"Conhecendo os Pesadelos"

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Dez horas e quarenta minutos dentro do jatinho particular do Ryan. Já dormi, acordei, dormi de novo, acordei, comi, fui no banheiro e nada de chegarmos. Todas às vezes o Ryan estava acordado, concentrado no seu notebook e no seu tablet com uma roupa ainda em estado perfeito, enquanto a minha parece que entrei em um caminhão de lixo e fui prensada de tão amassado que estão meus shorts e minha regata. Todo esse tempo e não demos nenhuma palavra. Ele mal me olha enquanto se concentra no computador ou no tablet e até mesmo no celular. Acho que agora entendo porque o Adam não queria mexer com a Ocornnel's alem do necessário.

-Falta muito pra chegarmos?

Pergunto ansiosa e ele nem desvia olhar da tela para me responder.

-Uns vinte minutos.

-Hum.

Mordo o canto interior da minha bochecha antes de me levantar e seguir para o único quarto que tem no jato. Alem do quarto, ele em um todo é muito aconchegante. As poltronas são super confortáveis de coro na cor creme ficando uma fileira com duas cadeiras lado a lado e outra fileira com cadeiras únicas. Nas que tem duplas, elas ficam posicionadas com uma mesa no meio, formando uma mesa com quatro cadeiras. Luzes de leds ficam no teto nas laterais e os detalhes são em madeira escura com algo que me remete a mármore branco. Tudo muito chique e a cara do Ryan. Alcanço minha mala em cima da enorme cama que provavelmente ele não usa, e pego uma calça jeans mais escura, uma camisa dos Beatles e um suéter branco que cobre o meu pescoço e braços. Infelizmente não tenho uma família compreensiva para entender o meu estilo. Então prefiro evitar a ouvi-los me alfinetar pelas minhas tatuagens...já basta ouvir eles falando do meu cabelo curto. Tiro também minha maquiagem e deixo meu rosto natural.

O piloto avisa que iremos pousar em breve e eu me preparo para voltar ao meu acento e colocar o sinto. Me cento nas fileiras únicas e coloco o sinto de segurança dando uma ultima olhadinha nas nuvens passando bem do nosso lado, tão próximas e tão distantes ao mesmo tempo. Observo de soslaio que o Ryan por alguns segundos desgruda os olhos da tela do computador e me olha despreocupado, mas algo em mim chama a sua atenção porque ele volta pra tela do not e rapidamente volta para mim de novo. Suas sobrancelhas formam um V pela cara confusa que ele cria.

-Você está indo para algum convento ou a terra virou de cabeça para baixo e em pleno verão está nevando em Santa Rosa?

-Nenhum dos dois. Por quê?

-Porque?! Olha essa blusa pegando no seu pescoço! Só de ver eu estou começando a suar.

-Não tem nada de mais nisso. É só....ela é bem fresquinha.

-É estranho! E ela não é fresca Angel, isso é um suéter.

-Enfim...

Ele da de ombros e guarda o notebook na pasta antes de prender o sinto em seu corpo. Infelizmente, não há lugar para pousarmos em Santa rosa, então pousaremos em uma cidade próxima e seguiremos de carro que claro, o Ryan com apenas uma ligaçãozinha, conseguiu que esperassem por ele perto da pista de pouso. Novidade! Não demoramos muito e o pouso começa calmamente, depois algumas sacolejadas e uma pressão estranha no corpo devido à descida. Tiramos o sinto de segurança assim que a porta se abre e um rapaz entra para pegar as nossas malas e levá-las para o carro. A merda do sol esta raiando no céu e sinto uma pizza de suor começando a se formar nas minhas axilas.

-Fresquinha é?

Ryan passa do meu lado falando com deboche e da uma risada irônica seguindo para o carro prata enquanto tento me abanar. Assopro meus seios por dentro da blusa antes de entrar no carro e tentar fingir que está tudo ok. Resisto por quinze minutos com as janelas abertas enquanto o Ryan dirige antes de implorar pelo ar condicionado.

Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora