Sento no banco, onde Bianca esteve, com a cabeça tonteando. Marcelo oferece água.
- Prefiro uma daquelas cachaças que bebemos na entrada.
- Estava um clima tão legal... Nosso beijo de sapo – diz conseguindo diminuir o estado de tristeza e me arrancar um sorriso – Logo na hora que eu estava me transformando em príncipe...
Marcelo retorna com as cachaças, uma pra mim, uma pra ele: viramos em um só gole. Peço mais. E bebemos outra, também num gole. Subimos com duas capivodcas na mão de volta para a pista principal que explodia ao som de "I need your Love" do Calvin Harris. Amo essa música. A pista vibra e canta alto. Com os corpos colados nos beijamos, exploramos o tato, nos olhamos dizendo, sem palavras, coisas obscenas, na frente da cabine do DJ.
O álcool produz seu efeito de vez. Acho que estou bêbada. As músicas perdem a unidade e se transformam num emaranhado de sons que canto, curto, sinto, enquanto beijo Marcelo. Ele me leva até a parede, roça a barba um pouco acima do decote e vai subindo insolente pelo meu peito, até morder minha orelha. Estou louco por você – diz à borda. Não respondo. Apenas jogo a cabeça para trás, aumentando o ângulo do meu pescoço com sua boca. A mão esquerda que segura a minha nuca, escorre pela lombar, para logo me apertar. É uma pressão bem dada, de quem sabe fazer, de quem é quente na cama. Esse homem está me deixando louca! A mão passa pelas minhas pernas desnudas abaixo do short, e ele as acaricia, como se estivesse provando a maciez da minha pele. Nada disso! Retiro delicadamente a mão dele, devolvendo à minha cintura, sem parar o beijo. Te quero muito, sussurra no meu ouvido.
- Eu também te quero, muito – finalmente confesso entre suspiros.
- Vamos embora daqui, vamos pra minha casa... – e faz uma cara sofrida, uma espécie de cachorro pidão implorando carinho.
- Não sei se tenho cabeça, Marcelo, melhor hoje não.
- Por que não? Você acabou de me dizer que me quer... Qual o problema?
- Eu briguei com minha melhor amiga por causa de você. Ela saiu te xingando. Estou sem clima - não escondo a minha cara de sofrimento pela briga que travava com minha consciência: Bianca versus Marcelo. Queria dizer sim, deixar ser levada em seus braços e rolar na cama pela madrugada, acordar juntinhos e fazer de novo e de novo... Mas não posso.
- Já que você brigou com ela e ficou do meu lado, que seja por um bom motivo.
- Eu quero, mas há muitas coisas gravitando na nossa relação, que me fazem pensar que talvez possamos esperar um pouco.
- Você agindo assim apenas contribui para que a sociedade continue machista.
- Marcelo, você não entendeu nada. Não tem nada a ver com machismo. Se eu estiver à vontade de transar com você, transo aqui mesmo e estou pouco ligando para o que vão pensar – digo com confiança, sabendo no fundo que não é plena verdade.
- O que é então? A Bianca? Olha como a gente tem uma ligação absurda! Uma coisa diferente, no restaurante, no estádio, na praia, passamos hoje o dia inteiro, você não sentiu também?
- Senti... Porém é mais que a Bianca...
- O que tá rolando entre a gente é uma parada especial. Gostei realmente de você, estou envolvido. Não pense que eu quero, desculpe o termo, "te comer.", quero ficar com você, passar a noite toda colado...
- Eu sei que você não quer "só me comer", mas sei lá... É um passo complicado ainda. Vamos devagar? Você consegue me entender, por favor? Estou te pedindo – digo tentando por um ponto final no assunto, mas ele é sagaz. Assim que termino a frase, é como se não a tivesse dito. Ele volta a atacar vorazmente meu pescoço para logo em continuidade tornar a me beijar. Malandro, ele alterna as estratégias, primeiro a sensorial depois a argumentativa e, assim, vai, até que uma das duas consiga me vencer, me convencendo a ir para cama.
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O Homem do Futuro do Presente
ChickLitUm homem desconhecido surge repentinamente e afirma que voltou no tempo para reencontrar Amanda exatamente no dia em que se conhecem. No futuro, eles foram namorados, mas algo irá separá-los. Ao mesmo tempo em que se envolve com Marcelo do Futuro...