O jantar

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Terminei de preparar a comida e fiquei indecisa se levava a comida para jantar com ele no quarto ou se levava a comida para ele e depois fazia minha refeição só, como de costume. Resolvi levar só para ele. De uma coisa estava certa, precisava conversar com o meu hóspede.
Entrei com a bandeja e ele estava sentado na cama com o olhar perdido olhando a paisagem pela janela. O tempo estava agradável e uma chuva fina molhava a relva e as flores perfumando todo o ambiente. Esse aroma campestre me encantou desde a primeira vez que vim aqui.
Com a bandeja nas mãos pigarreei e ele me olhou, seus olhos são de uma cor azul acinzentada que é penetrante.
- Lhe trouxe o jantar e vim conversar um pouco com você, isso se você estiver se sentindo bem pra conversar.
- obrigado Ana. Quero conversar sim.
Entreguei a bandeja pra ele que começou a comer tudo rapidinho.
- E você não vai jantar? Me perguntou após a segunda colherada da sopa.
- oh! Não. Agora estou sem fome. Mais tarde quem sabe.
- só continuarei comendo se você for agora buscar seu jantar e comer também. Caso contrário não quero mais. Falou empurrando um pouco o prato.
- Tudo bem, vou pegar um pouco pra mim e já volto.
Minutos depois voltei com uma pequena tigela de sopa. Comemos em silêncio e quando terminamos recolhi tudo e levei pra cozinha.
Voltei para o quarto e sentei na poltrona próxima a janela.
- conseguiu lembrar de alguma coisa? Perguntei na esperança de que ele tivesse recobrado a memória.
- Não Ana. As únicas coisas que lembro são as que aconteceram depois que acordei.
- Você tem pelo menos noção de onde está?. Perguntei na esperança de alguma recordação.
- Não. Respondeu.
- Você está no Brasil, mais precisamente em uma chácara no interior. A cidade mais próxima fica a 50 km e é uma cidadezinha de menos de cinco mil habitantes.
- no Brasil?. Perguntou pensativo.
- Sim no Brasil. Respondi. - E pelo seu sotaque você é norte americano.
- Não faço a menor ideia de quem eu sou ou de onde sou. Falou fazendo esforço para se virar e gemendo com a dor.
- Você vai lembrar, é só uma questão de tempo. Provavelmente você está tendo uma amnésia temporária por causa do edema em sua cabeça.
Ele nada respondeu. Ficou em silêncio por alguns minutos e depois disse:
- Me fale de você Ana.
- Não há nada pra falar de mim.
Ele apenas me olhou como que aguardando que eu continuasse. Resolvi esclarecer alguns pontos dos seus ferimentos e recuperação. Eu não precisaria falar de mim e ficaria na minha zona de conforto.
- Bem, a única coisa que precisa saber no momento é que sou médica e vou cuidar de você. Falei decidida.
- Você está com duas costelas fraturadas, mas não há sinal de fratura exposta. Está com um grande edema na cabeça e muitas escoriações. É possível que não haja danos maiores e que sua amnésia seja provocada pelo inchaço, isso só vamos saber com o tempo.
Comprei as medicações de que precisa e vou observa-lo até amanhã. Caso apresente algum agravamento no quadro te levarei ao hospital.
- Não faça isso Ana por favor! Estou sem memória, mas de uma coisa tenho certeza. Alguém tentou me matar, e se tentou uma vez pode tentar de novo. Faça o que for preciso aqui. Não me leve a lugar nenhum e se eu morrer não conte a ninguém.
- Isso é um absurdo. Como posso fazer algo assim? Vou fazer qualquer coisa pra te salvar. Falei seria.
- faça o que puder, porém não me tire daqui.
Para não seguir com essa conversa longa e entediante resolvi ceder e concordei com ele.
peguei os medicamentos e dei pra ele a dosagem correta de cada um.
- agora precisamos arranjar um nome pra você, pois já que não lembra o seu nome verdadeiro temos que improvisar um nome.
- que tal Bruno? Perguntei.
- Não sei se gosto, falou distraído.
- E Carlos o que acha?
- gostei.
- pronto! Temporariamente você vai se chamar Carlos.
Expliquei pra ele a dimensão dos ferimentos e avisei que não o levei O hospital porque no exame clínico ele não apresentou necessidade disso.
Depois de tudo resolvido resolvi deixa- lo descansar .
Avisei que me chamasse caso precisasse . É levante para sair. Ao me aproximar da porta ele me chamou.
- Ana!
Virei e olhei pra ele, seus olhos estava brilhando.
- obrigada por cuidar de mim. Um completo estranho, ferido e te dando o maior trabalho.
- Não é trabalho nenhum não se preocupe. Respondi saindo do quarto.
Tomei um banho rápido e fui dormir.
Precisava pensar no que iria fazer com meu hóspede.

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