A ausência de barba realmente me desnorteou. Há minutos ele estava com outra roupa e a barba por fazer, não era possível. Mas, enfim, refletirei sobre isso depois. O estudo da sanidade confrontada com as viagens no tempo pode esperar. Agora, é necessário entrar no jogo, já que estou falando com o Marcelo do presente, serei obrigada a fingir que não o havia encontrado minutos antes e tampouco comentar sobre o barraco no camarote. Eu tenho que manter meu papel de mulher brava e desapontada:
- E ai, tudo bom?
- Tudo e você? – como ele está violentamente lindo!
- Tudo certo. Mas não era o senhor que havia dito que não viria à festa? Que eu poderia ficar tranquila?
- Não resisti, precisava te encontrar, precisava desembaraçar esse nosso caso de uma vez...
- Precisava me ver ou você não podia perder a festa bombástica e deixar todas essas meninas que não sentem frio ficarem carentes?
- Para com isso, Amanda. Eu tô cagando baldes para qualquer outra menina.
- Ah, claro...
- Bom, mas você pode me explicar o que você estava fazendo aqui sozinha perto do banheiro masculino? – sorri maliciosamente, me acusando, tentando virar o jogo – está esperando alguém é? Rápida no gatilho assim?
- Eu me perdi da Bianca – tento disfarçar, mas a mentira estava indiscretamente melando minhas palavras.
- Sei, sei.
- Não posso estar aqui curtindo o show sozinha? Tem problema nisso? E se tivesse com alguém? Que direito você teria de reivindicar alguma coisa? - ah se ele soubesse que não tenho vontade de ficar com homem algum.
- Direito nenhum, direito nenhum...
MC Marcinho volta a exclamar a princesa e Marcelo canta junto com ele, mais uma vez, como se me oferecesse a música.
- Princesa, eu? Cadê o príncipe? Não estou vendo nenhum por aqui. – digo procurando com a cabeça alguém por trás dele. Ele ri.
-Engraçadinha. Para de picuinha. Tava morrendo de saudade de você, sabia? – tenho que forçar minha cara de emburrada, manter-me firme na posição para não ceder a este sorriso, esta voz meiga me dizendo tais palavras, esta atração que me convoca. Dessa vez é o Marcelo do Presente me falando coisas bonitas, é bem raro.
- Saudades? Sério? Não me pareceu muito não. Quem sente saudade, procura, corre atrás, liga. Você transou, deu o bolo do cinema, e depois desapareceu, a famosa e clássica mágica dos homens.
Ele não se afeta com a minha alfinetada e continua:
- Eu já te disse que tive problemas, é verdade.
- Tudo bem, não quer falar não fala.
Ele se mantém por um tempo apenas me mirando dentro dos olhos. Como resistir? Que vontade de mandar o "foda-se", me jogar nos braços deles e falar que também morri de saudade!
- Acredite em mim, não queria te machucar, de verdade.
- Não me machucou não, relaxa.
- Não foi nada disso que você está pensando. Eu nunca quis só sexo com você. Tenta me entender... Eu juro.
- Tudo bem, darei um voto de confiança – e assim que termino essas palavras ele pega pela minha mão, delicadamente.
- Me perdoa? – e sua face é penitente, uma criança angelical e pura em sua primeira confissão, pedindo perdão ao padre por ter falado palavrão e implicado com o amiguinho na aula de ciências, ansioso pelo castigo, chibatadas que fossem.
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O Homem do Futuro do Presente
Chick-LitUm homem desconhecido surge repentinamente e afirma que voltou no tempo para reencontrar Amanda exatamente no dia em que se conhecem. No futuro, eles foram namorados, mas algo irá separá-los. Ao mesmo tempo em que se envolve com Marcelo do Futuro...