Capítulo 14 - Outra vez Só

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Ana 

Acordei às três da manhã. O lado vazio de Christian na cama fez minhas lágrimas voltarem com força total. Tomei banho e fiz meu chá. Arrumei tudo no carro e saí pra feira. Como era de costume vendi tudo antes do almoço. Coloquei os caixotes rapidamente no meu carro. Queria voltar pra casa e me entregar a minha dor.

- Ana minha filha o que houve? – padre Murilo pergunta se aproximando de mim.

- Nada padre, eu estou bem, é só um resfriado. – respondi sentindo as lágrimas querendo voltar.

- Desculpe filha mais eu te conheço bem. Você está do mesmo jeito que quando chegou aqui, ou pior. Vamos almoçar lá em casa e se você quiser falar sabe que ouvirei.

- fui com ele porque precisava desse amparo que só ele e dona Josefa poderiam me dá.

Contei pra ele tudo sobre Christian. Claro que em confissão, dessa forma ninguém poderia saber além de nós dois. Falei de como o encontrei, da perda de memória e desses quase três  meses que vivemos juntos.

- E você se apaixonou por ele? – perguntou mais afirmando que propriamente perguntando.

- Sim padre. Me apaixonei e deixei esse amor tomar conta de mim. Meu amor por ele é tão grande e forte que chega a doer.

- entendo filha. Mas ele é casado não é verdade?

- sim padre e voltou pra sua família e esposa. Ele prometeu voltar, mas não tenho muita fé nisso.

- sinto muito por você filha.

Terminamos nossa conversa e fui pra igreja rezar um pouco. Logo depois fui pra casa. Quando cheguei as lágrimas me tomaram com força total. Ele não estava me esperando com um jantar delicioso e uma noite de amor perfeita.

Descarreguei o caminhão e quando ia tomar banho ele ligou. Conversamos por mais de uma hora e depois adormeci chorando mais.

15 dias depois...

As duas semanas seguintes passaram numa rotina desoladora. Eu acordava e chorava, trabalhava e chorava, fava com ele à noite e chorava mais. Ele me falou que estava resolvendo tudo e que logo voltaria. Na semana seguinte, mais precisamente na quarta feira, acordei enjoada e vomitei muito. Achei que fosse um mal estar passageiro.

Conversamos de novo a noite, porém omiti isso dele. Ele poderia se precipitar e vir voando pra cá, ou não.

No domingo seguinte  fui pra feira meio indisposta. Os cheiros misturados me enjoaram outra vez e tive que tomar um remédio. Quando terminei tudo e já ia pra casa paroquial fazer minha visita semanal me deparei com uma revista e a manchete estampada na capa com uma foto de Christian e Leila.

" O MAGNATA CHRISTIAN GREY VOLTOU DAS CINZAS E ESTÁ MAIS FELIZ QUE NUNCA ESPERANDO SEU PRIMEIRO HERDEIRO".

Vi o mundo todo rodar e a única coisa que ouvi antes de cair foi o grito do padre Murilo.

Acordei em um quarto todo branco. Olhei em volta e o padre estava sentado em um sofá com dona Josefa.

- o que aconteceu? – perguntei.

- você desmaiou filha. – o padre respondeu. – E te trouxemos para o hospital.

Lembrei na hora da manchete na revista e comecei a chorar. O padre e dona Josefa me abraçaram e deixaram que chorasse até me acalmar.

- você terá que ser forte Ana. Agora não se trata só de você e seu amor por esse homem. Você está grávida. – padre Murilo fala de uma vez.

- como grávida? Padre. Eu tomo injeção todos os meses. Espera! Na semana que Christian chegou eu não fui pra feira e tomei a injeção atrasada na semana seguinte. Isso deve ter atrapalhado meu ciclo. O que eu vou fazer agora padre? – perguntei chorando.

- você vai ter esse bebê e vamos te ajudar em tudo. Dona Josefa e eu somos sua família. Depois você conta pra ele e resolvem como vai ser.

- Não padre. Não contarei nada pra ele. Sua esposa está grávida também e ele deve ficar com ela. – falei decidida com as lágrimas caindo cada vez mais.

O padre apenas meneou a cabeça em concordância. O médico veio e me deu algumas orientações que eu já sabia porque também sou médica. Fui pra casa e me permiti chorar por toda aquela noite. No dia seguinte seriamos só nós dois. Meu bebê e eu. Olhei o celular e vi mais de vinte ligações dele. Eu tinha que ir embora dali, sabia que ele viria atrás de mim quando eu não atendesse mais e eu não queria ser a responsável pela destruição de um casamento e de um filho viver sem pai, mesmo que o meu fosse passar por isso. Quebrei o chip e adormeci.

Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora