Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2

"Com certeza sim!"

Não dá pra ficar pior? Dá sim, aff! Antes de entrarmos em casa para pegar as malas e irmos para um hotel descansar, descobrimos o presente do senhor e da senhora Harold. Eles nos deram um cartãozinho com o passaporte para um hotel chique da cidade com apenas uma suíte. Não podíamos dizer não, por isso aceitamos antes de nos trocarmos e seguir ao destino.

Subi as escadas com um pouquinho de dificuldade por causa do vestido, adentrei o meu quarto sem olhar para trás. Olho as paredes rosa com os nichos e alguns livros, coisas que não pretendo mais ver, não pretendo vir aqui quando o casamento acabar e ouvir Agnella dizendo que sempre teve razão sobre mim. Arranco os sapatos e tento abrir o vestido, mas não consigo essa coisa não sai. Olho no espelho tentando achar o fecho e acabo por reparar em mim, nos detalhes, no anel em meu dedo. Eu não ligaria para nada disso, para este vestido lindo ou a festa lá embaixo se eu tivesse o coração do Ryan, se esse anel significasse algo para nós e não para as pessoas. Balanço a cabeça para dispersar os meus pensamentos e tento abrir o vestido falhando novamente.

Bufo estressada e penso em sair para o corredor procurando alguém, mas não vai ter uma alma viva. Todo mundo na festa se divertindo. Da até pra ouvir as crianças gritando lá embaixo. Perco as esperanças e acabo por pedir ajuda para a única pessoa em quem confio agora. Abro a porta meio sem jeito e com vergonha, o observo encostado-se à parede do corredor de frente para mim. As mãos nos bolsos da calça e a cabeça apoiada para trás. Ryan abre os olhos e deixa os lábios em uma linha fina antes de estalá-los.

-É... não consigo tirar isso aqui... –Aponto para o vestido. –Me ajuda?

Ele dá um sorrisinho pequeno de canto sem maldade e um aceno antes de se aproximar da porta. Dou passagem para ele entrar e a fecho. Paro na frente do espelho em sua frente e reparo em seu reflexo, gravata solta em volta do pescoço e a camisa com dois botões abertos. Suspiro derrotada. Ele nunca vai deixar de ficar bonito em qualquer situação para mim.

-Pode abrir.

Ele olha através do espelho e sorri.

-Quer uma musiquinha para o strip-tease?

-Ei! É sério! Eu preciso de ajuda aqui.

Respondo me virando pra ele.

-Ah eu sei, era só pra descontrair... querida.

Ele diz e me gira de volta.

O vestido vai afrouxando no meu corpo e abraço os meus seios segurando o tecido na frente para não cair.

-Ué não vai tirá-lo?

-Quando você sair, eu irei. A propósito, obrigada por me ajudar.

Sorrio e ele dá de ombros quando o seu celular toca.

-Ryan. –Ele atende antes de sair do quarto. –O quê?! –Fico atenta com a sua voz alterada. –Não deixe isso acontecer Sharon! Eu já estou voltando.

-Ryan...

Ele prensa os lábios e não esconde a raiva nos olhos antes de sair e bater a porta. Mais uma merda que provavelmente vai entrar para minha cota!

*

Não esperei pelas pessoas na porta comemorando e jogando arroz na hora que saíssemos. Ryan tenta sorrir mas falha, é evidente no seu olhar o seu humor. Bato a porta do carro me sentando ao seu lado no banco passageiro, ajeito-me e coloco o sinto assim que ele arranca. Minha moto já foi despachada á alguns dias para Los Angeles, então amanhã cedo nós vamos direto para lá também. Graças a Deus não vamos enfrentar às seis horas de viagem hoje com essa cara de bunda dele.

Fazemos o curto trajeto em silêncio absoluto, apenas reparei como ele aperta o volante com raiva e solta umas lufadas de ar algumas vezes. Não demora muito e logo chegamos ao hotel. Descemos e o manobrista leva o carro para o estacionamento enquanto adentramos no hall. Realmente o senhor Harold e a dona Branca não economizaram.