Capítulo 11- Conversa

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"Pássaros presos em gaiolas acreditam que voar seja uma doença."

Narração Vale*

Vejo a mãe dele saindo pela porta da frente, eu estou sentada em um dos últimos bancos dali.

- Até amanhã, - Ela diz sorridente

Eu faço questão de virar o rosto e dar mais esse gostinho a ela.

Luan aparece, havia acabado de sair daquela salinha, ele caminha pelo altar lá na frente e quando me vê vem até mim.

- Não vai ir jantar Valéria?

Nem percebi que já estava escurecendo, tinha muito o que pensar.

- Não Padre estou sem fome.

Faço questão de deixar o "Padre" bem visível.

Ele percebe.

- O que aconteceu?

Sério que ele ainda estava perguntando.

- Nada. Apenas estou sem fome e creio que amanhã será um longo dia.

Ele fica calado mas quando abre a boca para dizer qualquer coisa eu o interrompo.

- Amanhã eu irei embora Padre, pararei de lhe dar problemas, talvez volte para a minha cidade e siga meu destino. - Afirmo porque realmente não tinha para onde ir.

- O quê? Você não pode ir. - Ele rebate.

- Porque está se importando? Você deixou bem claro que não se importa que eu não fique aqui.

Ele fica me olhando.

- Acho que você estava ouvindo minha conversa não estava?

Será que mesmo com raiva dele seria pecado mentir? Ainda mais dentro da igreja?

- Eu não quero mais conversar, vou ir dormir. - Afirmo me levantando dali.

- Não, - Ele segura meu pulso, - Vamos terminar esse assunto,

Eu o olho.

- Eu apenas disse aquilo para ganhar tempo, talvez você ficasse um tempo no hotel mesmo mas até..

- Até o quê? Você se decidir se quer ou não largar a batina? Até se decidir se meu amor é ou não suficiente para sacrificar sua vida de Padre? Até você se decidir se enfrenta ou não sua mãe? Para mim tudo isso é covardia.

Padre SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora