Capítulo VI

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Eijirou

Tenho que admitir que a declaração de Katsuki me deixou surpreso. Não por eu não achar que ele tivesse sentimentos por mim, mas sim por achar que ele nunca admitiria com todas as palavras que me ama.

Porém, me sinto plenamente feliz de saber isso e de agora estar com ele, algo que era impossível ao meu ver.
Bom, ainda acho que é impossível e talvez isso possa não dar certo.

Talvez eu não consiga demonstrar meu amor por ele e isso estrague tudo. Talvez eu não consiga ser carinhoso nem amoroso...
Eu nunca consegui ser assim depois do que aconteceu comigo naquele dia.

Mas ainda não é hora de desistir, vou me esforçar para agradar Bakugou, mesmo não me considerando merecedor de sua companhia e inevitavelmente ainda temendo ela.

*

Após a declaração voltamos para a sala correndo, pois o intervalo já havia acabado há uns 10 minutos.
Caramba, como demoramos tanto por conta de uma simples declaração?

Chegamos na sala juntos e ofegantes, o que trouxe olhares curiosos.

- Katsuki e Eijirou, os senhores estão atrasados. - Aizawa questiona com o cenho franzido.

- Sabemos. - respondemos em conjunto.

- Posso saber o que estavam fazendo?

Flashbacks do momento da declaração começam a passar em minha cabeça e eu acabo parando na parte onde Katsuki diz que sou 'fofo pra caralho', o que me faz corar de imediato.
E isso não passou despercebido pelos olhares curiosos dos alunos presentes.

Um silêncio se instaura no lugar e logo depois começam os sussurros e alguns risos fazendo a sala ficar barulhenta.

Eu olho para Aizawa que parecia já ter 'entendido a situação' e mandava nós dois irmos para nossos lugares.
Eu olhei para Katsuki desesperado e ele estava com uma mão tampando sua face enquanto parecia se segurar para não rir da situação.

Vendo isso, pensei de fato que mesmo sendo uma situação vergonhosa, era engraçado pensar que todos estavam assumindo coisas safadas sobre nosso atraso.

Antes de irmos para nossas respectivas carteiras, que ficavam considerávelmente longe uma da outra, vejo a mão de Bakugou indo até minha cabeça e afagando-a, direcionando a mim um pequeno sorriso.

Eu sorri de volta e em questão de segundos os olhares curiosos caíram sobre nós novamente e tivemos que enfim ir para nossos lugares.

*

As aulas se passaram rapidamente depois disso. De vez em quando eu sentia alguns olhares em minha direção. Todo tipo de olhar, do de nojo até o curioso.

Quando a última aula acabou, tentamos sair o mais rápido possível, mas o professor Aizawa foi mais rápido e nos chamou para a diretoria.

- Eu sei que vocês são adolescentes e que estão com os hormônios a flor da pele, porém um ambiente escolar não é lugar para se fazer esse tipo de coisa. - Nezu, o diretor baixinho, dizia.

- Nezu-san, você não entendeu direito, nós não- -antes que eu pudesse terminar de falar fui interrompido.

- Eu entendo que vocês estejam envergonhados para falar disso. Mas acreditem, eu também já fui jovem e-

- NÓS NÃO TRANSAMOS CARALHO! - Bakugou aparentando estar impaciente.

- Então o que explica o atraso? - Aizawa perguntou ao lado do diretor.

- Ele se declarou para mim e acabamos não vendo o tempo passar. - eu disse a verdade, não aguentando mais ficar ali. - Eu estou falando a verdade! Deixa a gente ir agora, por favor. - falei, quase implorando.

Ambos adultos se entreolharam parecendo não acreditar em minhas palavras e logo se pronunciaram.

- Acreditaremos nisso. - Nezu afirmou - Porém, essa desculpa não apaga o fato de vocês terem se atrasado, então amanhã receberam algum castigo.

Concordamos e logo fomos dispensados.

Fomos para casa e no momento que nossos caminhos se separavam decidi fazer algo que eu nunca me imaginei fazendo com alguém.

- Bakugou! - chamei pelo nome do loiro, que se virou em minha direção e esboçou uma expressão de surpresa quando o puxei para um beijo.
Um beijo inocente, curto e não aprofundado, já que não tenho experiência alguma com isso.

Quando nos separamos, fui capaz de ver a face de Bakugou toda corada.
É uma visão tão bela. Como ele ainda pode dizer que o fofo sou eu?

- Seu idiota. - Ele disse e em seguida passou a mão em meus cabelo e beijou minha testa de forma carinhosa, virando-se na direção do caminho de sua casa acenando para mim com sua face ainda um pouco avermelhada.

Foi um gesto simples, mas que me deixou animado pelo futuro.
Ainda não confio totalmente no loiro e isso pode demorar, mas vou me esforçar para confiar nele e ser capaz de fazê-lo feliz.

Vou me esforçar para dar certo.

[...]

You are my light [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora