"Corvos ou pássaros azuis?"

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Quero me enterrar de tanta vergonha que estou sentindo. O falso casamento não me dá o direito de fazer algo, mas as coisas que ele me disse e fez me deram o direito de sentir raiva. Não quero olhar para Amélia. Não quero olhar para ele agora. Estou me sentindo burra por ter agido daquela forma. Mas ninguém irá saber desta verdade. Bato na porta do apartamento da Cay ininterruptamente.

-Oi oi! Já estou indo. –Ela abre a porta e lá estou eu com os olhos vermelhos. –Angel?

-Não diga nada!

Falo e me jogo em seus braços. Ela me arrasta para dentro e então me sento no sofá com uma cara de idiota.

-Ok...porque você ta....toda bagaçada?

-Bagaçada?! Não tinha coisa melhor que isso?

-Não! Olha o seu estado Ang!

-Merda!

Exclamo e limpo o rosto com as costas das mãos. Cay vai até a cozinha e pega duas taças e vem até mim.

-Me contaria tudo na presença de um vinho bom e barato?

Sorrio e então dou uma explicação básica e bem, mais bem por cima, mas dou.

-Como é que é? Casada com o Ryan? –Cay arregala tanto os olhos que me preparo para catá-los com a taça caso eles saltem. Balanço a cabeça em afirmativa e ela se levanta. –Eu preciso de algo mais forte que isso.

-Cay! Não exagera vai.

-Filha! Você se casou com o Ryan, como não exagerar?

-Foi por um mal entendido que por enquanto não posso dar detalhes. –Ela faz um biquinho e vira um pouco de destilado garganta a baixo. –Mas a questão não é essa Cay, é que antes de tudo isso acontecer, eu já gostava dele.

-O cara que você disse naquela vez que conversamos quando veio para casa, era ele? –Desvio os olhos dela e bebo um pouquinho da vodka. –Oh nossa!

-Não interessa isso Cay. Eu to chorando porque gosto do filho da mãe e porque eu não podia ter agido como agi. Fui idiota e burra por acreditar.

-E queria ter feito o que Ang? Foi uma reação automática de uma mulher que está apaixonada e que horas antes recebeu um beijo dele. Eu teria feito o mesmo.

Suspiro derrotada e coloco a taça sobre o descanso de copo.

-E o que eu faço agora?

-Nada! Você está presa a ele até tudo acabar. Maaas......

-Mas o que?

Pergunto curiosa, mas com o coração apertado.

-Pode jogar sujo para conquistá-lo.

-De forma alguma! Não vou dar o que ele quer.

Me revolto e me recuso a isto.

-Não isso! Mas chamar a atenção dele. –Franzo a testa um pouco confusa. –O rapaz te notou e ele surtou. Então... faça o mundo notar a esposa do senhor Ocornnel.

-Não. Eu não quero isso Cay. Quero que ele me note de verdade que goste de mim.

-Você pode ser ousada com ele, mas nunca dar o que quer! Então chame a atenção ao ponto dele te notar a onde quer que esteja e desejá-la ao ponto de tê-lo em suas mãos.

-Quando é que você ficou com essas idéias meio esquisitas?

-Desde que aprendi a não ser um capacho de um ser que não é um homem de verdade.

-Mas...mas o Ryan não me faz de capacho. Eu to confusa Cay.

Ela bufa e revira os olhos.

-O Ryan te disse que não se envolve por falta de tempo, é só ele perceber que tempo não é o problema dele Angel! O problema vai ser não ter você.

Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora