Capítulo 4 Ela amará Ele (part.11)

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A ausência de barba realmente me desnorteou. Há minutos ele estava com outra roupa e a barba por fazer, não era possível. Mas, enfim, refletirei sobre isso depois. O estudo da sanidade confrontada com as viagens no tempo pode esperar. Agora, é necessário entrar no jogo, já que estou falando com o Marcelo do presente, serei obrigada a fingir que não o havia encontrado minutos antes e tampouco comentar sobre o barraco no camarote. Eu tenho que manter meu papel de mulher brava e desapontada:

- E ai, tudo bom?

- Tudo e você? – como ele está violentamente lindo!

- Tudo certo. Mas não era o senhor que havia dito que não viria à festa? Que eu poderia ficar tranquila?

- Não resisti, precisava te encontrar, precisava desembaraçar esse nosso caso de uma vez...

- Precisava me ver ou você não podia perder a festa bombástica e deixar todas essas meninas que não sentem frio ficarem carentes?

- Para com isso, Amanda. Eu tô cagando baldes para qualquer outra menina.

- Ah, claro...

- Bom, mas você pode me explicar o que você estava fazendo aqui sozinha perto do banheiro masculino? – sorri maliciosamente, me acusando, tentando virar o jogo – está esperando alguém é? Rápida no gatilho assim?

- Eu me perdi da Bianca – tento disfarçar, mas a mentira estava indiscretamente melando minhas palavras.

- Sei, sei.

- Não posso estar aqui curtindo o show sozinha? Tem problema nisso? E se tivesse com alguém? Que direito você teria de reivindicar alguma coisa? - ah se ele soubesse que não tenho vontade de ficar com homem algum.

- Direito nenhum, direito nenhum...

MC Marcinho volta a exclamar a princesa e Marcelo canta junto com ele, mais uma vez, como se me oferecesse a música.

- Princesa, eu? Cadê o príncipe? Não estou vendo nenhum por aqui. – digo procurando com a cabeça alguém por trás dele. Ele ri.

-Engraçadinha. Para de picuinha. Tava morrendo de saudade de você, sabia? – tenho que forçar minha cara de emburrada, manter-me firme na posição para não ceder a este sorriso, esta voz meiga me dizendo tais palavras, esta atração que me convoca. Dessa vez é o Marcelo do Presente me falando coisas bonitas, é bem raro.

- Saudades? Sério? Não me pareceu muito não. Quem sente saudade, procura, corre atrás, liga. Você transou, deu o bolo do cinema, e depois desapareceu, a famosa e clássica mágica dos homens.

Ele não se afeta com a minha alfinetada e continua:

- Eu já te disse que tive problemas, é verdade.

- Tudo bem, não quer falar não fala.

Ele se mantém por um tempo apenas me mirando dentro dos olhos. Como resistir? Que vontade de mandar o "foda-se", me jogar nos braços deles e falar que também morri de saudade!

- Acredite em mim, não queria te machucar, de verdade.

- Não me machucou não, relaxa.

- Não foi nada disso que você está pensando. Eu nunca quis só sexo com você. Tenta me entender... Eu juro.

- Tudo bem, darei um voto de confiança – e assim que termino essas palavras ele pega pela minha mão, delicadamente.

- Me perdoa? – e sua face é penitente, uma criança angelical e pura em sua primeira confissão, pedindo perdão ao padre por ter falado palavrão e implicado com o amiguinho na aula de ciências, ansioso pelo castigo, chibatadas que fossem.

O Homem do Futuro do PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora