Entre Eles - Capítulo 3

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Bianca esgotada, encharcada de suor, descabelada e vermelha se remexe na cama:

— Meu deus, o que foi isso?

— Fui ao céu e voltei. Puta que pariu. Que gozada maravilhosa.

Os dois ficam levemente afastados, cada um num lado da cama, estatelados, imóveis, olhando para o teto. A respiração acelerada.

— A gente transa muito. Transa não, a gente trepa mesmo. "Trepa", isso, uma coisa bem selvagem, primitiva, animal. Não tem como parar.

— Não tem como. Eu gozo com você como nunca gozei com ninguém. São várias — complementa Bianca.

Marcelo aproxima o corpo, lhe dá um beijinho nos lábios, retira um fio de cabelo dele que grudou na barriga molhada dela e diz:

— Foi delicioso mesmo, adoro ver você gozar assim, desesperada. Os vizinhos devem ter ficado com inveja.

Ela deita em seu ombro, o semblante é de paz. Thiago a envolve com o braço. Ela o observa com ternura durante um tempo, enquanto faz carinho em seu peito. Há, entretanto, algo que ela precisa desabafar:

— Se você fosse tão galinha você seria tudo o que seu sempre quis.

— Eu sou foda mesmo.

— Ok, se não fosse tão galinha e tão metido.

O silêncio governa por dois minutos, enquanto as respirações diminuem a intensidade, até que é quebrado por uma anunciação:

— Eu tive uma ideia brilhante.

— Durante o sexo? Não estava concentrado na gente?

— Não foi durante o sexo. Claro que estava concentrado na gente. A inspiração divina veio antes.

— Então me diga, que inspiração sobrenatural foi essa.

— Acho que você não vai gostar muito.

— Ih, lá vem...

— Calma, é para o bem da minha atuação.

— Diga...

— Que tal — Thiago faz uma pausa demorada — você me apresentar uma amiga aí para eu fingir que vim do futuro e realmente incorporar na vida real o personagem?

— Quê? — responde assustada Bianca, saindo rapidamente do ombro dele e apoiando a cabeça na própria mão, o cotovelo no colchão — Ta de sacanagem né, Marcelo. O que você tá falando?

— Eu preciso treinar o personagem. O diretor tem achado minha performance horrível. Perderei o papel. Eu preciso viver como uma pessoa do futuro, preciso acreditar que viajei no tempo, que estou encontrando realmente com minha namorada do passado. É minha única chance.

— Foda-se o seu personagem, Marcelo. A gente acabou de transar, foi super maneiro, super gostoso e você tá pedindo que eu te apresente uma amiga para poder enganar ela. Sério, é inacreditável. Como você pode ser tão babaca? — Bianca se levanta, veste a calcinha e sai do quarto — Vou pegar uma água.

Marcelo permanece deitado, impassível. Bianca volta após um minuto, com o copo na mão, indignada:

— Sério, ainda não tô acreditando que você me pediu isso.

— Bianquinha, meu amor, qual problema? A gente acabou de falar que nossa relação era diferente, sincera, única. Não entendo o espanto.

— Você é idiota? Não percebe que eu gosto de você? — a voz embarga.

— Percebo, Bianca. Mas nunca te enganei. Joguei limpo desde sempre, nossa relação não mudará de patamar. Eu sei que você mistura as coisas, por isso que, de primeira, neguei o convite de sair, mas a vontade de ficar um pouco com você, desabafar, e dormimos juntos venceu. Vem cá, vem, deita aqui do meu lado.

O Homem do Futuro do PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora