me encaram de volta em silêncio.

— Há um mês — Eijirou quem responde minha pergunta bem rápido, para então voltar ao trabalho. O loiro continua me encarando com uma expressão neutra, o que será que está pensando? Talvez eu tenha perguntado algo muito invasivo? Não tenho ideia, mas era uma dúvida sustentada puramente pela curiosidade em minha mente, afinal, ainda quero ser amigo de Kirishima e espero que consigamos nos dar bem novamente.

— Legal. — comento depois de mais alguns segundos silenciosos.

— Tsc. Faça o trabalho — ouço Bakugou bufar irritado. — Não estamos aqui para conversar.

— Desculpa — sorrio despreocupado — É que eu não gosto muito de silêncio.

— Não importa — ele rosna, como se quisesse me ameaçar de alguma forma.

— Nós podemos dar uma pausa se quiserem, comer algo sabe — Kirishima diz, tentando amenizar a situação tensa e se levanta — Vou ir buscar algo.

— Eu vou com você — Katsuki estava se levantando quando Eijirou negou precipitado — Tem certeza?

— Sim, podem continuar — então ele sai.

O quarto continua silencioso, mas agora está apenas eu e o Bakugou. Ele não parece realmente feliz com minha presença e isso me deixa meio apreensivo, mas agora que estamos sozinhos tem algo que quero perguntar e não posso deixar essa chance escapar.

— Você sabe o que fizeram com ele, não é? — questiono, e sinto seu olhar me queimando.

— Por que quer saber?

— Eu... realmente quero saber, quero que Kirishima confie em mim e me conte, mas também estou morrendo de curiosidade para saber. Talvez eu possa fazer algo sobre?

Ele suspira antes de me responder.

— Você não pode. — ele pontua, aparentando estar triste com a própria informação que deu e volta os olhos para o celular. — Eu não acho que você mereça ser odiado, mas entendo o porquê do Kirishima ter certa aversão a você.

Engulo em seco com sua opinião. Imagino que possa ter sido algo extremamente sério como eu e Denki especulamos, talvez tenham batido nele, causando um trauma enorme, palavras também poderiam ter feito ele não querer mais se aproximar de alguém, ou até mesmo... Espera, acho que isso seria exagero, não? Quer dizer... não, na verdade faz sentido. O crime não foi divulgado, Shoto não quis falar sobre isso, Kirishima também não.
Ele não gosta de contato físico, então as opções mais válidas seriam traumas físicos causados por aquilo, mas não quero aceitar que Dabi iria tão longe...

Apesar dele ser um babaca, ele seria mesmo capaz de... estuprar alguém?

Balanço minha cabeça para dispersar os pensamentos, pois percebi que fiquei divagando demais e o loiro me olhava de um jeito estranho.
Inevitavelmente pergunto:

— Ele não foi... estuprado, né? — Vejo os olhos dele arregalarem por alguns segundos e logo ele força sua expressão a voltar ao normal. Não, isso não pode estar certo...

Ele ficou em silêncio, mexendo no celular. Não me respondeu, por que ele não me respondeu?

A expressão dele fica amarga, e seus dedos se movem de modo mais frequente pela tela, como se estivesse buscando se distrair.

Porra, não pode ser...

Tenho quase certeza que meus olhos estão arregalados enquanto observo a figura loira tentando transparecer um sentimento neutro conforme me dava uma resposta silenciosa por acidente. Imagino que esteja desesperado tentando ser tranquilo, como se estivesse em dúvida sobre mentir ou falar a verdade.

Então realmente...

Ouço o som da porta abrir e Eijirou entra com alguns salgadinhos em mãos.

— Bom, não sei se agrada vocês, mas...

— Não tem problema, eu gosto —desperto do transe e aceito. Passa uma mesma memória dele me oferecendo esse salgadinho. Rio um pouco com a lembrança, algumas coisas realmente não mudam.

— Ah, droga, esqueci. — ouço-o praguejar — O que querem para beber?

— Qualquer coisa — o loiro murmura parecendo estar desinteressado.

— Também — concordo e ele sai novamente pela porta.

Bakugou me encara novamente, dessa vez seu olhar estava apreensivo diante de mim.

Engulo em seco e espero ele começar a falar.

A possibilidade dele ter sido estuprado ainda é bem descabida em minha mente. Não que não possa ter acontecido, mas eu não quero acreditar que ele realmente sofreu dessa forma, imagino que foi algo terrível e condeno mais ainda Dabi por ter possivelmente sido tão monstruoso a esse ponto.

Droga. Espero estar errado em minhas deduções.

[...]

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora