"Permita-se ser feliz"

714 63 5
                                    

A professora meio ruiva no meio da sala me deixa enciumada. Estou dando o meu melhor para se controlar. Puxo pela sexta vez o meu rabo de cavalo em menos de uma hora pelo incômodo que minhas mãos sentem de puxar os dela. Esta manhã fomos acordados pelo meu pai para podermos ensaiar. Vesti uma legging preta, regata vermelha com vários mini girassóis desenhado por ela e meus confortáveis all star. Logo que entramos no estúdio de dança, a professora de quadris avantajados, seios grandes e uma silhueta perfeita além dos cabelos ruivos não originais, mas que possuem a tonalidade da cor perfeita, jogada em cascata nas costas mesmo presos por uma presilha no topo de sua cabeça, nos recepcionou com um enorme sorriso de dentes brancos. Ela sorriu para todos, mas notei seu sorrisinho com as piscadas de flerte em seus cílios postiços na direção do Ryan!

Claro que eu não estava irritada por ser Rachel Duncan, a garota perfeita e sonho de qualquer cara no ensino médio que se juntava a minha irmã para rirem de mim em qualquer ocasião. Óbvio que não era isso também. Engulo em seco balançando os braços ao redor do corpo para aquecer os meus músculos. Por que infernos Ryan tinha que estar com aquela calça cinza com duas listras brancas nas laterais? E desnecessário aquela regata preta cavada mostrando os músculos definidos e sua masculinidade perfeita! Não! Não tem nada de necessário nos tênis esportivos que completam seu look e nos fios de cabelos que lhe caem na testa grudando com seu suor que eu lamberia agora mesmo se estivéssemos sozinhos.

As madrinhas da minha irmã parecem aqueles cães de madames passeando a horas no central park em pleno dia de sol forte sem garrafa de água. As línguas só não estão para fora porque não são cadelas de verdade. Angelina dança com tanta graciosidade que eu até digo que um ET invadiu o corpo dela. O queixo altivo, os olhos atenciosos nos movimentos do seu parceiro de dança não condizem com os do Leo. Ele parece mais distraído que o comum, mas presta atenção nos passos da Angelina porque não erra e nem a faz errar. Me afasto um instante para tomar um gole de água da minha garrafinha e me aproximo do Kalel.

-Oi.

Digo.

-E aí fósforo.

-Ei! Você já foi melhor que isso.

-Com certeza já fui.

-Kalel, eu sinto muito por amanhã. Mas se... sei lá sabe! Se precisar de algo, alguma ajuda, qualquer coisa....pode me procurar. Sabe disso.

-Eu sei que posso. –A forma como ele me puxa pelos ombros e me abraça me fazem querer chorar. –Mas não quero que você se envolva com isso.

Como ele não quer que eu me envolva? Olha o seu estado abatido e o brilho nos olhos do garotinho arteiro dentro de um homem, nem se quer existe mais.

-Não me olha com essa cara Angel! Você finalmente voltou para casa e parece que todo mundo está te aceitando do que jeito que é. Não quero que estrague isso!

-Pro inferno todo mundo Kalel! Eu só quero que você seja feliz como eu estou. –É obvio que nem sempre foi assim. Por um segundo, penso em contar sobre a minha situação com Ryan, mas talvez isso só trouxesse mais duvida para ele. –Kalel, se acha que não vai dar certo e vocês não vão ser felizes, eu posso ajudá-lo.

-Ei, a questão não é só essa. Pensa comigo, se eu for embora Lily pode ter de se casar novamente e esse cara pode não estar disposto a esperar por ela. Esperar que esteja pronta para se entregar. Eu sou um homem, e já esta sendo difícil para mim, mas sou capaz de sentir prazer com qualquer mulher e cumprir o meu dever! Mas e ela? Como se entregar a alguém sem sentir nada? Sem estar pronta?

Baixo o olhar entendendo completamente a situação. Ele ira se sacrificar não por dever, mas por entendê-la assim como o Ryan o fez por mim.

-Eu te entendo. Com toda certeza eu te entendo Kalel.

Dedo de Moça "Perigosamente Inocente" •Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora