29 - Sem saída

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Leia ouvindo a música

Ana

O dia seguinte chegou com força total na minha vida. Os advogados de Christian vieram falar comigo bem cedo e contei de novo a mesma história pra eles. Eles ficaram de procurar o senhor Benjamim pra ver o contrato da chácara no qual paguei quase metade do dinheiro que saquei. Ficaram de visitar os hotéis onde fiz entrega e até o padre Murilo eles queriam que viesse depor a meu favor.

Por volta do meio dia o delegado Jack Hyde entrou no quarto e me disse que eu iria para a cela que ele mandou preparar pra mim. Na verdade ele mandou preparar um quarto completo. Havia uma cama confortável, uma escrivaninha, uma poltrona e uma pequena cômoda para minhas roupas. O banheiro era pequeno, porém limpo e organizado. Não parecia em nada com uma cela de delegacia. Ele me esclareceu que aquela cela era o antigo quarto dos policiais, contudo era pequeno, então fizeram outro maior e desativaram aquele em que estava agora.

- Senhor Jack quem mandou por isso tudo aqui, foi Christian que mandou arrumar o quarto assim? – perguntei achando que fosse ele que estivesse preocupado comigo.

- Não Ana. Seu namorado não tem nada haver com isso. Fui eu que quis preparar o quarto pra você. Afinal você está grávida e não vou te enganar, não há previsão de você sair daqui. Tudo depende de encontrarmos esse rapaz.

- Ah Ana! Me chame apenas de Jack, afinal não sou nenhum velho barrigudo pra ser chamado de senhor. – ele fala e ri pra mim.

- Tudo bem Jack. – respondo sorrindo do seu comentário.

O delegado foi embora e eu tomei meu remédio deitando em seguida. Kate veio me ver na hora do almoço e trouxe frutas, bolachas e água.

- Kate pra que tudo isso? – perguntei olhando ela guardar as coisas em uma das gavetas da cômoda.

- o Delegado Jack me disse que podia trazer algumas coisas pra ficar aqui para o caso de você sentir fome. Ele é bem simpático e está disposto a provar que não foi você. Ele disse que tem certeza que estão armando pra você. Perguntei como ele sabe disso e, ele me respondeu que anjos não comentem crimes.

Sorri com o que Kate me falou e fiquei pensando no comentário de Jack. Pelo menos alguém acreditava em mim. No fundo eu estava triste com Christian. O dia passou e ele não veio me ver. O delegado Jack me autorizou uma ligação, liguei várias vezes e ele não atendeu.

A semana passou morosamente, passava os dias naquela cela chorando e pensando em tudo isso. Cheguei à conclusão que Christian acreditou em tudo o que falaram porque ele não apareceu e nem atendeu ao telefone em nenhum momento. Kate veio todos os dias, porém não falou nada sobre ele nem sobre sua família. O delegado passava aqui pela manhã quando chegava e à noite antes de ir embora, sempre perguntando de mim e do meu filho.

Já faz um mês que estou nessa delegacia. Se não fosse a amizade de Kate e de Jack eu não teria suportado. A doutora Helena veio fazer meu pré-natal e disse que tinha um pedido de DNA do meu filho pra ela autorizar. Como minha médica ela tinha o poder de negar esse pedido se fosse da minha vontade. Meu mundo desabou naquele momento, como Christian podia ter me virado as costas desse jeito. Além de me abandonar ele estava duvidando do nosso filho, do filho que ele disse amar tanto. Não contive as lágrimas e a doutora me amparou dizendo que não autorizaria o exame.

- Não faça isso doutora. Autorize o exame e peça o mais rápido possível. Eu não tenho nada a esconder e vou provar isso, vou fazer tudo por mim e por meu filho. Agora mais do que nunca eu vou sair dessa e voltar pra o Brasil com meu bebê, pra onde jamais deveria ter saído.

A doutora me contou que também prestou depoimento e que o delegado disse não ser relevante tendo em vista que nos conhecemos depois de todo o sequestro. Ela me falou que iria comigo a uma clinica no dia seguinte colher o exame, depois se despediu e foi embora.

Mais tarde o delegado Jack veio até a cela me explicar como seria o esquema para minha segurança e do meu bebê.

- Ana teremos que sair cedo. Vou dormir aqui na delegacia para evitar atrasos. Isso aqui tá uma loucura. A mídia descobriu que você tá presa e estão acampados aqui na frente a mais de duas semanas. Iremos em três carros. Um na frente com quatro policiais, outro onde irei eu, você, Marcos e Júlio, os dois responsáveis por sua segurança aqui na porta e Marcone o motorista. Atrás irá outro carro com mais cinco dos meus homens de confiança. Lá na clinica estarão seus advogados, eu, sua médica, marcos e Júlio na sala de coleta com você. Além de te proteger serviremos de testemunha na veracidade do procedimento de coleta. Quando terminar voltaremos pra cá.

- Tudo bem Jack. Eu não vou tentar fugir se é isso que te preocupa. Só quero te pedir uma coisa?

- eu não achei que fosse fugir Ana. Pode não parecer mais é sua segurança e do seu bebê que me preocupa. Mais fala o que quer me pedir?

- Que eu não cruze com Christian nessa clínica. Não quero vê-lo nem lá, nem aqui e nem em lugar nenhum. Quero também assinar um termo proibindo que me visite aqui ou onde quer que seja. Ele só terá contato com nosso filho, isso se ele quiser.

- Tá bem Ana. Eu vou pedir a assistente social pra preparar o termo pra você assinar. E Ana, eu estou aqui pra você e por você. Qualquer coisa fala comigo. Você e seu filho são prioridades pra mim. – Ele diz, passa a mão no meu cabelo e sai.

Meia hora depois uma senhora entre e me entrega o termo. Eu leio e assino. Ela diz que vai entregar um a Christian na manhã seguinte na clinica.

No dia seguinte levantei cedo, fiz minha higiene, vesti um vestido soltinho florido que Kate comprou pra mim. Eu estava de quase sete meses e minha barriga já estava bem grande. Saímos na comitiva que Jack preparou e rapidamente chegamos na tal clinica. Um médico simpático me explicou o procedimento. Eles tirariam liquido do cordão umbilical do meu filho pra fazer o DNA. Fiquei preocupada que fizesse mal ao bebê, mas doutora Helena me tranquilizou. Tiveram que colher três vezes, pois pelo que parece Christian tinha pedido que fosse feito três exames. Ele duvidava mesmo de mim. Isso me deixou mais triste ainda.

Quando terminamos me dirigi à saída com Jack e a doutora Helena. Ouvi quando ele gritou por mim e quis se aproximar, mas os policiais não permitiram. Ele estava mais magro e bem abatido. Eu também estava. A diferença é que ele estava livre e eu não duvidava dele.

- Ana meu amor, me escuta deixa eu falar com você. – os policiais o seguravam mais. – Eu vou falar com você custe o que custar, nem que eu tenha que morrer pra isso. – ele gritava mais. – a assistente social entregou o papel pra ele e o mesmo ficou uma fera.

- Essa porra de papel não vai me impedir de falar com a minha mulher. Ele gritou pra ela e seu pai se aproximou dele.

O delegado pegou minha mão e me puxou pra viatura. Quando fui entrando ouvi ele gritar mais.

- Ela é minha mulher. Olha o que o senhor fez. Ela agora me entregou uma porra de papel dizendo que não posso falar com ela. – ele gritou com seu pai.

Entrei na viatura e fui embora para a minha cela. Meu lar e do meu filho não sei por quanto tempo. Chegando na delegacia descarreguei todo o peso dessa manhã horrível nas lágrimas. Doutora veio me ver com Kate e me deu um calmante. Jack estava preocupado e autorizou ela ficar comigo o dia todo. Só hoje vi o quanto a ausência de Christian me machucou mais do que a prisão, mais do que as palavras do pai dele, mais do que muitas coisas que sofri até hoje. Tomei a decisão de que essas seriam as ultimas lágrimas que derramaria por ele. Aprendi a lição da pior maneira possível.


NÃO ME MATEM!!!!!!!!!

Espero que gostem e cometem, deixem suas estrelinhas.

Os desencontros ainda vão continuar.

bjs no coração de vocês!

Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora