Christian
Passou mais uma semana e Ana naquela maldita delegacia. Eu ficava lá o tempo todo, entrava pra ficar com ela nas horas de visita e depois sentava na recepção. Ela me convenceu a ir pra casa a noite e acatei seu pedido, não adiantava ficar lá sentado sem poder fazer nada. Graças a Deus o delegado Jack conseguiu reunir todas as provas e montar o quebra cabeça do meu sequestro. Leila foi realmente a mandante e já estava sendo indiciada por isso. O caseiro contratado por Léo depôs afirmando ter entregue as chaves da casa a ela. O rapaz que foi preso reconheceu ela como a mulher que lhe entregava os bilhetes no shopping e as câmeras de segurança do local confirmaram. Agora era só esperar o juiz assinar o habeas corpus e trazer minha mulher e meu filho pra casa. Ana teria uma surpresa ao ver nossa casa pronta e o quarto do nosso filho decorado do jeito que ela escolheu.
O resultado dos dois exames de DNA saiu. O filho de Leila não era meu, como eu afirmei desde sempre. Yan era meu filho e eu fiz questão de atirar os resultados no meu pai pra ele ver o quanto eu estava indignado por tudo que causou a nós. Falei pra ele que ia tirar minha mulher da cadeia e que iria com ela pra nossa casa nova, porém deixei claro que ele não era bem vindo, pelo menos enquanto Ana estiver com complicações da gravidez. Pode parecer maldade minha, afinal ele é meu pai, porém tenho que pensar no bem estar do meu filho, e além do mais, eu ainda estou magoado com ele por tudo que fez a Ana passar.
Léo me disse que os pais dele ficaram indignados com a atitude da filha e que não querem saber de nada dela. O tal de Paul a abandonou também, ele afirmou não saber que ela estava metida em tanta sujeirada e duvidou que fosse pai do filho dela, pois o mesmo tinha feito vasectomia há anos. Deixou o bebê por conta do Léo e como Leila não podia ficar com um bebê na prisão ele o adotaria com sua esposa, desde que ela passasse a guarda total pra eles. Caso contrário ele iria pra adoção. Saímos pra delegacia bem cedo, Léo já estava lá com o habeas corpus e finalmente Ana teria sua liberdade de volta.
Quando chegamos vi uma agitação na porta da delegacia. Além dos repórteres havia uma ambulância e muitas pessoas entrando e saindo. A única coisa que pude pensar foi em Ana e no meu filho. Saltei do carro antes mesmo dele parar por completo e corri para dentro. Jack me segurou junto com mais dois guardas.
- Christian calma ela vai ficar bem. – ele falava me segurando.
- eu quero ver a minha mulher. O que aconteceu com ela? – gritei exasperado.
- a pressão subiu muito e ela começou a perder sangue, a doutora chamou uma ambulância e agora estão estabilizando ela pra leva-la ao hospital. Tudo indica que ela vai ter o bebê antes da hora. – ele diz e já não seguro o choro.
- me deixa ver ela pelo amor de Deus. – falo tentando me soltar.
- eles já estão vindo. – ele diz e olho pra o corredor vendo Ana desacordada sendo carregada em uma maca. Meu mundo se acaba ali naquele momento. - Eu não posso perder eles, não posso...
- Christian você precisa me acompanhar pra assinar tudo. Ela está com um quadro de pré-eclâmpsia e temos que agir rápido ou perderemos ela e o bebê. – a doutora fala me tirando do transe de dor em que me encontro.
Corro com Taylor pra o hospital. Ele já tinha avisado a minha mãe, a Kate e a Mia. Assinei um monte de papéis e depois fui me trocar pra acompanhar o parto. Apesar de Ana ter sonhado com o parto normal, nosso filho nasceria de uma cesariana. Tudo pronto fomos eu e minha mãe pra sala de parto. Ela cuidaria do meu filho junto com outra pediatra, parecia que ele estava em sofrimento fetal e precisaria de cuidados especiais assim que nascesse.
A doutora Helena entrou e viu que Ana já estava preparada. Ela iniciou a cirurgia e menos de vinte minutos depois ouvi o choro do meu filho ecoando na sala. Ele era um menino enorme, pesou mais de quatro quilos e era lindo. Os cabelos eram meus e os olhos azuis expressivos como os de Ana. Minha mãe saiu com ele rapidamente depois que me mostrou e eu fiquei acariciando o rosto de Ana e beijei seus lábios.
De repente as maquinas começaram a apitar e eu só lembro de ver muito sangue. Dois enfermeiros me arrastaram para fora e a doutora Helena pedindo algumas coisas pra os outros profissionais. Sai de lá louco, minha mulher estava morrendo e não podia fazer nada pra impedir. Me troquei novamente e voltei pra sala de espera onde estavam Mia, Kate, Eliot e agora os pais de Ana e meu pai sentado em um canto da sala. Os pais de Ana me abraçaram e disseram pra eu ter fé porque ela é forte e vai sair dessa. Fiquei surpreso deles não terem ódio de mim depois de tudo que ela passou, e ainda está passando, por minha causa.
Umas duas horas depois minha mãe entra já tomada banho e me abraça chorando, na hora penso que meu filho não resistiu a tudo isso. Ele passou a semana inteira tão agitado na barriga de Ana. Ele era tão pequeno pra suportar tanta pressão. Eu não podia perder meu bebê. Abracei mais minha mãe e pedi pra ela me falar logo o que aconteceu com meu filho.
- Ah meu filho ele é lindo. Parece com você, mas com os olhos de Ana. Tive que seda-lo e ele está na UTI neonatal, mas vai ficar bem. O quadro está estável, ele apresentou um pouco de taquicardia e saturação baixa ao nascer, porem conseguimos controlar. Agora é esperar pra ver como ele vai reagir. As primeiras 48 horas são cruciais. Depois farei mais alguns exames, no entanto, me parece que foi apenas um desconforto causado pelo pré-eclâmpsia de Ana.
Mia, Kate e Eliot me abraçam chorando e dizendo que vai ficar tudo bem. Meus sogros também me dizem o mesmo, eles têm muita fé em Deus, é visível isso. Meu pai se aproxima e diz que tudo dará certo.
- pai se eu perder minha mulher e meu filho, nunca mais olho pra o senhor enquanto eu viver. – digo sério e ele nada responde se afastando e indo sentar com a minha mãe.
A minha mulher. Deus não permita que ela morra. Eu não suportaria uma vida sem Ana. Ela me ensinou a viver e a amar, sem ela eu não sou nada. Com ela eu descobri que o amor é capaz de qualquer coisa, que a pessoa quando ama não precisa de grandes feitos pra mostrar que ama, pois o amor se constrói nos pequenos gestos. Aprendi que amar não significa estar vinte e quatro horas por dia colado no outro, e sim, fazer de cada segundo perto uma imensidão de amor como se fossem vinte e quatro horas. Ana me mostrou que não importa como seja o meu dia, voltar pra casa e saber que vou estar nos seus braços é a melhor coisa do mundo porque não existe outro lugar onde eu queira estar. Ela me fez entender que amar é bem mais, é doar mais, é ser mais... eu não posso viver sem ela.
Deixo meus pensamentos com a voz da doutora Helena me chamando. Olho para ela e vejo que sua cara não é das melhores. Noto que estava chorando e meu mundo se acaba nesse momento.
Mais um genteeeeeeeeeeeeeeee!
Emoção à flor da pele. Chorei muito escrevendo!
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Depois do Fim
Fanfiction"Ana traçou pra si um caminho, mas não contava com o que o destino reservou para ela. Quando está determinado a acontecer não há onde possamos nos esconder..." Ana descobrirá isso nessa envolvente história!