"Cavalo dado, não se olha os dentes!"

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-Vira! Vira! Vira! Vira! –Todos no balcão do bar, gritam batendo as mãos em algum lugar pra que eu vire o meu sexto copo de chopp com limão e sal. –Aaaeee!

Gritam em comemoração quando completo o ato. Depois de me trancafiar dentro do quarto no hotel hoje, mais cedo, fiz uma chamada de vídeo com a Cay pra colocar o papo em dia e fofocar sobre a nova vida dela. Depois de um bom tempo conversando, tomei um banho demorado e me troquei pra mexer em algumas musicas enquanto esperava pelo Lian. Ele não demorou pra aparecer e me olhar com uma certa apreensão, mas o ignorei e fomos encontrar os outros no bar. Agora aqui estou eu ficando chapada com apenas alguns goles de álcool, porque sou fraca pra bebida. Sorrio mexendo a cabeça e os ombros ainda sentada na banqueta em frente ao balcão enquanto a musica rola solta pelo bar com cara de bistrô. É! Eu sei que corro o risco de cair, mas quem se importaria no meu caso? Estou começando uma nova vida e ainda em Paris! Não! Eu não me importo!

Não ficamos no hotel, fomos para um bar próximo para ficarmos mais a vontade. O lugar é colorido com predominação na cor amarela. Banquetas de madeira clara e uma parede de ladrilhos coloridos com varias bebidas dispostas nela que ficam atrás do balcão. Descobri que o nome do loirinho é Phillipe tipo Capitão Phillips. O tipo que não combina com a cara dele, mas ok. Talvez ele fosse diferente quando era criança e a mãe achou que ele se parecia com Philipe ou até mesmo com o capitão e deu uma leve modificada no nome.

-Você acha que vamos nos dar bem Elizabete?

Pergunto quase gritando pra ela.

-Ah sei lá. –De uma forma descontraída mexendo no canudo da caipirinha, ela da de ombros e parece refletir. –Eu não sei como vamos conseguir isso. É muito baixo o valor que vamos ganhar por cada serviço.

-Mas talvez faremos bastante e ai teremos um bom valor por mês.

-É pode até ser. Tomara que você tenha razão Angel.

-Olha. Estamos em Paris! Isso já parece um bom começo não é?!

-Se você diz....mas talvez não seja tão legal morar debaixo da torre Eiffel.

Ela fala e começa a gargalhar enquanto dou uma risada forçada e meio sem graça. Qual a chance disso acontecer? Tipo...to fodida se isso aqui der errado.

-Aah da onde você é Elizabete?

-Brasil. E pode me chamar de Eliza ou de Bete. Eu gosto de qualquer um dos dois.

Sorrio gentilmente pra ela com a minha vista já cansada pelo álcool no meu corpo.

-Você fala bem em inglês.

-Sim, eu fiz intercambio. Não é a primeira vez que saio do pais.

-E ai gatas! –Phillipe chega por trás despejando os braços nos nossos ombros. Nós duas nos mexemos desconfortáveis até que ele retira o mesmo de cima de nós. –Ah vocês são meio chatas sabia? Mas eu não ligo! Gosto de vocês.

Ele para e observa por um instante e depois volta a falar de novo.

-Como a Sociétés Maxwell achou vocês?

-Participei do concurso de DJs aqui.

-Olha ela! -Elizabeth me olha sorrindo e apóia as costas da mão no queixo. -Eu também, docinho. Mas perdi.

-Bom, eu apenas me anunciei na internet e me chamaram.

Philipe fala sorrindo com sarcasmo nítido. Sorrio e viro mais uma dose, dessa vez de vodka me levantando e vou pro meio da pista dançar um pouco. Incrivelmente bêbada, minha mente divaga em torno da música tocando e a forma que meu corpo vibra ao som. O que minha família pensaria de mim hoje? Com certeza nada de bom, infelizmente. Lian chega de mansinho começa a dançar comigo. Reparo que seus traços são realmente lindos. A mistura de etnias nele é tão bela que chega a ser atraente alem do normal. Fecho os olhos e continuo dançando. A profundidade que o iceberg começa a afundar a minha mente me enlouquece. É entorpecente pensar no Ryan. Ele é o cara mais longe ainda até do impossível para mim. Imagina do possível então! Melhor focar no agora. Abro os olhos e encontro íris mel me olhando de cima a baixo. Talvez uns beijinhos no Lian não seriam tão ruins. Mas se bem que, vamos trabalhar juntos e não quero ninguém no meu pé. Não agora. Sorrio e sigo pro balcão para tomar mais algumas doses.

Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora