J a l

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A primeira semana depois de tudo que aconteceu, foram as mais tristes da minha vida. Chorei por todos esses dias. Acordava no dia seguinte, cheia de olheiras e sono, mas se não fosse pelos milagres que Kat fazia com as maquiagens, todos da universidade iam perceber a minha cara de derrota.

Katherine foi a que mais me ajudou em tudo. Ela dormiu essa semana toda em meu quarto, comigo, na minha cama de casal. Eu chorava todas as noites em seu colo, enquanto ela acariciava os meus cabelos, me consolando. A dor que eu sentia era imensa, e eu queria logo que passasse.

Os meninos também me ajudaram. Justin vivia levando doces para mim no quarto, para que eu me sentisse melhor. E eu me sentia, mas depois que eu acabava de comer, toda a tristeza voltava. Daniel e Jacob também tiveram sua parte. Eles sempre me faziam rir e tentavam me animar, e as vezes até funcionava.

Ontem a noite, recebi uma mensagem no direct do Instagram, de um cara chamado Jonathan. Na mensagem, ele enviou uma foto recente dele e de Adam (Eu sabia que era recente, porque a roupa e a sua expressão triste não mentiam). Quando vi a foto, meu coração acelerou e um sorriso logo se fez em meus lábios. Adam estava sorrindo na foto, mas seus olhos estavam fundos e vermelhos. O tal Jonathan disse que Adam foi proibido pelos seus pais de manter qualquer contato com alguém daqui da Mon'Art. Disse também, que eles foram naquela mesma noite para a Coréia, e que Adam descobriu ser adotado.

Adotado?

Isso também me deixou mal. Eu me senti mal por ele. Imagine só, você viver a sua vida com pais extremamentes ruins com você, e no final você descobrir ser adotado. Bom, eu ficaria feliz de não ser filha daqueles dois, pois pelo jeito que eles me trataram, todas as coisas positivas que eu achava sobre eles foram embora. Sem contar de sua avó que está com câncer. Seok ama muito os avós dele, e não iria os abandonar nunca. Eu o entendo, por isso não o culpo por ter me deixado.

...

Hoje é segunda e estou nas aulas de violino. O professor havia percebido na semana anterior, o meu desânimo.

- Já está melhor, querida? - ele pergunta assim que me vê.

- Sim. Obrigada por perguntar. - sorrio e tiro o meu violino da capa.

- Sei que está abalada pela saída repentina do aluno Adam, mas isso não pode interferir nas aulas, okay?

Concordo com a cabeça. Ele estava certo. Eu ia melhorar. Não traria os problemas para dentro da sala de aulas.

- Okay, professor. Vou melhorar. - sorrio fraco.

- E se não melhorar, tente usar isso a seu favor. Use a tristeza, pegue todo o sentimento que está sentindo e traga-o para a música. - ele põe a mão em meu ombro. - Aliás, tive uma idéia.

O olho sem entender. Sempre que o professor alegava ter uma idéia, era uma tarefa envolvendo apresentações para todo mundo da sala. Eu não era muito boa em apresentações em público, mas se eu quiser ser alguém na vida, eu tenho que perder esse medo de palco.

- Alunos. - diz ele, chamando a atenção de todos. - Tenho um trabalho que valerá a metade da nota do mês. Vocês usarão todas as técnicas ensinadas até a aula de hoje, e criarão o seu próprio arranjo musical. Será uma composição da autoria de vocês, e, na próxima segunda feira, vocês irão apresentar na sala. Usem tudo o que aprenderam. E também, envolvam sentimentos. Coloquem o que estão sentindo nessa música. Quero que vocês saiam dessa universidade, preparados para tudo. Quero que sejam os melhores violinistas do mundo. Quero vocês nas melhores orquestras, nas melhores apresentações, nos melhores teatros, cantando com os melhores cantores.

Todos sorriam animados e eu só pensava em uma coisa: eu não ia conseguir fazer uma música em uma semana, no estado que estou agora.

O resto da aula ocorreu normalmente. Aprendemos algumas técnicas novas, tocamos umas músicas novas, melhoramos alguns defeitos e o sinal toca, indicando o final da aula. Todos saem da sala e eu fico, guardando o meu violino. O professor estava também, organizando as partituras em sua pasta.

Be just mine || [PORTUGUÊS-BR] - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora