"Orgulho ou Ice Berg?"

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Aprendi muita coisa sobre as prisões nesses últimos dias. A recepção é horrível e você se sente na merda. Fiquei nua na frente de todas as carcereiras para receber um jato de água forte no corpo como primeiro banho. Me senti o próprio fogo sendo apagado por bombeiros e suas terríveis mangueiras. Ok ok isso não soou legal! Em uma semana e você aprende como lidar com todos os tipos de mulheres aqui dentro, existem hierarquias em vários níveis. Existem aquelas que mandam e as que comandam, essas últimas são as chefonas daqui e ninguém peita elas. Simplesmente passam a ordem e as outras repassam pra todas as outras, as que obedecem e as que se rebelam, que no caso nunca tem seguidoras suficiente para começar uma guerra.

Elas são compostas por vários tipos. Por exemplo, umas têm um estereótipo feminino e não são lésbicas, já entram na categoria das entendidas, como é o meu caso. E com o tempo, percebi que não se pode dividir em duas categorias, porque existem vários subtipos: as lésbicas originais, que já era lésbica do lado de fora, lésbica sacola, que é hétero nas ruas, mas na cadeia assume outra identidade de gênero, lésbicas badarosca, sustentada pela parceira, e a chinelinho, que elas dizem que sai da cadeia e abandona o lado lésbico aqui dentro, calça o chinelinho de cristal e vai atrás do príncipe encantado.

Como aprendi isso tudo tão rápido? Por que eu estou há quase duas semanas aqui e parece uma eternidade. Aprendi também que elas vêm para cima e se você for arrogante, elas te botam pra lamber o chão por onde elas passarem. Mas se você der um sorriso e mostrar simpatia, talvez elas lhe entendam. Pelo menos foi assim comigo. Me sento na cama de lençóis amarelos xixi da manhã como a Catrine diz, e respiro fundo fazendo alguns rabiscos de notas musicais no caderninho que ganhei dela.

-Angel Rubyen! Visita. –Olho curiosa para as grades e a policial robusta com bigodinhos estranhos me olha com tédio. –Todas para trás e você um passo a frente.

Todas fazemos como ela mandou e sigo para fora da cela quando as grades se abrem. Sorrio discretamente para a carcereira Catrine. Ela fala inglês e me ajudou aqui dentro quando decidi contar tudo a ela.

-Pronta para mais uma visita?

-Já mandei o Phill embora nas últimas três visitas que ele arriscou me fazer. Não quero ele envolvido nessa história.

-Entendo. Mas não é o Phill Angel. É um outro rapaz.

-Como assim não é o Phill?

Ela dá de ombros e continua me escoltando para o rumo da sala de visitas. Espero que não seja o Lian, eu não quero vê-lo. Estranho mais ainda porque geralmente eu o recebo pela visita conjunta onde nos falamos por telefone e não particularmente.

-Catrine, quem é?

-Pode entrar querida, e descubra por si mesma.

-Valeu!

-Cuidado que posso cortar suas refeições!

-Ah não! Eu adoro o mingau de aveia grudento.

Falo com desespero falso e ela sorri me empurrando para dentro da sala. Passo pela parede escura de vidro e o guarda abre a porta de madeira para mim. Congelo no mesmo instante que meus olhos encontram os olhos do iceberg humano.

-Você!

-Como veio parar aqui?

-Isso não é da sua conta!

-É totalmente da minha conta quando eu já devia ter de deixado em Los Angeles á três dias atrás.

-Ah que legal! E ai por me dar uma carona, você se sente como meu pai.

-Você devia estar no local combinado Angel e te encontro na prisão. Sério?! –Ryan me encara um pouco sem paciência. –Eu tive que contratar pessoas pra te encontrar, e indiquei tantos lugares de paris que você não tem ideia, mas o engraçado é que eu nem se quer pensei que você, a "senhorita certinha", estaria na porra de uma cadeia!

Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora