Capítulo 2 - ELA se envolverá com ELE (part.2)

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- Oi Marcelo, pode falar?

- Claro, diga. Já se arrependeu de ter aceitado minha proposta? – ele brinca.

- Não, não, pelo contrário. Acabei de receber duas entradas de impressa para o jogo de hoje,  e pensei "Que torcedor do América que eu conheço para levar e sacanear com a vitória do Vascão? Marcelo!". Aí, resolvi te ligar pra ver se você não estava a fim.

Ele deu uma leve risadinha antes de responder.

- Claro que aceito. Estou dentro. Só que vai se frustrar – ele responde.

- Me frustrar?

- Sim, vai ser 2x0.

- O que, você disse? – pergunto ressabiada.

- 2x0 pro América, ora.

- Isso é o que veremos – respondo, para logo em seguida, emendar – contudo, temos um problema.

- Qual?

- As torcidas são divididas, você vai ter que ir na torcida do Vasco comigo.

- Não tem problema não. Eu sei me comportar bem. Será ótimo ver de perto a cara de frustração da torcida.

Dou uma gargalhada de escárnio antes de perguntar:

- Você me busca então às 20h30min na minha casa? O jogo é às 21h45min.

- Marcado, 20h30min em ponto estou na sua casa.

Desligamos o telefone e volto para terminar minha matéria muito ansiosa para que a noite chegue logo. Só em grandes disputas de título eu havia ficado tão empolgada para um jogo. O expediente termina às 19h00min e, ao arredondar do cronômetro, sem acréscimos, saio do trabalho e retorno pra casa.

- Olá – cumprimento minha mãe, que estava na sala assistindo novela.

- Oi, filha, tudo bom?

- Tudo - e já entro direto para o banheiro do meu quarto.

- Não vai jantar em casa? - escuto após alguns minutos do lado de fora do banheiro.

- Não, vou ao jogo do Vasco.

- Com quem? – a intrometida mais uma vez pergunta.

- Com uns amigos vascaínos, os de sempre.

- Quer que eu faça um sanduíche pra você?

- Pode ser.

Tiro a roupa, me olho no espelho, identifico como sempre os três quilinhos que tenho que perder,  ligo o chuveiro, espero a temperatura da água esquentar para em seguida entrar no box. Enquanto a água escorre, fico imaginando a cara do Marcelo se o América fizesse um gol, ou o Vasco o terceiro, ou se o jogo terminasse empatado, enfim, um resultado diferente de 2x0 para o meu time. Ele iria admitir sua maluquice, com uma cara constrangida e eu riria. Conversaríamos sobre o porquê daquilo tudo ontem, sorrir dos detalhes estranhos, mas no final, acredito, iríamos ficar bem, em beijos de paz, como duas pessoas normais que estão se conhecendo e seguindo o rumo tradicional. Desligo o chuveiro, me enrolo na toalha e ainda um pouco molhada, pingando, vou até meu quarto. Como moro apenas com minha mãe no apartamento, não tenho pudores em andar de calcinha e sutiã e, nesses trajes e uma toalha na cabeça, saio em direção à sala.

Sentada no sofá e assistindo à novela horrível que minha mãe acompanha, mastigo o sanduíche. Como ela conseguia ver isto? Volto ao meu quarto, coloco um short jeans com as bordas rendadas e a camisa do Vasco, seco meu cabelo, escovo caprichosamente os dentes, dou mais uma conferida no visual, exagero no perfume e espero meu celular tocar. Não demora mais de cinco minutos.

O Homem do Futuro do PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora