Nós

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Depois que jantamos fui para o meu quarto e o Carlos, quer dizer Christian foi para o dele.
Combinamos esperar pra ver se ele recupera a memória antes de aparecer para a polícia. Ele não quer que eu corra o risco se ser acusada de sequestro. Mas quem acreditaria estando ele sem memória?
Fiquei pensando nessa e em muitas questões, no fundo eu sabia que meu coração já havia se aberto pra ele. Eu sei o quanto lutei pra não me envolver com ele.
Conversávamos apenas trivialidades, isso para mim era um mecanismo de defesa, se eu não me abrisse não ficaria vulnerável. Mas nem isso foi o bastante pra evitar esse sentimento avassalador que crescia dentro de mim a cada dia.
Essa noite foi a prova disso, pois no momento em que li aquela reportagem eu senti que nossos dias estavam contados e esse foi o principal motivo das minhas lágrimas.
Já não podia imaginar uma vida sem Christian Grey,  sem sua voz linda e sexy, sem seus braços fortes, sem seu cheiro...
Passei a noite em claro pensando em como seriam nossos dias daqui pra frente após essa revelação. Decidi chama-lo de Christian, talvez com isso ele recuperasse a memória mais rapidamente. Sinto que quanto mais tempo ele demorar aqui, mais sofrerei  no momento de sua partida.
Quando o dia começou a raiar levantei, fui ao banheiro, tomei um bom banho quente e fui pra cozinha fazer meu chá.
Me assustei quando o vi sentado em uma das poltronas da sala.
- oi, você está bem? Está sentindo alguma coisa? Alguma dor? Perguntei preocupada.
- Não. Respondeu. - Apenas não consegui dormir. A ideia de lembrar quem sou e depois te deixar me atormenta.
- Você não vai me deixar. Respondi num impulso. - só se você quiser.
- Como não Ana? Mesmo que eu vá apenas resolver minha vida por lá e depois volte. Em algum momento ficaremos separados e isso tá acabando comigo.
- Eu vou com você. Isso se você quiser. - falei decidida.
Não sei se seria uma boa ideia mais tenho certeza de que eu queria estar com ele e para mim bastava.
- Você faria isso por mim? Por nós?
- Claro que sim. Eu faria isso e muito mais. Só peço que me mantenha no anonimato.
- Não se preocupe quanto a isso. Agora posso te abraçar? Preciso disso mais do que de qualquer remédio. Você é meu remédio Ana, não importa quem eu sou, eu sinto no fundo da minha alma que minha vida só é completa com você.
Não pude evitar e comecei a chorar novamente. Ele falava assim porque estava sem memória, mas algo me dizia que quando ele a recuperasse lembraria do amor por sua esposa e eu ficaria aqui infeliz mais uma vez. Resolvi deixar que as coisas seguissem seu rumo, deixar ver até onde o destino nos levaria.
- pensei que devo te chamar pelo seu verdadeiro nome, se não se importa? Creio que te ajudará a se recuperar mais rápido.
- Tudo bem. Falou.
- Christian é um belo nome. Eu gostei.
- Não é nada mal, principalmente quando dito por você. Falou me deixando corada.
-Vou preparar o nosso café da manhã. Disse e sai para a cozinha. Eu tinha que ser forte ou esse homem me levaria a loucura.
Depois do nosso café fomos aos trabalhos. Christian me ajudou a colher as frutas, regar a horta e começar novas plantações.
- Você sempre fez esse trabalho sozinha? Perguntou num tom preocupado.
- Sim, sempre. Desde que me mudei para cá tenho ocupado todo o meu tempo em cuidar de tudo isso aqui. Sabe, pra mim é uma terapia, tem me ajudado a lidar com dias difíceis. Muitas vezes trabalhei até o extremo da exaustão, só assim eu conseguia dormir e esquecer um pouco os problemas que a vida me trouxe.
- Eu posso saber quais problemas? Perguntou me olhando atentamente.
- Um dia quem sabe eu te conto.
Terminamos tudo antes do almoço. Preparei nossa comida enquanto Christian tomava banho. Depois que tomei banho almoçamos e passamos a tarde em uma rede na Varanda. Não tocamos mais no assunto "Nós", conversamos sobre plantações, tipos de flores e rosas, sobre a cidade e seus habitantes, enfim, tivemos momentos agradáveis na companhia um do outro.
Desde que Christian passou a me ajudar o serviço foi realizado em menos tempo, e, sempre nos sobrava tempo para curtir a presença um  do  outro.
Mesmo estando mais feliz a cada dia. Eu via isso como uma aproximação eminente da despedida, por isso chorava baixinho quase todas as noites pensando no momento em que ele não seria mais meu...

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