Capítulo 3 - Ela se apaixonará por Ele (part.7)

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Eu tinha acabado de levar um soco na cara. Caio dura, em nocaute. Como assim? Não deu nem quatro horas que ele estava no maior romance da praia comigo e já chamou outra pra ir na festa?  Cachorro! Homens são todos iguais mesmo. E o cara de pau ainda nem para mentir, inventar uma desculpa, sei lá... Não vou nem responder.

- Brincadeirinha! – o desgraçado solta em alto e bom tom, valorizando cada sílaba, bem serelepe, quando eu já me preparava para desligar o telefone, após longos dez segundos de silêncio – Claro que seu ingresso ainda está aqui! Ia deixar pra vender na porta. É seu!

- Filho da puta! – xingo, ainda muito zangada pela pegadinha. Irritada, mas aliviada. Ele fez isso de propósito, foi muito mais do que uma piada, foi um truque. Marcelo me fez sentir nitidamente a dor. Ele ouviu minha respiração de frustração. No momento que suas palavras entraram no meu ouvido, senti o frio na barriga, uma dor de decepção correndo em forma de choque. Marcelo causa, ardilosamente, reações químicas, físicas, sei lá, no meu corpo para que eu lembre bem, deixe marcado e provado em mim, que estou sentindo algo diferente por ele. A dor como minha intérprete: traduzindo, com certeza absoluta, que eu me importo com ele, que estou envolvida.

- Calma, Amanda, foi uma brincadeirinha – gargalha do outro lado da linha, se divertindo com o sucesso de sua jogada. Eu, como uma pata, caí. Contudo, isso me prova que ele é um ótimo mentiroso, o tom da sua voz foi perfeito, me fez crer piamente.

- Então, engraçadinho, comediante, como vamos pra festa? Que horas?

- Nossa, que ótima notícia que vamos passar a noite toda juntos!

- Hein, Marcelo, me responde a pergunta... – emendo, como se não me importasse com a empolgação dele, eu tinha que amenizar a confissão da paixão que meu silencio tinha causado há pouco.

- Eu passo de táxi aí, vou beber né, melhor não dirigir.

- Claro, sem dúvida.

- Que tal, umas dez e meia, onze horas? A gente chega cedo, festa com tudo liberado não tem por que ficar enrolando.

- Por mim, tá ótimo. Dez e meia tô pronta.

- Tá bom, minha linda. Até mais. Beijos.

Tenho que pensar agora no que vou vestir, o que vai combinar, a maquiagem... Abro o armário e guardo o vestido azul, bem singelo, que havia separado para ir ao aniversário da minha avó. Com certeza, não seria com ele que apareceria na festa. Boto um short e uma blusa quaisquer e vou até a cozinha. Encontro minha mãe enchendo um copo d'água:

- Tem alguma coisa pra comer, mãe?

- Não tem nada preparado não. Achei que iríamos comer na sua avó...

- Pois é – digo abrindo o freezer e pegando um prato de comida congelada. Sei que é um veneno, mas, hoje, será isso mesmo. Enquanto tiro a embalagem e coloco o prato nas micro-ondas, minha mãe, como sempre, não se abstém de perguntar:

- Vai sair hoje?

- Vou.

- Com quem?

- Com a Bí e com o namorado.

- Ué, a Bianca está namorando?

Meu deus! Esqueci que não tinha contado isso pra ela. Lá vem uma avalanche de perguntas:

- Está, mãe.

- Quem é? De onde?

- Murilo, conheceu na academia – respondo tentando ser o mais breve possível, sem dar espaço para que ela encontrasse o gancho para outra pergunta.

O Homem do Futuro do PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora