Capítulo 4 - Ela amará Ele (part.10)

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Num primeiro momento acreditei que era Bianca intervindo novamente, mas não, a mão é dele, masculina, a mão que já tinha me arrebatado algumas vezes. Marcelo está aqui, dentro do camarote, sem nenhum ciúme, raiva, apenas buscando o que é dele, esse sim, com direito verdadeiro, pré-constituído, líquido e certo. De camisa preta, lisa e uma calça jeans clara no caimento perfeito, com a barba por fazer (nunca havia visto-o assim), Marcelo permanece estático, com o braço ofertado, a mão espalmada. Desvencilho-me de Felipe o suficiente para esticar meu braço e encontrar os dedos de Marcelo. O simples mínimo toque já me aquece, há tanto tempo que não nos encostávamos. Paulo desfaz o cercadinho que havia construído a minha volta com seus braços e se vira para olhar o que está acontecendo. Eu imersa no abraço dele, minha cabeça em seu peito, sua mão nos meus cabelos, me afagando.

- Quem é esse cara? – ouço Paulo perguntando para alguém no camarote, já sentindo seu tom de revolta diante do insucesso de seu estupro labial.

Sem que eu pudesse me acomodar ou trocar uma palavra com ele, Paulo intervém, cutucando rispidamente Marcelo.

- Ei, rapá, quem é você?

Marcelo fica em silêncio.

- Qual foi, mermão? Quem te deixou entrar aqui, hein?

Marcelo o encara, impassível, menosprezando suas palavras. Seu silêncio apenas alimenta o recalque de Felipe.

- Não me olha assim não, ô filha da puta.

Marcelo continua inerte.

- Vaza, mete o pé – ele faz o sinal com a mão para Marcelo saísse, como uma vassoura a varrer.

Marcelo, sem tirar os olhos de Paulo, seguro, abaixa a boca até meu ouvido e com os dedos em minha nuca, cochicha:

- Hoje você vai ter uma grande surpresa.

Eu viro o rosto, para que pudesse olhá-lo nos olhos, ele me encara, sorri o meu sorriso e torna a girar minha cabeça para que sua boca fique perpendicular ao pé do ouvido novamente:

- Encontre minha versão do presente, perto do banheiro, daqui a cinco minutos. Vai ser um grande momento. Escuta o que ele tem pra falar... Vai ser lindo, é o nosso grande momento – e me solta, levantando as mãos para o alto. Eu torno a olhá-lo e ele responde apenas assentindo com a cabeça, mudando completamente a postura para a de submissão, e escapando um sorriso que só eu posso ver.

- Já estou saindo, já estou saindo... – ele diz, como um bandido se entregando.

Mas não dá tempo, Felipe já havia chamado os seguranças, mesmo a contragosto de Paulo que percebera que Marcelo era meu "conhecido" e eles o pegam com um mata-leão, levando-o até que eu o perdesse de vista, descendo as escadas, ainda dominado.

- Seu babaca! – eu me viro xingando o Paulo.

- Vaza, sua putinha. Quer fazer pegaçãozinha, sai do meu camarote.

- Tu é um merda mesmo, né. Nem à força você consegue... Cuzão!- assim que termino de xingá-lo, ele me encara com olhos de fúria e dá um passo em minha direção. Imediatamente, Felipe se põe no meio:

- Qual foi, cara? Vai bater em mulher, agora? Tu tá bêbado. Tá perdendo a linha completamente.

- Essa piranha vai vazar agora daqui.

- Se acalma, você tá pagando mico. Tá sem razão total.

As pessoas do camarote todas pararam o que estavam fazendo para observar o barraco que havia se formado, incrédulas.

O Homem do Futuro do PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora